Cap. II - Primeiro dia desagradável

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Ao acordar e perceber que permanecia a respirar e sentir o calor dos raios de Sol da manhã, sentiu uma leve pontada de desgosto. Decidiu então levantar, tomar seu café duplo extra-forte e se aprontar para o dia a seguir.

Geralmente, segundas-feiras não a agradam, mas nesta em específico ela se sentia menos animada do que jamais esteve. Não que o ânimo seja presente em suas manhãs e dias em geral, mas um novo ciclo escolar se inicia novamente. Pior, impossível!

À caminho do internato, seus pais, como sempre, agem de forma esquisita e exagerada, causando em Wednesday repulsa, a do pior tipo. E Pugsley, sempre sentimental, demonstra em seu olhar tristeza e preocupação profundas pela partida de sua irmã à Nevermore. Wednesday só pensava no quanto seu irmão estava sendo dramático, e conteve-se para não acertar seu rosto com seu punho fechado.

Chegando no local, nem ao menos quis se despedir adequadamente de sua família, pedindo para que Lurch deixasse suas malas em seu quarto e logo depois dirigisse seus pais novamente ao caminho para casa. E, ele, assim o fez.

Entrando em seu quarto, Wednesday encontrou-se com Enid, que a esperava ansiosamente. Sua amiga a abraçou forte e ela não retribuiu, porém não a afastou. Wednesday gostava de sentir os braços de Enid ao seu redor, apesar de que não se permitia a assumir. Sua melhor amiga, a única que já teve, a faz mínimamente feliz, mesmo que de uma forma irritante.

No horário de almoço, todos os alunos se reuniram como de costume, escolhendo suas mesas e dividindo-se em grupos. Ela automaticamente lembrou-se do filme que assistira com Enid, "Meninas Malvadas". O que a fez sentir mais repulsão e desagrado em relação às tribos formadas por adolescentes infelizes que buscam apenas a aprovação de outras criaturas primitivas e igualmente estúpidas.

- Wens, você soube?! - diz Enid, tirando sua amiga de seu breve devaneio.

- Não. Bem, depende. Sobre o que está falando? - indaga Wednesday, meio desinteressada.

- Notícias sobre o Hyde. Tyler saiu da cidade a caminho de um hospital especializado. Ele... tá na ala psiquiátrica. - diz Enid, imaginando como a sua amiga reagiria.

- Hm... Bom. Isso é bom. - Wednesday diz, simples.

- Você tem certeza de que tá bem com isso? Sei lá, é porque vocês... - diz Enid, porém rapidamente é interrompida por Wednesday.

- O quê quer que eu diga, Enid? Eu, sinceramente, estou satisfeita com isso. Por mim, ele estaria em uma penitenciária de segurança máxima, com um mandato de prisão perpétua. Porém, não podemos ter tudo o queremos, não é? - diz finalmente, de forma rápida e seca, apenas buscando desviar o rumo da conversa.

- É. - diz Enid, simples.

Depois do almoço, Wednesday, Enid, Eugene e Ajax vagam pelos corredores tagarelando sobre assuntos sem muita importância, quando escutam algo estranho, vindo de uma sala no andar acima.

- Pai, por favor me deixe falar! Você decide tudo, e tem total influência nas decisões da minha droga de vida! - escutam uma voz masculina abafada.

- Xavier, nós já conversamos sobre isso, sabe o porquê dessa minha decisão repentina. Você está em risco aqui! - diz um homem, também alterado, porém com a voz rouca.

- Sim, conversamos, mas até assim, você foi distante. Parece que tem medo de me contar qualquer coisa. Quer saber, dane-se! Era uma questão de tempo até você fazer isso. Você tira de mim tudo o que eu gosto. - diz o mais novo saindo e batendo a porta da sala.

O grupo de amigos de Wednesday continua a sua caminhada como se nada tivesse acontecido. Porém, aconteceu. Wednesday sabia que, o quê quer que tenha acontecido, era grave. Ela logo se despediu dos seus colegas e continuou a andar desacompanhada. Estava decidida a encontrar Xavier.

***

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