Cap. XXV - Portas e fechaduras

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Wednesday caminha até o galpão novamente. Precisava deixar algumas coisas claras.

- Tyler, você está aí? - ela questiona levantando a voz para que ele possa ouvi-la.

A porta se abre vagarosamente. Ela adentra o galpão e logo é surpreendida com um beijo.

Wednesday não pôde evitar, pois ela não viu quando Tyler avançou sobre ela. Ele a beija intensamente, envolvendo sua cintura com seus braços.

Wednesday, então, rapidamente toma a atitude de empurrar o rapaz, interrompendo o beijo.

- Bom dia, Wens. - ele diz, sorrindo.

- Tyler... É assim que você cumprimenta as pessoas? Eu, pessoalmente, prefiro um aperto de mãos. Na real, prefiro distância. - ela alarma, com o cenho franzido.

- Desculpe, é só que... Depois de ontem... - ele inicia a dizer deixando a frase incompleta.

- Sobre isso, eu não deveria ter feito aquilo. Eu estou dando falsas esperanças a você. Mas acho que nós dois não podemos mais ficar juntos. É assim que deve ser. - ela diz, estendendo uma troca de olhares tristes.

- Mas eu não posso controlar meus sentimentos por você. E sinto dizer, são fortes. Eu acho que temos uma conexão incrível, e personalidades complementares. Não quero forçar nada, e ainda sei que devo ter causado mal a você. E peço, mais uma vez e quantas forem necessárias, o meu perdão. - Tyler finaliza, tocando suas mãos.

- Você deve estar enganado. Eu não sou do tipo que namora. Sou tóxica. Desprezo e torturo quem puder ou quiser. - diz se esquivando.

- Wens, você não vai conseguir me afastar, sabe disso. E não estou enganado, estou apaixonado por você. - ele diz com o olhar profundo sobre Wednesday.

- Então, enlouqueceu. Bem, veio de um hospital psiquiátrico. A insanidade me parece um estado iminente. - Wednesday responde.

- Wednesday, não estou brincando. - ele segura firmemente em seu braço, a fitando com seriedade.

- Eu também não, Galpin. - ela diz o encarando.

- Ok, mas podemos se quiser... - Tyler diz com o rosto próximo ao seu, a deixando arrepiada.

Wednesday se afasta e chega próxima à porta. Ela evita ao máximo os seus olhos, olhando ao redor.

- Tyler, não foi por isso que vim aqui. - ela inicia em tom solene. - Vim questioná-lo sobre seu tratamento no HEB. Quero saber sobre o médico que o tratava, sobre a espécie de terapia, e os medicamentos que eram prescritos. - diz finalmente.

- Por quê? Isso não lhe convém. A não ser, que queira me usar como um rato de laboratório. - Tyler a responde, aflito.

- Não. Eu já não lhe disse para não se preocupar comigo? Eu não sou o inimigo que deve temer. - Wednesday diz, mais calma, tentando transmitir o mesmo a Tyler.

- Então responda o porquê. - ele diz exigindo uma resposta.

- Ok. Eu quero investigar mais sobre aquele lugar. Nada me tira a ideia de descobrir o quê aquela instituição esconde. - ela diz, finalmente.

- Wednesday, se quer tanto saber, eu fui usado muitas vezes para testes e experimentações. - Tyler começa a falar, ofegante. - Quando eu me encontrava na forma de monstro, era envenenado. Já entrei em coma induzido por três dias. E isso não é nem um terço do pior daquele inferno. - Ele completa.

- Você sabe qual o tipo de veneno? Se lembra de alguma forma de terapia? - ela retorna com questionamentos.

- Quanto ao veneno, não sei. Sei que era um líquido viscoso de coloração azulada. Mas, as terapias, eram agradáveis e longas sessões de choques eléctricos. Nunca me senti tão vivo! - Tyler diz de forma sarcástica.

- Será que a terapia de eletrochoque era aplicada em todos os casos, ou apenas em outcasts? Isso é estranho. E quais médicos o tratava? - Mais perguntas da parte de Wednesday.

- Eu não pude ver os rostos deles, apenas dos enfermeiros. Mas, um deles usava uma máscara bizarra. Ele me causava calafrios. - ele termina.

- A máscara de palha... - ela diz, em voz alta.

- Como sabe disso? - Tyler a questiona, desconfiado.

- Eu vi em um sonho. Ou melhor, em uma de minhas visões. - Wednesday responde, lembrando-se do fatídico dia em que teve o pesadelo que a adoeceu, ou melhor, no dia anterior.

- Bem, você teria algumas perguntas mais? - O rapaz pergunta, calmamente.

- Na verdade, sim. Você se recuperou desses acontecimentos? - Ela pergunta, seguida à uma resposta.

- Sabia, você é muito curiosa e intrigada. - ele inicia a dizer, com um breve sorriso em sua face. - Porém, eu não posso dizer que me recuperei completamente. Foram meses tortuosos e absolutamente horríveis. Eu passei por muita tortura física e psicóloga. - Tyler faz uma breve pausa e respira profundamente. - Mas não sinto mais tanta dor física. Isso é bom. E devo isso a você. Obrigado! - Ele finaliza, sorrindo novamente.

- Eu não gosto de lamúrias, muito menos de otimismo. Mas, vou aceitar o agradecimento. Por nada. - Wednesday diz, retornando à porta.

Ela gira lentamente a maçaneta e olha pela última vez no rosto de Tyler.

Wednesday vê um olhar de
desapontamento por parte de Tyler. Se sente culpada por causar esse sentimento nele.

- Até logo, Tyler. - ela diz em despedida.

- Até, Wens! - ele devolve com um desanimado sorriso de canto.

***

Wednesday senta-se em sua cama, avistando a janela e um belo sol sob as nuvens de outono, que logo sumiria na escuridão da noite.

Enid entra no quarto sem a percepção de Wednesday. Ela toca em seu ombro, a fazendo girar a cabeça para enxergá-la.

- O que faz aqui? - Wednesday questiona.

- Eu moro aqui, se esqueceu?! - Enid a responde, surpresa pela expressão de Wednesday. - Aliás, está um pouco aérea hoje, o que houve? - ela questiona a sua amiga, enfim.

- Nada de diferente aconteceu, não há motivo para se preocupar. - Wednesday a responde.

Porém, permanecia distante, apenas observando a formação de um crepúsculo.

- Ok, já que afirma. - Enid rebate, ainda intrigada.

Wednesday pensava sobre a sua conversa com Tyler. Ela pensa em algumas das informações que ele lhe passou, e percebe que foi um tanto indiferente à sua situação.
Ou melhor dizendo, insensível. Raramente sente-se mal pelo seu próximo, compadecida ou qualquer outro sentimento ligado a empatia.

Porém, Tyler a faz se questionar sobre os seus sentimentos variadas vezes e circunstâncias.

Aparentemente, desta vez não foi diferente. Ela pensa em tudo que poderia ter dito e feito. Se questiona como seria a vida de Tyler se continuasse a viver na mesma situação que antes se encontrava.

Wednesday decide afastar estes pensamentos desvirtuados, momentaneamente. Segue a sua noite sem comer ou conversar. Impassível, como jamais esteve.

***
// Notas da autora:

Oi, gente! Espero que estejam todos bem. Eu, devo a vocês desculpas. E eu, sinceramente, estou triste em desapontá-los com essa demora.

Mas, não está sendo fácil. Nem sempre tenho boas ideias e inspirações. Se ainda estiverem acompanhando a história, peço que sejam um tanto pacientes e compreensivos.

De qualquer modo, agradeço a vocês por tudo. Principalmente aos que votam e comentam, isso me motiva muito a continuar.
Tomara que gostem deste capítulo. ;)
Bjosss 😚😘

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