Cap. VII - Cara Wednesday

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A garota chamava a atenção dos enfermos e dos mentalmente instáveis enquanto vagava pelos corredores, os seus cabelos negros, estilo próprio e olhar marcante a ajudavam nesse quesito.

Uma das pacientes, parecia ter a sua idade, porém, não se vestia como tal. Usava marias-chiquinhas em seus cabelos encaracolados e roupas muito coloridas e cheias de babados chamativos.
Ela passou no corredor discretamente seguindo Wednesday. Ela começou a imitar a sua forma de andar e suas expressões faciais.

A garota gótica estranhou tal comportamento, mas decidiu seguir caminho.
O que ela não esperava é que a garota estranha fosse a seguir. Wednesday parou e a encarou. A garota fez o mesmo, deixando a outra intrigada. Wednesday coçou a cabeça, depois o nariz e estapeou seu próprio rosto em seguida.

A garota dos cabelos ruivos e cacheados repetiu todos os seus movimentos. Wednesday não se sentiu desconfortável, mas sim curiosa.

- Qual é o seu nome? - Indaga Wednesday.

- Qual é o seu nome? - A garota diz com uma voz fina e doce.

- Ei! Eu fiz a pergunta primeiro. - Afirma a outra.

- E eu perguntei a mesma coisa. - Responde a ruivinha.

- Meu nome é Wednesday.

- E o meu é Raffaella.

- Prazer. - diz Wednesday, seca.

- Prazer! - diz Raffaella, empolgada.

- Para onde você está indo? - pergunta Wednesday.

- Para o País das Maravilhas, ora, ora. - diz Raffa.

- E eu para o País do Desgosto. - Wednesday a responde respirando fundo, para que possa continuar com essa conversa.

- Oh. Você tem amigos por lá? Por que se tiver, diga que mandei lembranças. - Raffa diz simples.

- Não, não tenho. Você sabe onde se localiza a sala de consulta 111, da ala B? - Wednesday pergunta, finalmente.

- Oh, bem, a minha memória tem vida própria, e é mais insana do que eu, mas até aonde sei, fica ao final deste corredor, à direita. Lá você encontra "o quarto do pânico". - diz a ruivinha entre aspas, deixando Wednesday e indo para o lado oposto.

Wednesday se pergunta o que a garota quer dizer com "quarto do pânico", mas segue o seu caminho sem mais interrupções.

***

Chegando ao fim do corredor, Wednesday olha a porta enferrujada de cima a baixo, e identifica os números 111.

No hospital haviam alguns ar-condicionados empoeirados que tornavam o lugar uma frente fria. Além de não haver muitas janelas, as luzes das lâmpadas frequentemente piscavam e falhavam. A cena de um filme de horror. Wednesday sorri levemente com o pensamento.

Foi quando ela estava prestes a bater na porta, que ela ouviu gritos masculinos abafados. Pareciam ressoar dor e sofrimento. Mas os gritos lhe eram familiares. Eram de Tyler. Ela sabia. Ouviu passos próximos da porta, então logo se escondeu em um armário-cômodo de produtos de limpeza.

O cheiro era forte. Ela viu em um balcão, um grande vidro de Monofluoracetato de sódio. Ela achou um pouco suspeito, pois este produto é raro, por não ser legalizado pela maioria dos países.

É uma espécie de veneno de alta potência atômica e toxidade química. E junto à ele, estavam outros grandes vidros com substâncias altamente tóxicas em sua composição, em nomes científicos. Dentre eles mercúrio líquido e Atropa belladonna, exatamente, o veneno de Beladona. 

Ela se perguntou qual o motivo de existirem substâncias imensamente perigosas dentro de uma ala psiquiátrica de um hospital.
A Beladona pode ser usada em certos tipos de tratamento, mas sob prescrição médica e fórmula farmacêutica. Não de forma pura. Porém, e quanto ao mercúrio? Ao veneno de 1080?

Isso não fazia sentido algum.
Ao tocar em um balcão mais próximo, ela teve uma visão perturbadora. Ela sabia que estava em perigo. E sempre estaria à partir deste ponto, à partir da existência do maldito Hospital Especializado de Bucareste existisse.

***

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