Clubinho

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Eu estava indo embora na paz do Senhor Jesus, quando minha amiga Karui pula nas minhas costas, quase me dando um mata leão e me arrastando pra longe da saída!

— o que tá acontecendo? — pergunto agitando minhas mãos.

— você tá namorando o Hanma? – ela ainda estava me arrastando e eu parei de tentar resistir, o braço da Karui é só tamanho de uma bexiga de mortadela.

— Quê? Não! Quem te falou uma idiotice dessas? — Eu já tô ficando sem ar!

Ela finalmente me larga, eu puxo ar como se nunca tivesse respirado na vida!

— O que é isso na sua mão? – ela diz com seus enormes braços cruzados.

— ah... ele desenhou... — Murmuro olhando pra cima, envergonhada de dizer um troço desses.

— Meu Deus — ela se vira e vai andando. Eu nem reparei que ela tinha me arrastado até o nosso clube.

— hoje não tem reunião — Digo indo atrás dela.

— O Mikitaka falou que não vai poder na quarta, então a gente adianta hoje pra não perder a semana — ela ficou muito grossa comigo de repente!

E você acha que essa grosseria acabou? Não, ela foi grossa comigo o treino inteiro!

O nosso clube fica em um ginásio cheio de tatames, de um lado era luta e o outro o clube de ginástica, aquelas porra de cavalo, argola, trave e tal.

— Se tá com raiva de mim fala — Digo ficando em pé depois que Karui me jogou com a cara no tatame azul pela terceira vez.

— Eu não tô com nada, Takarashi — ela tá me chamando pelo sobrenome! O que eu fiz de tão cruel?

Olha, eu não fiz nada pra ter a minha melhor amiga aborrecida comigo! E isso me deixa ainda mais irritada com ela!

No fim do treino eu estava completamente puta da vida, sentada no cavalo com alças da parte de ginástica do lugar, apertando minha garrafa de água enquanto secava meu rosto com uma toalha azul. Eu estava a ponto de ir tirar satisfação com ela quando uma pessoa invade o ginásio, ele usa óculos e tem cabelo descolorido.

— O que você quer, Kisaki? — perguntei antes de dar um gole na minha água, ele obviamente veio na minha direção.

— Eu preciso que você entre na minha gangue — direto né?

— oxi... — quase escorrego do cavalo, me segurando em suas alças, — eu não ganho muito me metendo com delinquentes, Kisaki...

— o que você perde? — meu Deus, eu quero muito socar a cara dele agora.

— Se eu for presa no meio dessas picuinhas, eu perco a minha bolsa, tomo uma surra, meus pais dão a minha calopsita pra minha irmã, eu não vou mais poder praticar karatê — começo a enumerar nos dedos.

— Nossa... — ele passa as mãos pelos cabelos — quanto você quer então?

A sensibilidade desse cara é igual a zero.

—Eu preciso de uma grana boa pra aceitar — dou um sorrisinho. Eu seria idiota se negasse ganhar dinheiro pra trocar uns soquinhos as vezes.

— nove mil por semana serve? — ele perguntou sacando um bolo de dinheiro da jaqueta.

— Bom fazer negócio com você — Digo agarrando o dinheiro e já começando a contar.

— Trago sua jaqueta amanhã, não conta pra ninguém ainda — ele diz com bastante simplicidade e se vira.

— Ei... Porque tá me chamou? — chamo antes que ele se afaste.

— O Hanma gosta de você, é uma versão menos burra dele e eu preciso de pessoas fortes — ele diz ao me olhando por cima do ombro e logo depois ele sai andando.

Então... Eu parei de ouvir quando ele disse disse "o Hanma gosta de você", as minhas bochechas ficaram muito vermelhas nessa hora.

Quando eu sai do treino precisei ter uma conversa muito longa com a Karui... Foi bem chato.

Pov do Hanma (─‿‿─)

Achou que eu não ia escrever o meu ponto de vista aqui? Achou errado, otario.

Enfim, eu acho que o resumo do dia já foi dado né, foi um saco a professora maconheira sumiu e agora o Kisaki tá estranho.

— A gente tem alguma coisa pra fazer hoje? — perguntei quando ele finalmente me alcança no ponto de ônibus.

— Hoje não, mas amanhã a gente tem que receber um novo membro — ele fala limpando os óculos, indiferente como sempre.

— Receber um membro novo? Desde quando você tá chamando gente e não me avisa? — perguntei rindo, eu tô de bom humor pra caralho hoje, beijei na boca um dia que era pra ter saído zero a zero.

— Desde agora — ele revira os olhos.

— Que é esse então? — Bato com meu braço no ombro dele.

— Não interessa, você vai descobrir amanhã — ele me olha feio e ajeita o casaco.

— Huum tá fazendo uma surpresa pra mim? — a cara dele ficou pior enquanto eu brincava. Eu sou cercado por gente mau humorada.

No dia seguinte a minha esquentadinha favorita estava mais esquentadinha possível com as minhas provocações

Hoje eu vim de moto já que íamos sair logo depois com o novo membro, já era quatro da tarde quando cheguei no estacionamento com o Kisaki.

— espera aqui, já volto com ele — Ele sai com uma jaqueta na mão.

Eu acendi um cigarro, já estava tragando o segundo quando ele voltou.

— abre bem o olho — Ele estava com a cara bem feia, mas eu vi uma corzinha nas bochechas dele.

Um pouco depois dele... Eu vi um anjo... Porra, não é possível que isso exista.

Era a Karina, a minha esquentadinha, usando uma jaqueta da Valhalla, um daqueles sutiãs que ela usa nas lutas e uma calça que Deus sabe os pecados que eu cometeria pra ser chutado por ela.

— Você é o meu melhor amigo — Digo baixinho pra Kisaki antes de correr pra Karina, sorrindo animado.

— Eai, Shuji — ela sorri, esses olhinhos pequenos... Eu acho que ela vai me deixar doido

— A jaqueta ficou demais em você, tchutchuca — Digo dando um puxão na roupa mais forte do que deveria, fazendo ela cabalear um pouco pra frente e quase bater a cabeça no meu peito. Saiu melhor que o planejado.

— Eu vou quebrar seus dentes, fedorento — Ela me empurra com a mão, puxando uma chave de um dos bolsos da calça.

— Onde a gente vai hoje? — perguntei já meio animado pra me exibir.

— Tenho umas coisas pra resolver num bar... Depois a gente vai no arcade — ele me olha meio sério.

Eu não acredito que logo de cara vai ter um monte de marmanjo olhando pra ela... Eu nem tive tempo de me acostumar.




Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma Onde histórias criam vida. Descubra agora