𝑱𝒖𝒍𝒈𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝑷1

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𝙴𝚕𝚕𝚒𝚎

𝙴𝚕𝚕𝚒𝚎

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Cap:38


Um grupo de membros armados da Audácia me acompanha até o banheiro no começo da noite. Eu me demoro lá, deixando as minhas mãos sob a água quente da torneira até que elas fiquem vermelhas e olhando o meu reflexo no espelho. Acabei de sair de um banho que eu quase vi meus pecados descendo pelo ralo. Quase.

Quando eu era da Abnegação e não podia me olhar no espelho, achava que a aparência de uma pessoa podia mudar muito em quatro meses. Mas, desta vez, eu pude ver o quanto mudei...

Pareço mais velha. Talvez é o que eu esteja vestindo, ter começado a me relacionar com Eric, tudo o que me aconteceu, me caindo perfeitamente como uma máscara. Em algumas semanas, terei dezessete anos, e não me daria menos de vinte.

Mas tudo o que sinto é um nó na garganta. Não sou mais a filha submissa. Me tornei, aquela que vai bater de frente quando for confrontada, aquela que aprendeu a não ter medo do próprio medo, que aprendeu a tirar forças daquilo que te causa dor.

Desvio o olhar do espelho e abro a porta para o corredor com as costas das mãos.

Quando os membros da Audácia me deixam na sala de detenção, fico parada na porta um instante. Eric está com a mesma aparência que tinha quando o conheci: camiseta preta, cabelo bem cortado e expressão séria. Vê-lo costumava me encher de emoção e nervosismo...

Sinto uma pontada de saudade de como as coisas costumavam ser.

— Está com fome? — perguntou Eric. Ele me oferece um sanduíche do prato ao seu lado.

Aceito o sanduíche e me sento, apoiando a cabeça em seu ombro. Tudo o que nos resta é esperar, então é isso que fazemos. Comemos até a comida acabar.

Continuamos sentados, até que isso se torna desconfortável, pelo olhar do meu irmão sobre nós a cada exatos dez segundos. Depois, deitamos um ao lado do outro no chão, com os ombros encostados, encarando o mesmo pedaço de teto branco.

— O que você está com medo de me falar Ellie? — perguntou Quatro novamente.

— Qualquer coisa que aconteceu dês de o ataque na Abnegação. Não quero ter que reviver nada daquilo nem por um segundo...

Ele acena com a cabeça mais uma vez. Depois de longos segundos, eu vou até o Eric e como o sanduíche que ele deixou pra mim também, mesmo que eu não tenha fome.

Fecho os olhos e finjo dormir ao lado de Eric. Não há relógio na sala, então não posso contar os minutos até o interrogatório. Parece que o tempo nem existe aqui, exceto pelo fato de que eu o sinto me pressionando à medida que a hora se aproxima das sete, me apertando contra os ladrilhos do chão.

Talvez o tempo não parecesse tão pesado se eu não sentisse essa culpa. A culpa de conhecer a verdade e escondê-la em um lugar onde ninguém consegue vê-la, nem mesmo Tobias. Talvez eu não devesse sentir medo de falar nada, porque a honestidade vai fazer eu me sentir mais leve.

𝕀𝕟𝕕𝕠𝕞𝕒́𝕧𝕖𝕚𝕤 (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora