Cap. XXIV - Surpresa seguida de desgosto

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Entrando discretamente em seu quarto, Wednesday troca suas roupas por um pijama rapidamente e deita-se sobre o seu colchão macio, pois imagina que Enid está prestes a chegar da reunião noturna.

Os uivos se cessam ao decorrer do tempo e Enid sobe novamente as escadas, para ir de encontro ao seu dormitório. Sente-se exausta e preocupada com a sua amiga.
Thing também estava estranho, parecia esconder algo dela.

Ao chegar, nota Wednesday dormindo como um anjo em sua cama. Isso a alivia de imediato.

Ela dá passos lentos até a mesma e instala um selar de lábios na testa de sua amiga.
Então, se dirige a sua cama e acaba por adormecer imediatamente após cair na mesma.

***

Noutro dia, como de costume, Wednesday está de pé antes mesmo do amanhecer.
Começa seu dia com um café preto fervente. Ela deixa a xícara sobre a mesa e se dirige ao banheiro.

Pronta para fazer sua higiene matinal, ela olha-se no espelho e nota olheiras sob suas pálpebras. Ela gosta do que vê. Porém, ao se olhar melhor, Wednesday se choca.

Ao longo de sua jugular e pescoço existem algumas manchas roxas e outras vermelhas.

- Desgraçado! - ela diz em voz alta.

Thing entra no banheiro e sobe em seu ombro. Ele percebe as manchas, após isso pula em direção à pia.

- A noite foi festiva. Como os conseguiu? - ele pergunta referindo-se aos chupões.

- Eu bati em alguns galhos baixos em direção ao galpão. - ela responde.

- Entendi. - Thing diz, antes de fazer uma pausa. - Sua mitomaníaca! Deve achar que sou idiota. Já fui adolescente, querida. Há um bom tempo, mas ainda me lembro claramente dessa época. - Ele gesticula.

- Credo, Thing! Me poupe destes detalhes sórdidos. - Wednesday diz revirando os olhos. - Isso não é o quê pensa. Você acha mesmo que permitiria um toque tão íntimo à minha gélida pele? Tenha piedade! - ela completa.

- Certo, acredite em suas mentiras que eu finjo fazer o mesmo. - Thing gesticula finalmente, deixando o local.

Wednesday corre ao pequeno reservatório de alimentos, o qual se situa em seu dormitório, e retira de lá alguns cubos de gelo, ela os põe sobre um pano úmido, pressionando o mesmo na pele exposta, sobre os hematomas.

Logo, ela escuta um barulho de porta abrindo e esconde as provas do seu delito.

- Tô entrando. Oi, Thing! - Enid diz para o seu amigo, que estava sobre a escrivaninha de Wednesday.

- E aí, lobinha? Tudo em cima? - ele pergunta.

- Estou bem, e você? Onde está a Wens? Vamos nos atrasar para as aulas de hoje. - ela o questiona.

- Tô suave. Ela está no banheiro. Mas acho que não quer falar com ninguém hoje. Está com o humor do cão. - Thing gesticula.

- Me conte uma novidade. - ela diz se dirigindo ao banheiro.

- Wednesday! Anda, vai! Vamos nos atrasar pra aula de botânica. - Enid diz batendo à porta, apesar de não obter resposta. - E a professora Méndez é muito criteriosa com horários. - diz finalmente.

- Não vou me atrasar. Pode ir na frente. - Wednesday diz.

- Tá. - Enid diz abocanhando uma rosquinha que pegou na cantina. - Mas vem logo, hein? - completa.

Ao perceber que Enid saiu, ela põe um agasalho e sobre ele, um cachecol, indo em direção da porta à passos rápidos.

***

Na hora do almoço, todos se reúnem à mesa para papear e comer juntos.

Surpreendentemente, Bianca Barclay pede para se sentar próxima à Wednesday, pois queria relatar um acontecimento importante a ela.

- Como está hoje? Melhorou? Não a vi ontem nas aulas de segunda-feira. - Bianca pergunta, despretensiosamente.

- Estou dentro da regularidade. Mas e você? Por qual motivo sentou-se próxima à mim hoje? - ela questiona de volta, desconfiada.

- Porque tenho algo a lhe dizer. Na verdade, informar. - Bianca inicia calmamente. - Sei que não somos próximas, e evitamos o assunto "Hyde" dentro da escola, mas ouvi no noticiário pela manhã, as notificações do desaparecimento de Tyler e do incêndio ao hospital. - ela continua antes de ser interrompida por Wednesday.

- Acho que já fui informada sobre isso. - Wednesday diz, seca.

- Eu não teria tanta certeza. Há uma grande investigação em Bucareste e no entorno. Alguns jovens desapareceram e há suposições sobre um envolvimento das autoridades na queima de arquivos e obstrução de leis. - ela diz, antes de uma breve pausa. - Tem muito peixe grande nesse caso. Estão criando teorias que envolve a máfia de outros países, em crimes hediondos como sequestro e tráfico de cadáveres. - Barclay continua. - Outros apontam que o Hyde está à solta e cometendo crimes como estes. Imagina, que loucura, não? - Ela questiona, finalmente.

- Absolutamente insano. - ao se referir a insanidade, Wednesday se lembra dos rostos de alguns dos pacientes do HEB e surge uma curiosidade repentina em sua mente mirabolante.

- Bianca, você teria mais informações sobre os raptos de pacientes do hospital? - questiona.

- Bem, deixa eu ver. - Bianca diz mexendo em seu celular, parecendo procurar informações na internet. - Aqui está. - ela diz com um sorriso.

- Obrigada. - Wednesday diz.

Lendo o artigo, Wednesday nota algumas fotografias com os rostos dos pacientes sequestrados. Um deles lhe é familiar. O de Raffaella. A jovem de cachinhos cor de cobre e rosto amigável.

"Uma das pacientes da ala psiquiátrica do Hospital Especializado de Bucareste, Raffaella Bonato (17), está registrada como desaparecida em fichas documentadas pela polícia local.

Sua família afirma que ela foi vista pela última vez neste domingo, antes de ir sem acompanhantes à uma loja de doces."

- Wednesday, você está bem? - Bianca a questiona depois de minutos presa em seus devaneios.
- Sim, é... Você teria mais informações? Algo que queira compartilhar? - Wednesday questiona.

- Não, mas se quiser saber mais, deve falar com Xavier. O pai dele teve convênio com o hospital durante anos. Xavier já se tratou lá e sabe mais do que pode-se imaginar sobre aquele lugar. - Bianca diz, finalmente.

- Bom saber. Obrigada, Bianca. - Wednesday a agradece solenemente. - Agora preciso ir, tenho algumas coisas a fazer. Tchau. - ela completa e se levanta rapidamente, deixando o quadrado.

***

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