𝕀𝕟𝕕𝕠𝕞𝕒́𝕧𝕖𝕚𝕤 (Reescrevendo)

𝒇𝒐𝒓𝒈𝒊𝒗𝒆𝒏𝒆𝒔𝒔 𝒏𝒐𝒕 𝒓𝒆𝒂𝒍𝒆𝒂𝒔𝒆𝒅

𝙴𝚕𝚕𝚒𝚎

Perdão não liberado
Cap:19

Quando voltamos ao refeitório no final da tarde, Al está lá, andando de um lado para o outro. Eric me olha imediatamente, ao lado de Max que me nota ao seguir o olhar do seu parceiro, e tem um outro homem pouco mais velho que eu nunca vi na Audácia. Eles sempre ficam no alto, naquelas grades, olhando tudo ao redor. Sem perder nada. Engoli seco de forma imediata e dolorida.

Will se posiciona atrás de mim e da Tris, de forma protetora e segura meu ombro suavemente, para me assegurar de que ele está perto. Christina também se aproxima de nós com os braços cruzados. Atrás do Al, Zake, Uriah, Lynn, Shauna e a Marlene se levantam com os braços cruzados, estalando os  dedos, encarando as costas do garoto fazendo um semicírculo, mostrando que se ele tentar algo, não terá saída.

É, Uriah contou mesmo a todos eles.

Al está com olheiras e seu rosto está inchado de tanto chorar. Sinto uma pontada no estômago quando o vejo assim. Não consigo me mexer. O cheiro de erva cidreira e sálvia, que eu costumava achar agradável, se tornou amargo em minhas narinas.

— Tris — disse Al, com a voz trêmula. — Posso falar com você primeiro?

— Não. — Ela responde firme e ríspida.

— Você está falando sério? — Will aperta meu ombro. — Você nunca mais poderá chegar perto dela, entendeu? De nenhuma delas.

— Não vou machucar vocês. Nunca foi minha intenção machucar nenhuma de vocês duas, eu juro… — Al cobre o rosto com as mãos em desespero. — Eu só queria pedir desculpas. Lamento muito. Eu não… Não sei o que há de errado comigo. Eu… Por favor, me perdoem. Por favor…

Ele da um passo a frente e Tris simplesmente se senta atrás de Will que continua em pé. Al estende a mão, como se fosse tocar meu ombro, o rosto molhado de lágrimas, mas Zake da só um tapa na mão dele e se põe na minha frente também, quase do mesmo tamanho que o Al.

— Se tocar nela, eu quebro seu braço em dois, entendeu? — Zake apontou o dedo pra cara de Al. O garoto se afasta quando Zake se aproxima.

Em algum lugar dentro de mim há uma pessoa misericordiosa e clemente. Em algum lugar, há uma garota que tenta entender pelo que as pessoas estão passando, que aceita o fato de que as pessoas fazem coisas más e que o desespero as leva a lugares mais escuros do que jamais puderam imaginar. Eu juro que essa pessoa existe, e ela sofre por esse garoto arrependido que vejo diante de mim.

Mas se eu a visse outra vez, não a reconheceria.

— Fique longe de mim Albert — digo baixinho. Meu corpo está duro e frio, e não sinto raiva, não sinto dor, não sinto nada. — Nunca mais chegue perto de mim outra vez . Não chegue perto da Tris, não fale com a gente, não olhe pra gente... — repito com a voz ainda mais baixa e amarga.