Vai!

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— A mas você vai ficar comigo sim, vem aqui agora! — Hanma Shuji estava sendo puxado pelo colarinho pra fora do galpão nojento da Moebius por uma garota...

Essa garota sou eu, Karina Takarashi, cabelos curtos cor de mel, olhos azuis e punhos fortes, bêbada no momento.

Eu e o Hanma estudamos no mesmo colégio e ele é o tipo de cara insuportável, um filho da puta que gruda chiclete no cabelo das meninas, ele fez isso comigo no sexto ano e eu nunca mais deixei o cabelo crescer, sorte a minha que isso me deixou ainda mais popular.

Quando entrei pro clube de luta do colégio isso me ajudou bastante também, mas enfim... Por que eu tô obrigando esse cara insuportável fedendo a cigarro a ficar comigo?

A resposta é simples, uma aposta.

Vencemos um campeonato mais cedo, nossa escola levou todas as categorias que participou, isso me deixou com três novas medalhas pra ostentar na segunda. Só que você sabe como são adolescentes, a gente decidiu ter uma noite de rebeldia, escapamos pra Shinjuku e lá a gente bebeu... Bebeu muito e ilegalmente.

Foi quando a gente começou a se arrastar por uns cantos estranhos, se tem canto estranho, tem a calopsita do inferno chamada Shuji Hanma.

— Olha só... Não são as crianças do clube de taekwondo? — ouvi ele comentando com o Kisaki enquanto acendia um cigarro. Até bêbada eu podia ter nojo disso.

— Criança é você, seu pau de vira tripa inútil — Minha amiga, Karui Satoshi, uma garota de orelha estourada e cabelo escuro muito cacheado grita com ele, ela estava muito bêbada.

— Que isso... Nem falei nada demais — mas o olhar maldoso dele se iluminou quando me viu — a gatinha da Karina está com vocês... Que coisa boa.

Como uma locomotiva fedida, ele passou pelos outros jovens bêbados do nosso grupo na minha direção. Essa é uma característica pessoal do Hanma... Ele sempre >>sempre<< pergunta se eu quero beijar ele!

Só que dessa vez foi diferente, ele chegou bem perto de mim, se inclinou na minha direção, afastou meu cabelo curto de frente do rosto e deu um sorriso... Ele estava tão em silêncio quando fez isso que eu nem tive reação.

— Toma cuidado pra voltar pra casa, tchutchuca — Ele dá um peteleco na minha testa, rindo enquanto se afasta.

Tchutchuca? Que porra é essa? A minha cabeça bêbada nem processou direito.

Depois disso ele é o Kisaki atravessaram a rua e entraram em um galpão estranho que parecia um fliperama fechado.

O grupo começou a rir.

— Ficou sem reação, Kaka? — um garoto perguntou rindo.

— Eu jurei que ele ia te beijar! — Karui faz questão de dizer o que eu não tive coragem de proferir nem em pensamento!

— Que nojo, vocês sabem que o Hanma é a última pessoa que eu ficaria por vontade própria — falei agitando minha mão, como se espantasse moscas ilusórias.

— Eu duvido você ir lá e agarrar ele — Que? Eu tive que encarar Mikitaka pra ter certeza, o garoto de cabelo loiro descolorido estava rindo.

— Meu pau no teu ouvido — eu não ia cair nessa tão fácil.

— Mesmo que pareça, você não tem pau, Karina — ele cruza os braços e perde um pouco o equilíbrio enquanto vem na minha direção — eu aposto a minha edição do Força G que você não tem coragem de beijar o Hanma.

Ele tá duvidando mesmo?

— Então deixa a revista bem separadinha pra mim — digo isso e começo a atravessar a rua mesmo com passos trôpegos.

Nas minhas costas, eu ouvi o pessoal gritando. Invadi aquele lugar pobre e escuro com um chute.

— Que isso, gatinha, vai brigar comigo nesse estado? — ele dá uma risadinha, mas eu percebo o sorriso sumir enquanto fico mais perto.

Foi um instante de silêncio antes de eu conseguir falar, eu tava tão perto que meu queixo poderia encostar no peito dele enquanto olhava pra esse maluco alto.

— Quer ficar comigo? — falei bem simples, piscando lentamente um olho de cada vez.

— Não — ele disse meio que na lata. Doeu no meu ego, sóbria e bêbada doeu o dobro.

Assim chegamos na situação do começo desse capítulo, eu não aceito esse não!
Ele vive pedindo pra me beijar, quando eu quero ele diz não!? Nem fodendo.

Eu entendo todas as implicações, mas a minha cabeça tava funcionando desse jeito.

Eu arrastei o Hanma lá pra fora, me lembro que ele tentou resistir mas eu ainda consegui levar o Shuji mesmo assim. Na frente dos meus amigos, eu roubei um beijo desse delinquente ridículo...

Foi o pior beijo da minha vida!
Tinha gosto de vodka de garrafa de plástico e cigarro barato.
Depois desse beijo tudo ficou meio slowmotion... Mas eu lembro que vomitei. Onde? Como? Alguém me ajudou?
Ata que eu lembro.

Só acordei dentro do trem na manhã seguinte.

— Que dor de cabeça — Murmuro sentindo a luz do sol no meu rosto

— Cala a boca — Karui estava sentada ao meu lado, com a cabeça entre os joelhos.

Eu juro, nunca mais eu vou beber na minha vida.

Tomei uma bronca horrível dos meus pais quando cheguei em casa, já eram oito da manhã quando isso aconteceu.

Eu dormi o domingo inteiro e estava ótima na segunda-feira, acordei cedo e cheia de energia. Por algum motivo, eu não lembrava que teria que encontrar Shuji Hanma de novo e ele com certeza vai se lembrar muito bem daquele sábado.

Cheguei na escola meio atrasada por ter ficado conversando na esquina com a Karui e uma menina de outro colégio.

Me separei da Karui em um corredor que tomamos lados opostos, depois disso eu só saí correndo pra chegar na sala antes de tomar uma anotação, pelo meu desespero ou mau caráter de outra pessoa, eu acabei tropeçando em um sapato jogado no MEIO DO CORREDOR.

— Opa, aonde você vai com tanta pressa, tchutchuca — a voz suave de maconheiro seguido por esse apelido ridículo já sugeriam a pessoa que me impediu de dar com o nariz no chão.

Hanma me segurou pela cintura e me botou de pé como se eu nem tivesse peso.

— A gente tem aula — eu dei uma gaguejada, já que bem aí eu tive um doloroso Flashback de sábado.

— A professora de matemática não vem, o tempo tá vago — ele estava muito calmo? E ainda não me largou!

— Que bom. Eu não precisava ter corrido tanto então — Empurro ele assim que me dou conta de que estamos no corredor.



Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma Onde histórias criam vida. Descubra agora