Capítulo 21 - Feridas de Amor

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Durante os dias que permanecera na ilha da família Karamanlís, Allegra passava a maior parte do tempo no quarto, olhando pela janela, sua desculpa era indisposição

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Durante os dias que permanecera na ilha da família Karamanlís, Allegra passava a maior parte do tempo no quarto, olhando pela janela, sua desculpa era indisposição. Normalmente, era para lá que fugia todas as tardes para não ver Christos e Alma juntos.

Aonde fosse, deparava com os dois. Se caminhasse até a piscina, lá estava Alma exibindo o corpo perfeito em biquínis cada vez menores. Se fosse até a praia, Christos estaria ensinando Alma a mergulhar, ou estariam passeando a cavalo juntos. No principio, Pavlos estava sempre com eles, mas depois pareciam não necessitar de qualquer outra companhia.

Haviam convidado Allegra para fazer mergulho ou cavalgar pela praia, é claro, mas como ela recusara na primeira vez, não insistiram mais.

"Por que ele não me deixa partir?", desesperava-se ela. "Por que tenho de

permanecer nesta casa, presenciando como os dois primos se entendem bem?"

É obvio que todos já sabiam que Allegra e Christos estavam dormindo em quartos separados. Em uma casa, não era fácil esconder algo assim.

Selena Karamanlís não escondera sua tristeza diante do fato e até Perpétua tecera alguns comentários, durante o jantar, sobre os deveres da esposa, com muito cinismo. Era obvio que estava radiante com o rumo que as coisas estavam tomando.

— Ah, aqui esta você! — Exclamou Pavlos, entrando na sala de repente.

— Aqui mesmo. — Respondeu, seca e indiferente.

— Tenho sentido sua falta, nos últimos dias. — Comentou ele. — Minhas férias logo

terminarão e devo voltar a embaixada. Por que você não vem comigo?

— Você parece haver se esquecido de que sou uma mulher casada agora. — Censurou-o, friamente.

— Não costumo me esquecer de coisa alguma, Allegra querida. Parece que e meu primo Christos que tem problemas de memória aqui. — Ironizou, afastando-lhe o braço. — Não suporto ver como ele a tem ignorado. Eu lhe avisei sobre o caráter duvidoso do meu primo anteriormente, mas você não quis me ouvir. O maldito bastardo, acredita que pode fazer o que quiser só por que herdou toda a herança da família Karamanlís. Ou não viu como o maldito dá em cima da minha irmã. Ele é mesmo um grande idiota, em trocar uma mulher como você.

Allegra deu um passo atrás, livrando-se do contato.

— Não se preocupe, Pavlos. Nós nos entendemos muito bem. — Cortou-o.

— Você é tão linda, Allegra, mas a beleza, as vezes, pode não ser tudo. — Murmurou, aproximando-se outra vez, com um sorriso cínico. — Será que seu marido não consegue satisfazê-la, ou será que você é tão fria como sempre demonstrou ser? Não tive essa impressão na noite em que saímos juntos. Você deveria ter se casado comigo, Allegra e não com a fortuna do meu primo. Eu a faria derreter em meus braços...

— Como se atreve! — Allegra recuou mais ainda. — Não percebe que esta fazendo um papel ridículo? Eu jamais lhe dei nenhuma liberdade para qualquer atitude ou pensamento leviano. Além do mais, você só me envenenou contra Christos.

— Estou mesmo? Vamos ver isso na realidade...

Agarrou-a, beijando-a a força, tentando forçar a língua por entre os dentes cerrados de Allegra. Ela lutava para se libertar, arranhando-lhe o rosto.

Pavlos soltou-a com um palavrão e ela colocou-se atrás de um sofá. Pronta para lhe atirar qualquer objeto que suas mãos pudessem alcançar primeiro.

— DESAPAREÇA DAQUI! — Gritou Allegra, enojada.

— Mas que gata selvagem temos aqui?... — Caçoou ele, rindo. — Eu deveria ter possuído você naquele dia.

— Você jamais teve nenhuma oportunidade comigo! — Respondeu-lhe enfurecida. — Nunca mais volte a se aproximar de mim, ou vou contar tudo a Christos.

— E você acha que meu primo se importaria? Todo o comportamento dele revela que está arrependido do erro que cometeu. Venha comigo, Allegra, você não tem mais nada a perder.

— Nem que você fosse o último homem na face da Terra!

— Se é assim... — Deu de ombros irritado. — Será seu destino permanecer para sempre em total solidão. A escolha foi sua. Abandonada... Traída e repudia pela maioria de nossa sociedade mesmo.

Pavlos voltou-lhe as costas e saiu como se nada tivesse acontecido. No entanto, as marcas em seu rosto não desapareceriam tão cedo.

Allegra deixou-se cair no sofá, esfregando com força os lábios.

"Não suporto mais", pensou, tremendo violentamente. "Preciso sair daqui o mais depressa possível. Preciso partir..."

"Eu consigo perceber que esteja decepcionada comigo. Afinal, você sempre deu o seu melhor por nós dois e foi quem mais acreditou no nosso relacionamento. Sei que você quando olha para mim, vê somente uma mulher que fez tudo errado, que poderia ter sido uma mulher melhor e não pensa sequer em tentar de novo.

Não quero foçar você a estar comigo, até porque sei como o magoei em várias ocasiões nessa existência e em tantas outras. Ainda assim, se agora estou fazendo coisas que lhe parece inexplicáveis. Além de colocar o meu sincero arrependimento em evidência, é porque acredito que merecemos uma segunda chance e eu estou disposto a lutar por ela.

A falta que você faz na minha vida, durante o tempo em que estivamos separados, me levou a sentir como eu não devo deixar fugir alguém tão especial. Eu quero que tudo seja diferente e prometo que cuidarei bem do seu coração dessa vez. Volte para mim, porque as saudades estão apertando meu peito. Preciso sentir que estamos juntos, para ser verdadeiramente feliz." Continuou pensando Allegra ao olhar o horizonte que escurecia a sua frente.

910 Palavras

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