Dia Dos Namorados

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Valentines Day uhull

Eu não sei por que eu tô falando uhull se nunca ganho porra nenhuma!

Shuji Hanma é um gostosão solitário, todos querem um pedacinho mas ninguém quer me amar de verdade.
Brincadeiras a parte, também temos o costume de presentear amigos nessa data... O Kisaki é meu amigo e a Karina é... Bem, ela tá sempre andando com a gente né.

Aquela merda dela ter aparecido tonta do nada me deixou preocupado pra caralho então tô sempre meio de olho nela nesses dias, faz tempo que eu não me sentia tão próximo de pessoas assim antes.

— Vovó, que tipo de presente você dá pra alguém que gosta no dia dos namorados? — perguntei entrando na cozinha, a minha velha estava regando umas plantas da janela.

— Gosta como, Shuji? — ela me perguntou bem calma, se virando pra mim. A minha avó tem ótimos genes, é uma velhota que nunca teve um cabelo branco!

Ela me conhece bem, eu raramente gosto das pessoas.

— Tem duas pessoas — faço o sinal de dois na mão enquanto me sento em uma das cadeiras, pegando uma xícara pra tomar um cafézinho — Um é o meu amigo e o outro é... Da garota que eu gosto.

Isso é tão estranho de dizer.

— Uau, você tá mesmo passando por uma fase — ela tosse ruidosamente, ela fumou a vida toda, só parou depois dos cinquenta — Então, pro seu amigo, chocolates são legais, se o amigo for aquele garoto esquisito só joga isso na cabeça dele... Pode ser uma pedra também. — ela dá uma risadinha e também pega café — já a menina... Eu gosto da ideia de cartas...

— Cartas vó? — faço uma careta de estranhamento — eu sou péssimo escrevendo.

— E é péssimo falando — ela dá de ombros e bebê seu café sem açúcar. Deus me livre.

— Doeu — ponho a mão no peito como se tivesse sido atingido.

— Quem é essa garota, Shuji Hanma? — ela perguntou tão de repente que eu dei um pulinho na cadeira. Eu tava sorrindo bobo?

— É a Karina, vó, a menina que mora com os pais na rua de baixo — olho pro meu café, eu estava com vergonha contando isso.

— Que fofo — ela da uma risadinha cubrindo a boca — eu lembro de vocês brincando na rua juntos.

— Você lembra dela me batendo, né, sua caduca — eu particularmente lembro mais disso.

— Eu lembro de você perturbando ela, isso sim — ela balança a cabeça pra mim

— É... Eu era meio pentelho nessa época mesmo — Murmuro jogando a cabeça pra trás, eu queria terminar o dia dos namorados com pelo menos um beijinho.

— meio pentelho? E só nessa época, meu Deus, Shuji, você pensa muito bem de si próprio —  ela se afasta rindo.

Mais tarde, essa caduca me deu ideia do que fazer.

Eu tinha uma foto minha e da Karina quando éramos crianças, foi em uma festinha de aniversário e nós dois estávamos o mais sujo possível, eu estava com um curativo no nariz e ela com um na bochecha que quase não dava pra ver por causa do tanto de cabelo que ela tinha... Eu amava esse cabelo, e a culpa foi minha de ela ter cortado... Se bem que eu me lembro de ter colado o chiclete bem na pontinha né.

Enfim, eu peguei essa foto, fiz uns desenhos e escrevi uma carta... Que coisa tosca. Pro Kisaki eu comprei um pacote de bombom que vem pronto lá na loja de conveniência mesmo.

No dia dos namorados, estava a caminho da estação, tenho que pegar um trem pra ir até a escola né mano.

— Karina, oi! — falo ao ver a esquentadinha mais a frente na rua, apressando o passo pra alcançar ela. — me espera.

— Vô esperar porra nenhuma — ela dá as costas, então tá na hora de jogar sujo.

— Mas tchutchu... — eu ia gritar bem alto esse apelido super fofo dela no meio da rua cheia de gente.

— Cala a boca, tô esperando! — Ela para e cruza os braços até eu alcançá-la.

Chego perto dela e me inclino em sua direção, dando um sorrisinho, percebi que ela não se afastou quando eu fiz menção a me aproximar mais, mas eu só sorri e dei um passinho pra trás.

— Feliz dia de São Valentin — Ela diz baixinho e eu sinto algo segurar minha manga, mas ao olhar não vejo sua mão nem nada, deve ter prendido na mochila ou no casaco rapidinho.

— Pra você também, esquentadinha — Sorrio animado e vamos andando e conversando no caminho até a estação, quando um carro preto começa a andar bem de vagar ao nosso lado.

— Ah... São vocês — vejo a cara do Kisaki no vidro abaixado de trás.

— O que Tá fazendo aqui? — perguntei quase enfiando a cara dentro da janela. Ele não mora aqui perto.

— Não interessa — ele empurra a minha cara pra fora — querem uma carona até a escola?

— É bom de ter amigo rico né, eles humilham a gente mas dão vida boa — Karina nem fez cerimônia e já foi metendo a mão na porta do carro e entrando.

Ela acabou de chamar o Kisaki de amigo, eu e ele demos um sorrisinho antes de eu entrar pela mesma porta que a Ka.

— É isso que dá só ter amigo bolsista — ouço o arrogantezinho murmurar — toma aí

Ele joga dois pacotes brancos lacrados pra gente.

— Eu também tenho uma coisa pra você aqui — Eu e Maria macho aqui dizemos ao mesmo tempo, nos encaramos.

— Jinx! — ela diz imediatamente e me deixa de queixo caído — toma Kisaki.

Ela entrega o seu pacote e o meu.

— Que brincadeira é essa? — Kisaki perguntou depois de guardar os chocolates, eu pude jurar que vi ele sorrindo um pouco!

— É Jinx, a gente falou ao mesmo tempo, agora ele só pode falar se disserem o nome dele três vezes — ela sorri orgulhosa da monstruosidade que fez comigo.

— O que acontece se ele falar? — o que esse filho da puta está pensanso?

— ele perde e tem que fazer algo que a pessoa que invocou Jinx pedir, se ele não quiser ter três anos de azar, é claro — a esquentadinha explica. Mas eu percebi que ela estava se divertindo comigo calado.

A viagem foi bem silenciosa e esses dois sádicos se divertiram com isso.

Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma Onde histórias criam vida. Descubra agora