A hora seguinte pareceu a Allegra uma eternidade.
A limpeza do fogão foi tarefa extremamente difícil e cansativa. As cinzas e a fuligem grudavam em seus cabelos, penetrando-lhe pela boca e nariz. O corpo estava coberto de transpiração e cinzas.
Allegra sabia que os gravetos e galhos secos que encontrara, e que com tanta dificuldade trouxera até a casa, mal dariam para o dia. O fogão parecia consumir voraz e impiedosamente todo seu esforço.
Não podia imaginar como era pesado puxar o balde cheio de água de dentro do poço; além disso, derrubara grande parte do precioso liquido, trazendo-o da rua até a casa. Seus músculos, pouco treinados a carregar qualquer peso, doíam e latejavam. Mas conseguira colocar no fogão uma panela de água que já estava começando a ferver. Encontrou um vidro de café instantâneo e também duas canecas grandes.
Christos sugerira que comeriam só peixe, mas Allegra encontrara uma vasta quantidade de enlatados no armário do lado da pia. Era obvio que ele pretendia passar muito tempo na ilha.
Do outro lado da casa, Allegra encontrara ferramentas de jardinagem e também um saco de batatas. Havia ainda uma boa quantidade de carvão que poderia ser usado para assar os peixes em um dos lados do fogão.
Nesse momento, Allegra sentou-se, exausta, do lado do fogão, pensando como poderia sair daquela situação enlouquecedora. De maneira alguma suportaria mais um dia naquele lugar.
Era inútil imaginar que Christos mudaria de posição. Ele estava determinado a destruí-la, assim como a Vó Badim havia previsto.
E apesar disso, não podia negar a forte atração que sentia por ele.
Acontecera desde o primeiro momento em que o vira. Ela, a inatingível, que jamais se deixara envolver com ninguém. Christos destruíra isso completamente na primeira vez que a tocara.
Quando ele afirmara que a teria, só podia concordar, por mais que isso a envergonhasse.
— Por que você está aí sentada? Por que ainda não limpou a casa? — Vociferou ele Allegra assustou-se ao ser surpreendida em seus pensamentos.
— Eu acendi o fogo e o café está pronto. — Explicou ela.
— Não fez nada além da sua obrigação. Vejo também que conseguiu cobrir todo o piso e você mesma com toda essa sujeira. Antes de pensar em se sentar para descansar, limpe toda essa porcaria.
Christos saiu por um momento, trazendo uma vassoura usada e grosseira.
— Aqui esta. — Disse, estendendo-a.
Allegra mordeu os lábios enquanto viu encher a caneca de café cheiroso e sentar-se no terraço para saboreá-lo.
Sentia vontade de chorar, mas controlou-se e começou a varrer desajeitadamente. A boca ficou seca, com o gosto horrível das cinzas, e já nem mais pensava no café; só queria tomar um pouco de água. Agarrou a outra caneca e mergulhou-a no balde; quando já estava encostando-a nos lábios, morta de sede, sentiu um golpe que a arrancou das mãos, atirando todo o precioso líquido no chão.
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Feridas De Amor - Série Pecados Capitais - Livro V
RomanceA Série Pecados Capitais, romances... Apesar de fazer parte de uma série, sua história é individual... Instigante, misteriosos obstinados e ambiciosos, realmente são os melhores no que fazem. Feridas De Amor NOSSO PASSADO ATORMENTA NOSSO PRESENTE! A...