Capítulo 5 - Feridas De Amor

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Para sua tristeza, Allegra ocupava um lugar a mesa, bem de frente a ele, e, por mais que estivesse todo o tempo conversando com seus vizinhos, sentia que ele a observava por entre o arranjo de flores e as velas

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Para sua tristeza, Allegra ocupava um lugar a mesa, bem de frente a ele, e, por mais que estivesse todo o tempo conversando com seus vizinhos, sentia que ele a observava por entre o arranjo de flores e as velas.

Dináh Torloni inclinou-se levemente para frente.

 — Então o senhor será o novo proprietário de Reviello. — Comentou, malévola. — Diga-nos sr. Karamanlís, Allegra já o convenceu a mudar seu nome para Reviello?

Allegra baixou os talheres, sentindo a boca seca.

— Sinto, não creio que tenha entendido a sua pergunta. — Respondeu Christos.

— Ah, é uma brincadeira antiga por aqui. — Riu Dináh. — Allegra sempre jurou que o nome da família continuaria na propriedade para sempre, ou encontrando outro Reviello para casar-se com ela, ou forçando algum simplório idiota a mudar de nome. Gostaria de saber se ela já iniciou sua campanha com o senhor. Ela sempre se vangloriou de estar preparada a qualquer sacrifício para que está propriedade fosse dela.

— Já percebi isso. — Comentou com leve ironia.

— Estou certa de que sim, sr. Karamanlís. O senhor é casado?

— Não!... — Respondeu ele, seco.

Seguiu-se um silêncio tão embaraçoso, que Allegra gostaria que o chão se abrisse e a tragasse para sempre. Ouviu Wagner Torloni murmurar.

— Pelo amor de Deus, Dináh!

No meio do silêncio, foi a vez de sir Bergamo desanuviar o ambiente, comentando casualmente.

— Como a senhora disse, sra. Torloni, uma brincadeira antiga. Mas não creio que Allegra, como mulher, deva ser julgada e condenada por uma tolice dos tempos de criança. Agora, posso servi-la de um pouco mais de faisão assado?

As conversas ao redor da mesa recomeçaram, denotando um certo alivio do qual Allegra não conseguia partilhar. Se Dináh tivesse só comentado sobre a venda da propriedade, ela estaria preparada; mas a mulher decidira humilhá-la diante de Christos e a tomara de surpresa. Eram demasiados golpes para um único dia. E ele era o único dentre os convidados que não estava a par do veneno daquela mulher.

Allegra foi obrigada a continuar a sorrir, como se nada tivesse acontecido. Deu uma olhadinha no relógio para ver quanto tempo mais deveria ficar, sem que os convidado sentissem ofendidos.

Nesta noite, suas obrigações como anfitriã eram bem-vindas, pois ficaria ocupada circulando entre os diversos grupos.

Estava apreensiva em pensar que Christos poderia procurá-la para saber mais sobre os comentários de Dináh. Mas ele não o fez.

Sir Bergamo estava quase o tempo todo ao lado dele, apresentando-o a todos como o futuro proprietário de Reviello.

À meia-noite, Allegra percebeu que o brinde à sua antepassada não seria esquecido.

Oh, meu Deus, não vou conseguir enfrentar isso, murmurou a si mesma, escapando para o terraço.

Não havia nenhuma brisa, mas o ar noturno fez com que se sentisse bem.

Um aroma de flores impregnava o ar, fazendo-a lembrar-se de que esta era a última Festa de Verão que passaria em Reviello.

Apoiou-se na balaustrada, olhando os jardins, pensando com tristeza quais seriam as modificações que Christos Karamanlís faria. Provavelmente, ele acabaria com os gramados e construiria uma horrível piscina e um heliporto, pensou com desprezo; ainda bem que ela não estaria por perto para assistir a essa execração toda.

Podia escutar os risos e gritos para sua famosa ancestral, Allegra ouviu em seguida o tradicional discurso engraçado que seu pai costumava fazer a essa hora. Allegra Reviello, a esposa escandalosa, amante audaciosa, brindada por todos, finalmente chegara ao fim de seu reinado.

Escudou o brinde novamente, mas dessa vez a pouco passos de distância.

Voltou-se assustada.

— O senhor!

— Sim.

Nas sombras da noite, Christos parecia mais alto, mais poderoso do que nunca, o rosto escuro como uma máscara.

— Vim para desejar-lhe boa-noite, agapitós.

— O senhor já esta indo embora?

 — Não era isso o que você estava esperando? — Comentou sorrindo. — Sinto desapontá-la, mas estarei de volta mais tarde, durante o dia.

— O senhor vai comprar a casa?

— Creio que sim. Você fez com que meu interesse por ela se reavivasse.

— Eu... eu fiz isso?

— Certamente. Reviello deve ser algo muito especial para que seja tão apaixonada por ela. Fico pensando se, em outras circunstâncias, você conseguiria achar um marido tão fraco que negaria seu próprio nome, seu direito de nascença para satisfazer um capricho seu.

— Não era um capricho. — Negou, veemente. — Como o senhor poderia compreender?

— Pensa, por acaso, que não tenho o direito ao meu próprio nome? — Perguntou, ameaçador. — Bem, você não é a primeira pessoa que pensa assim, embora poucos tiveram a ousadia de dizer-me de frente.

— Por que os outros têm medo do senhor? — Exaltou-se Allegra. — Quando tiver comprado Reviello, não terá mais nenhum poder sobre mim.

— Você acredita nisso? — Riu ele, caminhando até ela e fechando-lhe a saída. — Mas está redondamente enganada, Allegra Reviello, pois se eu tiver está propriedade, também vou ter você.

Christos colocou as mãos em seus ombros.

Allegra queria dizer que não, mas ele se inclinava e a beijara nos lábios. Tentou resistir, manter os lábios cerrados, mas era uma batalha que não podia ganhar. Christos, com sua sensualidade, estava determinado a vencer.

Os lábios dele exigiam uma resposta que jamais lhe fora exigida antes; uma resposta que ela não estava certa de poder dar. Allegra não podia respirar, sentia que lhe faltavam as forças quando as mãos dele abaixaram as alças do vestido e ele a abraçou, fazendo com que seus seios nus se colassem ao peito forte dele.

De alguma parte muito escondida, Allegra sentiu uma onda de calor e de insuportável desejo que a invadiu.

As mãos de Allegra envolveram-no. Christos então começou a beijá-la no pescoço e ela não conseguiu mais reagir. Mas quando os dedos dele tocaram-lhe o seio nu, gritou, tentando se cobrir.

Christos deixou-a e, depois de algum tempo, murmurou para si mesmo.

— Interessante, uma virgem. Esse fato obviamente muda tudo.

Então, antes que ela pudesse se mover ou falar, ele voltou-se e partiu, desaparecendo na escuridão.

1015 Palavras

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