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Um passarinho verde me contou que vocês vão amar esse capítulo!

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Alfonso



"Minha vez," Annie falou, quase arrancando o cigarro da minha boca e dando um longo trago como a expert que ela era. Fumávamos na sacada do meu quarto, eu sentado numa cadeira de ferro antiga e ela no meu colo, seu novo lugar favorito—palavras dela, não minhas.

Admirávamos as luzes amarelas das janelas dos prédios da vizinhança e a brisa fresca da madrugada madrilenha. Anahí vestia apenas uma velha camiseta branca minha e eu um samba-canção qualquer que puxei da gaveta. Os cabelos dela estavam presos num coque bagunçado com uma caneta bic aleatória que rolava pela gaveta da mesinha de cabeceira.

Aspirei o cheiro dela, plantando um beijo na curva de seu pescoço. Organza, shampoo e sexo—muito sexo. O melhor sexo. Eram quase quatro da manhã e não conseguíamos dormir. Em parte porque tínhamos um medo irracional de que a magia e toda a leveza pudesse simplesmente acabar, e outra parte porque a noite estava quente demais. Então decidimos ficar ali, abraçadinhos na nossa bolha, vendo a enorme lua minguante e as estrelas brilhando no céu.

Annie deu mais um trago e em seguida me passou o cigarro.

Eu traguei fundo e soltei, sentindo que não havia melhor momento que aquele para abordar o assunto:

"Sabe o que eu percebi hoje?" Perguntei.

"Que eu não uso mais silicone?"

Não pude evitar um pequeno sorriso. Isso havia sido explorado e comprovado com afinco horas atrás na cama.

"Além disso."

"Que eu sou a mulher mais gostosa que você já comeu na vida?"

"Hmmm, será?" Falei brincando e Anahí fez uma expressão de ultraje, me enchendo de tapas. Sofri um pouco mas consegui contê-la. Nós dois sentimos a barriga gelar ao sentir a cadeira de ferro ranger e quase desmontar sob nosso peso. Paramos, agora com expressões sérias e eu a puxei levemente pelo queixo, para que nossos olhos se encontrassem. "Eu não sei quais são seus planos ou expectativas, Annie, mas eu não quero que isso seja apenas uma aventura, uma ficada como dizem—"

Ela mordeu o lábio inferior, seus olhos impossivelmente azuis me encarando como duas sentinelas na noite escura. Senti as unhas dela fincarem na minha nuca, talvez um reflexo do nervosismo que de repente ela sentia.

"Ok, nisso, nós concordamos," Ela fez um aceno com a cabeça, voltando a morder o lábio de forma malditamente excitante. "Eu—eu acho que uma parte de mim sempre quis viver isso com você, essa paixão avassaladora, dar asas a esse sentimento reprimido por tanto tempo..."

Acariciei as bochechas dela, trazendo ela para mais perto, colando nossas testas uma na outra. "Por que não agora? Não quero que a gente viva mais vinte, trinta, quarenta anos separados, cada um com sua vida para que a gente se reencontre novamente com oitenta anos de idade a ponto de morrer que nem o Florentino e a Fermina. Namora comigo, güera?"

"Primeiro, que a sua imaginação está fértil demais para as quatro horas da madrugada, e segundo, que quando você estiver com oitenta eu estarei pleníssima nos meus cinquenta e nove, bebê."

"Só se for de molho num tanque de formol que nem uma cobra coral."

Nós dois demos risada. Os anos podiam passar mas Anahí de muitas maneiras permanecia a mesma.

Andar ConmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora