Cap. XXI - Lua de sangue

63 9 34
                                    


***
Permaneceu em seu dormitório pelo resto da tarde. Pretendia convencer Enid do seu estado de repouso, até que a sua amiga fosse ao encontro de jovens lobisomens em treinamento.

Eles iriam uivar sob o luar avermelhado da noite de lua cheia. Ela se aproveitaria deste momento e iria em direção ao galpão deixar os mantimentos que Tyler a pediu.

- Por que se agasalha se irá permanecer no quarto esta noite? - Thing a questiona enquanto se arruma.

- Faça-se de cego. Irei sair, porém, Enid não deve saber disso. - ela o responde seriamente.

- Entendi. Você se encontra com o seu amante na calada da noite e sobra pra mim. Pode deixar, ficarei em silêncio sobre seu segredinho sujo. Tchauzinho! - ele gesticula.

***
Foi uma caminhada silenciosa e tranquila pela brisa da noite.

Wednesday chegou ao galpão e logo o abriu, sem bater.
Ao entrar, tudo estava escuro. Tyler geralmente ligava as luzes quando a ouvia abrir as portas. Desta vez, nenhum sinal de vida.

- Tyler? - Wednesday chama por ele.

De repente, é ouvido um grande estrondo da porta se batendo, assustando Wednesday e a fazendo virar para tal.

Ao virar-se em direção a porta, ela sente uma presença e respiração pesadas sobre si. Ela dá um passo à frente e sente a textura de uma pele humana. As luzes são acesas e ela pôde observar o corpo de Tyler nu, coberto em sangue à sua frente.

- Tyler? - ela buscava por respostas sobre o estado do rapaz.

- Wednesday. - ele responde.

- O que aconteceu? Por quê está nu em uma noite fria e todo ensaguentado? - indaga Wednesday.

- Wednesday me perdoe. - ele diz, entre suspiros e sussuros.

- Não posso te perdoar sem saber o que fez. Por favor, me ajude a entender. - ela pede à Tyler.

- Eu... Eu estava com fome. Não pude esperar por você nesta noite, em específico. Eu fracassei, Wednesday. - Ele diz com os olhos marejados. - Me sinto incapaz de deixar de ser um monstro. Eu estou condenado a ter instintos selvagens e matar pelo resto da minha vida. Não consigo controlar o Hyde. - ele responde às suas perguntas de uma vez, buscando fôlego.

- Você é capaz. Precisa parar de se vitimizar. Você tem uma força enorme, apenas a usa quando convém. Você precisa fazer algo sobre ela, e usá-la para o auto-controle.

- Eu não sei como fazer isso. Eu preciso de controle, porém não consigo ter sobre mim. O Hyde tem que ser controlado por um mestre. Wednesday, seja minha mestre. Tenha total controle e poder sobre minhas ações. Sobre o meu corpo. Sobre o meu Hyde. - Tyler proclama seu pedido em alto e bom som.

Ele já havia pensado sobre um mestre. E acha que sua amiga possa ser tal.

- Tyler, eu não posso aceitar. Eu me tornarei monstruosa com o poder. Ainda não superei meus sentimentos sobre o que fez comigo. Você me deixou marcas, Tyler. Não quero que isso afete a relação entre mestre e Hyde. - ela diz, insegura.

Wednesday estava em conflito. Ela se sentia e reagia de muitas formas ao seu pedido.
Ela se sente culpada por não aceitar ajudar Tyler. Ela sente raiva pelo que ele fez a ela e aos seus amigos. Sente-se tentada a aceitar, pois teria a chance de vingança a quem a causou o mal.

E, mais do que tudo, se sentia atraída por Tyler, pela sua confiança nela, por sua súplica, por seu rendimento e por seu corpo nu banhado em sangue.

Principalmente pelo seu corpo. Escorria sangue fresco por seu peitoral e mãos.
Ela sentiu o estranho desejo de experimentar o sangue que o cobria, diretamente de sua pele macia.

O seu cheiro masculino misturado ao metálico odor de sangue a deixou desnorteada em seus sentidos.

- Wednesday? - Tyler a chama rapidamente, a tirando de seus devaneios.

- Sim, Tyler. - responde de forma calma e doce.

Isso era vergonhoso para Wednesday, porém não se conteve em o olhar de forma lânguida e piscar lentamente seus olhos.

- Você não vai me fazer pedir outra vez, vai? - ele indaga se aproximando da gótica. Fitava seu olhar ardente, logo depois de desviar o seu olhar para seus lábios.

- Apenas se curvar-se diante à mim. Eu sou sua nova mestre. Você me deve obediência.

- Se deseja assim. - diz o garoto com um sorriso malicioso. Fazendo então, o que sua Mestre ordena.

- Ok. Já chega de bajulação. Não seja um cão. Eu quero um homem. Em algumas vezes, sua forma de besta selvagem. - completa.

- Ok, minha Mestre. - ele diz finalmente, levantando-se.

Deixa nas costas da pequena mão da moça, um selinho molhado. Seus lábios tinham resquícios de sangue, sujando a mão de Wednesday.

***

O Corvo e o Cisne Negro Onde histórias criam vida. Descubra agora