Cap. XIII - Estranho retorno

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Wednesday seguia os passos do mapa que levou consigo. No meio da floresta, eles passaram por lugares familiares, o que lhes causou umas lembranças rápidas, como déjà vis.

Tyler encontrou a caverna onde muitas vezes permanecia durante a noite. Ele pareceu ter flashes rápidos de memórias, todos ao mesmo tempo e lugar.

Não eram boas lembranças. Eram assombrosas. Tudo o que passou nas mãos de Laurel Gates, ecoava em sua mente como marteladas sobre um caixão de madeira.

Ele fez o mal a muitas pessoas. Arruinou vidas. Ele compreendeu o motivo do porquê talvez não lembrar-se do que viveu com Wednesday.
Se sentia culpado o bastante para deletar todas as suas memórias de experiências boas. Ele achava que não merecia nada de bom que pudesse receber. E, a ideia de que ele possivelmente tenha ferido a jovem o perturbava.

- Tyler? - Wednesday o chama com uma voz distante. Ela estava à alguns metros de diferença entre ele na caminhada.

- Sim? - ele responde.

- O que há com você? Já tem alguns minutos que está aí parado, pensando na morte de não sei quem. - ela diz impaciente.

- Oh, desculpa. Eu estava... Não importa. Vamos continuar? - ele pergunta.

- Sim, por favor. - diz estranhando completamente o comportamento do garoto.

***
Ao chegarem na fachada da sombria academia Nevermore, Wednesday permaneceu parada enquanto esperava Enid para buscá-la.

Estavam em horário de almoço, então todos os alunos, professores e funcionários se encontravam no primeiro piso, onde havia uma reunião que comunicava a início do período de inscrições para os torneios e a abertura de novas atividades extracurriculares.

Enid esperou até o momento em que o novo diretor começou a anunciar, para que saísse discretamente.
Ao chegar na porta se surpreendeu com a presença do rapaz. Ela começou a grunhir e rosnar como forma de defesa, andando alguns passos para trás.

- Se acalme, Enid. Tyler não está aqui para fazê-la mal. Nós vamos precisar dele para a solução de questões presentes nesta escola. Não precisa confiar nele. Mas seja discreta. Não chame a atenção para a presença do garoto. - ela diz, repreendendo o comportamento da sua amiga.

- Wednesday, como você não está preocupada? Você não se lembra do que ele fez a nós? Ele é um monstro! Não pode esperar que eu compactue com essa ideia inconsequente de trazer um Hyde à Nevermore. - Enid afirma ainda tensa.

- Enid, não banque a medrosa indefesa neste momento! E, fique sabendo você, que eu me lembro sim. E nunca irei esquecer. Ele é quem aparentemente não se lembra de nada. - diz Wednesday, finalmente.

Enid respira profundamente e abre os portões. Wednesday entra, Tyler entra logo em seguida, admirando a beleza mórbida do lugar. Eles seguem a passos curtos e silenciosos até o dormitório do prédio Ophelia, onde as duas dividem o espaço.

- Pronto, entregues. Mas quando eu voltar quero ver o quarto da mesma forma que estava antes. Fique de olho nele, Wens. Qualquer coisa, envie  Thing, ele vai me ajudar a salvar você. - diz Enid, lançando um olhar ameaçador à Tyler e saindo logo em seguida.

- Ok. Já notei que a sua amiga não gosta muito de mim. - diz Tyler, quebrando o silêncio que pairou após a saída de Enid.

- Ah, não mesmo. Mas diria que tem bons motivos. - diz Wednesday em resposta.

- Wednesday, eu sinto muito pelo que fiz. Mesmo não tendo certeza exatamente sobre o quê causei a vocês, sei que foi grave, e que não só a vocês, mas causei transtornos à toda a cidade. - Tyler diz com sentimentos.

Wednesday achou que foi honesto, mas não colocaria sua mão no fogo por ele, e nem por ninguém.

- Sim, Tyler. Sei que não se lembra, mas não posso afirmar sobre a veracidade de suas palavras. Eu estou em um processo de aceitação e aprendizado. Pretendo aceitar a possibilidade de perdoar você algum dia, mas não posso prometer nada.

- Eu entendi. Mas fico satisfeito em saber que existe essa possibilidade. - diz Tyler com um breve sorriso em sua face.

- Enfim, precisamos encontrar um lugar para você ficar. Você não pode se esconder aqui por muito tempo. Acho que sei um bom lugar para isso. Fica próximo à floresta. Já existem alguns móveis por lá. Temos que limpá-lo e implantar mantimentos. - diz a garota rapidamente fugindo do assunto anterior, pois notou a aproximação do garoto em um clima caloroso.
Ela, definitivamente, detesta o calor.

- Certo. Espero que seja um bom lugar. Então por quê não vamos? Temos que aproveitar o momento de distração para o almoço. - Ele diz.

- Sim, vamos agora. Teremos que ser discretos. Temos muito a fazer. - Wednesday confirma.

***

O Corvo e o Cisne Negro Onde histórias criam vida. Descubra agora