Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma

Campeonato

O mundial foi o meu maior foco por dias, o Shuji em nenhum momento me atrapalhou, por incrível que pareça!

Eu falo com aquele magrelo quase todo  fim de dia, temos cinco minutos antes da ligação ficar muito cara a ponto de eu não conseguir pagar, então eu revezei um dia para a minha família e um dia para o Shuji.

Os dois primeiros dias foram um sucesso absoluto, a nossa equipe quase toda passou da primeira fase!
Eu tinha pessoas torcendo por mim depois que o fim de semana passou, eu literalmente passei na TV.

— Você acha que eu sou bonita? — Karui perguntou se olhando no espelho, ela estava de sutiã e shorts de lycra.

Desvio meu olhar do telefone onde eu estava prestes a discar o número dos meus pais, analiso Karui, ela tem uma pele bem bronzeada, talvez o sonho daquela nossa amiga Gyaru, um corpo muito forte, ela está é alta e o cabelo vermelho combina com o resto.

— Você é muito bonita, tudo em você é descolado —  Dou um sorrisinho olhando para ela.

— Mas não mais que o Hanma né? — ela faz essa comparação sem sentido, agarra sua toalha e vai pro banheiro.

Eu realmente não entendi o motivo da reação tão estranha e da comparação.

Eu gosto daquele bobão além da aparência, ele me dá emoção, faz meu coração acelerar, tem um abraço bom, tem um beijo maravilhoso e se preocupa comigo...

Merda.

Me jogo na cama e cubro meu rosto com o travesseiro, eu tô morrendo de saudades dele.

— Ei Shuji! — Digo assim ligo para ele e o telefone atende.

— Tchutchuca! — eu consigo ouvir ele sorrir — pensei que ce tinha me esquecido, gostosa

— Não viaja — Reviro meus olhos.

— Você passou na TV, amor! Agora eu namoro uma celebridade! Posso pedir um autógrafo? Esse autógrafo pode ser no fim do abdômen? Eu juro que vou tatuar — ele parecia muito feliz por mim.

— Para com isso — eu estava corando igual uma tonta! — Foi uma matéria pequena...

— Pequena? — ouço ele engasgar — foram mais de quinze minutos da minha namorada super gostosa na TV da minha sala em rede nacional, o Japão todo te viu, eu gravei a matéria e vou mostrar pro nosso filho.

Eu me peguei morrendo de rir nesses cinco minutos que tínhamos, todo esse orgulho que vinha por parte dele me motivava a avançar ainda mais... Eu quero orgulhar quem se importa comigo.

Quando a segunda semana de competição começou, tinham várias meninas com cartazes para mim, meninos com trompetes, eu simplesmente achei incrível.

— Isso atrapalha pra caralho —  Karui resmunga enquanto se aquecia para lutar, ela é de uma categoria acima da minha.

— Eu posso pedir pra eles torcerem por você também — sigo dando um sorrisinho para ela, não queria que a minha amiga se sentisse mal por ter aquele tanto de gente ali.

— Eu preferia que você não fosse uma estrelinha, só uma atleta — minha amiga diz enquanto vai prender seus cabelos vermelhos.

— Que estrela? — Reviro meus olhos, a ideia é até bem ridícula pra mim — para de bobeira

Vou dar um tapa no ombro dela de brincadeira, mas ela agarra meu pulso e aperta com muita força.

— Ei! — Chuto a perna dela. Eu sei que foi de propósito, alguém como ela sabe calcular a força.

Ela me olha com raiva, todo esse showzinho foi bem perto da arquibancada, as pessoas da "minha torcida" começaram a vaiar a Karui.

— A gente conversa depois — ela quase cospe em mim antes de ir pro tatame lutar.

O estádio do evento é enorme, tinham quatro lutas rolando quase em simultâneo, o pessoal da staff sempre andava por aí perguntando se precisávamos de algo e eu definitivamente precisava de gelo pro meu pulso.

— Ai meu Deus! — eu encontrei uma moça da comissão japonesa, ela prontamente se mobilizou e saiu correndo para encontrar gelo e um remédio para aliviar a dor.

Essa moça tinha o cabelo preto preso em um rabo de cavalo baixo e usava óculos escuros retangulares bem grossos, e ela não tinha muito mais que vinte anos.

— O que aconteceu? — ela perguntou enquanto pressionava gelo no meu pulso que tinha claramente a marca dos dedos da minha colega de time.

— Um desentendimento bobo — Suspiro, eu estava com meus olhos focados na luta da Karui, as pessoas ainda estavam vaiando, mas não muito e nem algo tão ofensivo.

— Bobo? — ela tomba a cabeça e afasta o gelo da minha pele — o treinador tinha me dito que vocês são amigas...

— Nós somos. A gente só briga bastante... É bem normal — Suspiro, não sei qual foi a puta ideia que veio na minha cabeça que eu achei uma ótima ideia desabafar com alguém — bem... Desde que eu comecei a namorar, ela sempre acha que eu tô fazendo algo errado.

Passo a mão boa no rosto enquanto ela passa um spray o meu pulso.

— isso não me parece uma relação saudável entre amigas — ela em um tom de alguém que definitivamente não quer se meter.

Eu me distrai por alguns momentos e logo ouvi a sirene, olhei para o tatame da luta da Karui e ela estava no chão. Merda. Ela perdeu na primeira das eliminatórias.

Eu fui a primeira para ir vê-la quando ela estava indo para o vestiário.

— Não chega perto — ela parecia um cachorro bravo enquanto tirava as ataduras dos seus punhos

— Eu sinto muito por aquilo... — Respiro fundo — mas você lutou muito...

Ela saltou em cima de mim rápido o bastante que eu achei que ela fosse me bater!

— Porra nenhuma! — ela soca o armário atrás de mim, com força o bastante para amassar a porta — Você nem tava olhando, tava muito ocupada com a sua amiguinha nova?

Ela fala e gotas de saliva espirram no meu rosto, o meu sangue foi fervendo enquanto ela berrava comigo e eu simplesmente explodi, minha mão subiu rapidamente em um soco repentino na lateral da cabeça dela, deve ter pego no ouvido já que vi a Karui bastante desorientada, a ruiva se afasta de mim e eu continuo tomada pela raiva e vou socar o rosto dela, Karui tomba por cima de um banco e eu subo em cima dela, socando sua cara.

Ela era mais forte que eu, mas no momento eu estou cega de ódio, e é bem difícil vencer alguém realmente motivado com raiva.

— Você não tem o direito de berrar comigo, ouviu bem? — Digo com os dentes tão cerrados que a minha mandíbula dói, minhas mãos apertam o quimono dela enquanto eu a Balanço por aí.

Nesse momento ela agarra meu pescoço, a mão muito maior do que a minha quase, conseguido fazer a volta completa ao redor da minha garganta.

— Eu vou matar você — antes que fossem feitas mais ameaças, o meu nome é anunciado pra lutar.

É claro que eu estava ocupada, mas a minha cabeça não estava bem ligada na ameaça de morte. Eu dei uma joelhada na barriga dela e me afastei rápido.

— Fica pra depois — Saio correndo do vestiário para não ser desclassificada.

Ajeito os meus cabelos, os prendendo da melhor forma possível por estarem bem curtos.

Diferente da minha colega de time, eu venci as duas lutas do dia, uma em que eu inclusive fraturei acidentalmente a perna de uma garota.

— Eu sinto muito — me curvo para pedir desculpas a minha adversária italiana.