𝒀𝒐𝒖𝒓 𝒆𝒚𝒆𝒔

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𝙴𝚕𝚕𝚒𝚎


Seus olhos
Cap:10

— O que você acha que está lá fora? — pergunto para Christina, acenando com a cabeça em direção à porta. — Quer dizer, além da cerca.

Tris dá de ombros.

— Um monte de fazendas da amizade, eu acho.

— Eu sei, mas... e além das fazendas? Do que estamos protegendo a cidade?

Ela balança os dedos em minha direção.

— De monstros!

Eu reviro os olhos.

— Até cinco anos atrás, nem havia guardas perto da cerca — disse Will. — Vocês se lembram da época em que a polícia da Audácia costumava patrulhar o setor dos sem-facção?

— Sim — digo.

Também me lembro de que meu pai foi uma das pessoas que votou a favor da retirada da Audácia do setor dos sem-facção. Ele disse que os pobres não precisavam ser policiados; precisavam ser ajudados, e nós poderíamos ajudá-los.

Mas prefiro não comentar a respeito disso agora, ou aqui.

Este é um dos exemplos que a Erudição usa para tentar provar a incompetência da Abnegação.

— É verdade — disse ele. — Aposto que vocês os via toda hora.

— Por que você diz isso? — pergunto, em um tom excessivamente áspero, Tris o encara também esperando a resposta.

Não quero que me associem tanto com os sem-facção.

— Porque você tinha que passar pelo setor dos sem-facção para chegar à escola, não tinha?

— Você por acaso memorizou o mapa inteiro da cidade por pura diversão? — pergunta Christina.

— Claro - responde Will. — Você não?

Os freios do trem gritam e somos todos lançados para a frente à medida que o vagão perde velocidade. Abro os olhos e vejo o motivo que eu não caí igual a maioria, foi o braço de Eric estar ao redor da minha cintura e sua mão firme em meu quadril enquanto com a outra, ele segura no ferro.

Vejo que essa aproximação repentina é um tanto... Droga, não consigo raciocinar. Por que não consigo pensar direito com ele por perto?

Ele me solta a contragosto e eu me afasto ainda mais confusa, e só então vejo que todos estão descendo e só alguns olhares se voltaram a nós. Dos meus amigos e de Peter.

Desço até a grama, me apoiando na barra de metal para manter o equilíbrio. Diante de mim, está um muro enorme de pedra, com arame farpado no topo. Ao caminhar um pouco, vejo que a cerca segue para além da minha visão, em uma linha perpendicular ao horizonte.

Do outro lado da cerca, há uma aglomeração de árvores, a maior parte delas mortas, mas algumas ainda verdes. Guardas armados da Audácia também circulam pelo lado oposto.

— Sigam-me —  disse o Quatro. Me mantenho perto de Christina e Tris, dessa vez a Tris está no meio. Embora não goste de admitir isso nem a mim mesma, me sinto mais tranquila quando estou perto delas.

𝕀𝕟𝕕𝕠𝕞𝕒́𝕧𝕖𝕚𝕤 (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora