Minha despedida

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Lalisa olhou fixamente a coleira, mas notei que não demonstrou surpresa nenhuma. — Muito bem, Jennie. Se é o que quer. — Ela podia estar recitando numeros da lista telefônica,
de tão morta que parecia.

— Sim — repliquei, com as unhas cravando as palmas das maos. — Se vai fingir que a noite passada não foi nada além de uma porcaria de encenação, é isto que quero.

Ela assentiu com um pequeno movimento de cabeça. — Conheço muitas dominadoras na região. Eu ficaria muito feliz em lhe dar
alguns nomes. — Ela me olhava com olhos vagos. — Ou poderia dar o seu a elas.

Mas como ela se atrevia? Anotei no questionario que havia mandado que estava interessada apenas em ser submissa dela. Ela sabia disso. Sabia disso e estava levantando a questão de outras doms para me magoar.

Nesse momento, compreendi que amor e édio eram lados opostos da mesma moeda. Por mais que amasse Lalisa  dez minutos atrás, agora eu a odiava.

— Vou me lembrar disso — respondi, tensa.

Ela não se mexia. Era como se estivesse esculpido em gelo. — Vou pegar minhas coisas. — Sai da sala de jantar e subi até o meu quarto, onde, poucas horas antes, Lalisa e eu haviamos feito amor com tanta docura que ela chorou. Ela chorou.

Na noite passada, eu tinha pensado que as lagrimas eram devido ao que sentia por mim. Ou talvez as emoções esmagadoras de sua muralha indo abaixo. Mas e se ela tivesse chorado porque soubesse o que faria horas depois?

— Ah, Lalisa — sussurrei quando a ideia me tomou. — Por que? Por que ela fazia isso? O que poderia leva-la a tal coisa?

Depois , disse a Jennie  Racional. Pense nisso depois. Tudo bem. Depois.

Vesti minhas roupas e peguei minha bolsa e o iPod. Deixei o despertador. Talvez a préxima submissa de lalisa a achasse util.

A próxima submissa de Lalisa...

Ela encontraria outra. Tocaria a vida. Exploraria o prazer e a dor com outra. Seria gentil, paciente e carinhosa com outra.

Ah, por favor, não. Mas era o que ela faria. Depois!, gritou a Jennie Louca.

Reprimi o choro. A Jennie Louca tinha razão. Eu cuidaria disso depois. Parei na porta do quarto e me despedi do lugar onde experimentei a noite mais maravilhosa da minha vida.

Então andei pelo corredor. Passei pela porta fechada da sala de jogos de Lalisa, onde não tinhamos ficado tempo suficiente. Parei brevemente a porta de seu quarto.

As palavras dela ecoavam no corredor silencioso enquanto eu olhava sua cama arrumada com perfeição.

"E eu nunca a convidei para dormir na minha"

Era verdade: Lalisa aprendeu muito sobre meu corpo, e muito bem. Mas também sobre a minha mente. Pois não havia palavras que pudessem ter cortado mais fundo.

Apollo me encontrou no saguão, abanando o rabo. Ajoelhei-me e o abracei. — Ah, Apollo — falei, reprimindo mais uma vez as lagrimas. — Você é um bom menino. —
Enterrei os dedos em seu pelo e ele lambeu meu rosto. — Vou sentir sua falta. Afastei-me e olhei em seus olhos. Quem podia saber? Talvez ele compreendesse.

— Não vou mais ficar aqui, então não o verei de novo. Mas seja bonzinho e... prometa que vai cuidar de Lalisa, está bem?

Ele lambeu meu rosto mais uma vez. Talvez concordando. Talvez se despedindo. Eu me levantei e sai.

Bem, falei a mim mesma enquanto voltava de carro ao meu apartamento, pelo menos o dia não podia ficar pior. Havia algo de bom em receber noticias ruins no inicio da manhã . Você tinha o resto do dia para tentar se sentir melhor. Comer alguns potes de sorvete. Beber umas garrafas de vinho barato.

The House Of Submission | JENLISA G!POnde histórias criam vida. Descubra agora