Capítulo 19 - Feridas de Amor

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Allegra sentiu-se completamente exausta, mas não tinha sono

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Allegra sentiu-se completamente exausta, mas não tinha sono. Andou de um lado para o outro, examinando cada detalhe. Deu uma espiada no pequeno banheiro descobrindo fascinada, a banheira, a pilha de toalhas felpudas e as prateleiras repletas de loções e essências para banho. Allegra quase se esquecera de como um banho podia ser algo tão luxuriante. Encheu a banheira e derramou um pouco de óleo perfumado; ensaboou os cabelos com shampoo e mergulhou na água morna.

Embora sentisse o corpo relaxar de imediato, a mente não parava de dar voltas.

Se Dináh Torloni não tivesse ido a seu quarto, como a vida teria sido diferente! Estaria feliz agora nos braços de Christos. E os dois estariam planejando juntos um futuro brilhante, tanto para eles como para a propriedade Reviello.

Saiu da banheira e enrolou-se em uma grande toalha felpuda, antes de secar os cabelos. Passou uma loção perfumada por todo o corpo, até que sua pele se tornasse suave e brilhante. Vestiu a camisola e entrou no quarto.

Christos estava parado, olhando pela janela para a escuridão.

— Minha mãe disse que você me chamou. — Disse ele, sem se voltar.

— Não... quer dizer... sua mãe tem uma visão bastante romântica do nosso relacionamento. — Allegra respondeu, hesitante. — chris, você tem de lhe contar a verdade. Não é justo deixá-la acreditar que este é um casamento verdadeiro. Ela me fez sentir tão bem-vinda. Sinto-me como se a estivesse enganando.

— A atitude dela tem criado certas dificuldades. — Acabou Christos falando e suspirando pesadamente. — Como também a presença de tia Perpétua e seus filhos. Principalmente depois que você fez o papel tão perfeito de recém-casada amorosa diante de meu primo, nesta tarde. Ele acharia, no mínimo, estranho que nosso casamento terminasse logo algumas horas depois. E poderia começar a fazer certas perguntas que não gostaríamos de responder.

— É verdade, mas naquele momento não me ocorreu nada melhor para dizer. A verdade não traria benefícios pra nenhum de nós dois. E chega de tanto sofrer por causa de nossas escolhas erradas. — O modo como Allegra lhe explicou em poucas parlavras o que estava sentido o fez concordar, infelizmente. — O que você sugere?

— Que qualquer separação aconteça depois que tivermos saído daqui. Será muito mais fácil. Minhas viagens constantes poderão servir com excelente desculpas.

— Você já tem tudo planejado, não é mesmo? — Acusou ela, desanimada. — Faça como quiser. Mas agora estou realmente cansada e gostaria de ficar a sós.

Ele voltou-se lentamente, percorrendo-lhe o corpo com os olhos, uma expressão zombeteira no rosto.

— E para onde você sugere que eu vá, agapitós? Ou se esqueceu que a casa está repleta de pessoas torcendo contra mim o tempo todo.

— Não tenho a menor ideia. Mas imagino que deva haver muitos outros quartos na casa; como, Por exemplo, o quarto de sua prima Alma.

— Ah, certamente!... — Murmurou ele. — Mas há que considerar a virgindade de minha prima. A primeira vez que um homem entrar em seu quarto ou em sua cama, será a noite de núpcias. E eu não sou um homem que me venderia por qualquer coisa.

— Se é assim, você terá de esperar um pouco mais, não é mesmo? Disse Allegra, mordaz.

— É o que parece, mas, enquanto espero, deverei seguir as convenções. — Disse ele, com um sorriso tenso. — Sinto muito, minha querida e amada esposa, porém, enquanto estivermos nesta ilha deveremos compartilhar do mesmo quarto.

— Não! — Revoltou-se.

— Como você é volúvel! Há poucas horas estava agarrada a mim, implorando-me com seu corpo inteiro para que eu a possuísse outra vez.

— Isso é passado. Agora é muito diferente. Eu não vou cair mais no seu charme barato!

Christos começou a se mover em direção a ela e Allegra recuou.

— Não chegue perto de mim!

— É uma ordem? — Caçoou Christos.

— É um apelo ao seu senso de decência. Nosso casamento terminou. Por que você insiste em me torturar?

— Torturar? — Repetiu ele. — Não ouvi nenhum pedido de clemência antes. e não sou eu qe gosta de jogar com a vida das pessoas.

Christos estendeu a mão e baixou uma alça da camisola, acariciando-lhe o ombro nu.

— Não, por favor. — Pediu Allegra, a voz embargada.

Os dedos dele acariciaram seus cabelos, segurando-lhe a nuca. Allegra tremia incontrolavelmente. Christos fixou o olhar nos seios dela, a expressão abrandando-se.

Soltou-lhe a outra alça da camisola, fazendo com que deslizasse até o chão.

— Não? — Murmurou ele.

O silêncio abateu-se sobre Allegra. Tentou falar, mas sua garganta estava fechada com um nó. Fez um gesto de negação com a cabeça, os cabelos balançando-se, e cobri-se com as mãos.

Christos disse algo em sua própria língua. Carregou-a delicadamente e colocou-a na cama, retirando a colcha e cobrindo sua nudez com o lençol.

Allegra permaneceu deitada de lado, todo o corpo tenso. Christos foi para o outro lado da cama, despiu-se e manteve-se imóvel, as mãos sob a cabeça, mas não a tocou. Quando Allegra percebeu que ele se colocara o mais longe possível dela, sentiu um aperto na garganta e as lágrimas rolavam-1he pela faces. Tentou esconde-las, mas não pôde reprimir um profundo soluço. Sentiu que Christos se mexia, apoiando-se no cotovelo.

— Allegra? — Sussurrou.

A mão dele tocou-lhe o ombro, fazendo com que se voltasse para ele. Por muito tempo, permaneceu observando-lhe o rosto. Então, enxugou-lhe as faces com os dedos.

— Durante todo nosso tempo juntos, nunca a vi chorar. — Disse, quase dolorosamente.

O braço de Christos envolveu-a, sentindo a rejeição de seu corpo.

— Ah, Allegra... — Deixou as palavras saírem, quase emocionado. — Deixe-me ao menos reconfortá-la. Eu gostaria de lhe cobrar com juros tudo o que me fez, mas eu não consigo!

Trouxe-a mais para perto de si, fazendo com que sua cabeça se apoiasse em seu ombro, a mão acariciando os cabelos, enquanto ela chorava desconsolada, ate que não havia mais lágrimas. Exausta, terminou por adormecer, ninada nos braços de Christos.

"O tempo passa, e com ele há memórias e sensações que se vão perdendo. Mas há algo que nem mesmo o tempo conseguiu extinguir: os meus sentimentos por você, minha doce Allegra. Dos nossos reencontros e desencontros, eu guardo as lembranças como se fossem tesouros. E a cada dia que passa sinto mais a sua falta. Eu ainda amo você, do mesmo jeito que amava antes! Eu ainda amo você, e sinto que jamais deixarei de amar, venha o tempo que vier, passem anos, décadas, ou séculos!" Pensou Christos fechando os olhos para finalmente adormecer sem nenhum sonho dessa vez.

1099 Palavras

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