Menta!

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- Agora você bem que podia me dar um beijinho né - ele dá um sorrisinho folgado, ao mesmo tempo que seus dedos viciados se movem como se ele fosse agarrar um cigarro dentro da jaqueta.

O meu queixo caiu. Como assim ele quer me beijar agora e não queria aquele dia?

- Nem morta - vou batendo pé na direção da escada que subia para o terraço, estava com as bochechas fervendo de vergonha.

- Mas naquele dia... - Hanma grita no pé da escada, fazendo com que eu quase tenha um ataque do coração

- Cala a boca! - tento amenizar o tom dele - sobe! Vem logo!

Eu estava falando igual se fala com o seu cachorro quando ele faz merda ou foge de casa.

- Só se você prometer que vai me dar um beijinho - Ele fala apoiado no corrimão da escada.

- Tá, só vem logo - eu obviamente menti. Mas deu certo.

Ele subiu bem quieto, tanto quanto Shiju Hanma é capaz.

O colégio era meio caro, eu passei aqui no ensino médio com a bolsa de esportes, o Kisaki eu sei que tem dinheiro e o Hanma... Como esse cara estuda aqui?
O prédio que estudamos é o mais afastado do principal, as quadras de esportes são mais próximas, então do terraço temos vista pro campo de futebol e para a piscina aberta, além do extenso bosque do clube de jardinagem.

Enfim, finalmente eu ia poder perguntar o que estava fervendo na minha cabeça.

- Por que não quis me beijar naquele dia? - Cruzo meus braços, estava de costas pra ele, mas me virei assim que senti o cheiro de cigarro... Como que...?

- Porque você estava bêbada? - ele estreita os olhos por uns instantes antes de soltar uma nuvem de fumaça.

- Isso importa na sua ética? - dei uma risada forçada, isso não tem nada a ver com ele.

- Você vomitou em mim logo depois, acho que eu estava certo em não querer né? - ele me encara, eu nunca mais olharia na cara de alguém que vomitou em mim! Por que ele ainda tá encarando?

- Idiota - viro de costas de novo, tentando não me jogar daqui de tanta vergonha, meu Deus, eu acho que vou explodir!

Na minha crise de vergonha, não percebi que ele estava chegando perto, tanto que dei um pulinho quando senti sua mão em meu ombro.

- Nossa, eu não sabia que dava tanto medo assim - ele ri, soltando fumaça do nariz que nem um demônio calopsita.

- Você teleporta, assombração? - piso no pé dele, que não parece sentir nada.

- Talvez, agora cadê o beijo que você me prometeu? - ele se inclina, encostando o queixo no meu ombro.

Isso é assédio em algum grau.

- Eu vou vômitar em você de novo - eu estava quase rosnando pra esse garoto e ele não me larga.

- Se me beijar com tanta vontade que nem no sábado antes vale a pena jogar mais uma camisa fora - a respiração dele no meu ouvido me deixava... Coisada.

Me virei pra ele meio corajosa, agarrando seu uniforme e deixando ele bem perto, mas assim que encarei seus olhos eu perdi a coragem acho que nós dois perdemos, meus dedos tremiam e meu rosto ficou vermelho. Karina! Cadê a sua coragem? Não é tão difícil assim beijar o Hanma! Ele é um canalha, eu sei... Mas é um canalha alto... Com tatuagem estilosa... Um estilo de delinquente que mesmo que você não admita acha muito excitante...

Mas ele já colou chiclete no meu cabelo!
Isso foi a mais de três anos! Cola no dele depois e deixa o cara calvo, mas beija esse garoto!

- É tão difícil assim me beijar? - ele segura meu rosto depois de jogar o cigarro no chão e pisar em cima. Ele se recuperou do choque antes de mim, ele também pareceu atônito quando a gente ficou tão perto - precisa estar bêbada? Tá me magoando.

Ele dá um sorrisinho. MAS ESSE FILHA DA PUTA NÃO TOMA ATITUDE?

- Eu te odeio, Hanma - foi quando eu espirei esse pensamento, que eu consegui beijar ele.

Foi diferente do caos que eu pensei que era beijar o Shuji, não que eu tenha pensado muito nisso, longe de mim, mas foi calmo. A boca dele respeitava a minha e me deixou administrar, suas mãos seguraram a minha cintura com calma, ele não parecia com pressa pra me provar alguma coisa, até no momentos em que minha língua encostou na dele, nem o gosto do cigarro parecia não existir... E isso me deixou tão curiosa que parecia estar escrito na minha testa quando a gente se afastou.

- Cigarro de menta é uma bosta, mas serve pra isso - ele diz depois de rir da minha cara - você tava mesmo esperando beijar um cinzeiro, meu Deus você me odeia de verdade, esquentadinha.

Ele passa a mão pelo rosto, a tatuagem de "punição" era aparente.

- Eu literalmente disse isso! - Reviro meus olhos.

- não revira o olho assim que eu me apaixono - ele me deu um ódio, uma vergonha e outra coisa a mais tão forte que eu acertei um murro na cara dele e sai quase correndo dali.

Aí como eu te odeio Shuji!
Mas como eu amei te beijar... Eu realmente gostei. Que coisa horrível!

Quando deu a hora da segunda aula eu me sentei na minha cadeira e a Calopsita beijoqueira sempre se senta atrás de mim desde que eu me lembre, então não era o que estava me aborrecendo. O que me aborrece é essa hippie que dá aula de artes e quer que a gente fique fazendo rodinha pra desenhar coisinha em pontilismo!
"Tenho cara de artista agora nessa merda, eu só sei lutar moça! Ou você sabe lutar ou você pinta, não tem como fazer os dois!"

Eu disse isso pra ela? Não. Mas eu pensei.

Aquela maconheira saiu no começo da aula e não voltou mais e a gente não podia sair, ficou aquele clima de merda na sala já que toda hora um monitor passava e se a gente desfizesse o círculo eles iam encher o saco... Eu odeio a escola.

Foi nesse jogado as moscas que o Hanma me deu uma cotovelada.

- Que foi, porra? - perguntei tocando na minha costela acertada.

- Dá sua mão - ele estende os longos dedos pra mim.

- Não - retruco imediatamente.

- Da logo, porra - ele puxa a minha mão.

- tomar no cu - Resmungo mas não puxo a mão de volta, apoiando meu outro cotovelo na mesa e olhando pra o que ele ia fazer.

O Hanma só tinha um piloto preto, a minha mão e alguma merda de palhaçada na cabeça.

Mas ele parecia bem focado, eu não acredito que achei isso fofo. Mas era. Ele estava tentando fazer algo direito, quando me dei conta lá estava escrito no dorso da minha mão o kanji de "pecado" que nem o que ele tem em uma das mãos.

- Da a outra - ele estende a mão nem pareceu notar que eu encarava o desenho de antes - gostou?

Ele dá um sorrisinho ao ver que eu ainda olhava pra mão pronta.

- Não - Digo por puro orgulho mas entrego a outra mão pra ele, nessa eu sabia que viria o "punição" vai dizer que essas tatuagens não são estilosas pra quem tem mania de dar porrada nos outros?

Com a turma toda em círculo, não dá pra não dizer que ninguém viu... Eu tive que ouvir gente jogando piadinha o resto do dia, mas o "namoradinha do Hanma" dava uma vontade de beber veneno.

- zumbi idiota - Mostro meu dedo do meio quando passo por ele no corredor durante o intervalo das aulas.

- esquentadinha do meu coração - ele faz um coração usando seus dedos do meio... Mais uma habilidade inútil dessa pessoa inútil

Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma Onde histórias criam vida. Descubra agora