— Você tá namorando mesmo? — Karui não parou de reclamar durante o treino.— Pela quinta vez, sim — Estava me alongando para me preparar pra mais uma rodada, estamos nos preparando pra um campeonato que vai rolar na Coreia.
— As senhoritas tiveram um bom dia dos namorados? — Mikitaka chega todo pomposo e atrasado.
— O da Karina foi uma maravilha — Karui fez questão de pontuar isso antes de ir atrás do sensei.
— O que aconteceu? — aquele gordão diz todo animado se virando pra mim.
— Eu tô namorando, só isso — Reviro meus olhos, ajeitando meu quimono.
— Com o Hanma? — ele levanta as sobrancelhas.
— Sim, quer entrar pro bolão de quando eu vou tomar um chifre, a Karin diz que daqui a três meses eu descobro alguma coisa, a Karui já acha que a gente não vai tão longe e semana que vem ele já me meteu falha — digo meio impaciente, acertando um chute em um saco de pancadas próximo.
— Você sabe que elas estão com ciúmes né? — ele diz na maior calma do mundo.
— Do Shuji? — Sorrio meio sem entender bem, eu nunca tive notícias de que nenhuma delas queria ficar com ele.
— Não — ele solta uma risadinha anasalada e passa seu braço ao redor dos meus ombros — principalmente a Karui, ela gosta de você de um jeito diferente.
Ele sorri gentilmente e eu sinto um pouco de estranheza.
— Claro que não, ela é a minha melhor amiga. Não viaja — Empurro ele, mas mentalmente eu analisava certos comportamentos...
Ela tem ficado estranha desde que eu e ele começamos a sair mais, ela sempre procura ter contato físico comigo, sabe tudo que eu gosto, me dá coisas que eu preciso sem que eu diga nada... Mas eu imaginava que era algo de amiga.
Sabe quando você passa por uma emoção muito forte e sente seu estômago embrulhar, um enjoo bizarro que dá quando se sente nervosa? Foi exatamente a sensação, era a sensação de ser traída ou enganada. Ela era a minha amiga e isso não era real? Ela só sentia coisas com segundas intenções que eu nunca poderia corresponder?
Eu não tinha nojo dela, na verdade, eu não ligo que ela goste de meninas... Mas que goste de mim todo esse tempo sem ter dito nada! Nada, nesse momento, todo momento pareceu ter segundas intenções na minha cabeça, a imagem da nossa amizade não parecia pura.
Entende uma coisa, o Hanma sempre deixou bem claro o que ele queria comigo, isso deixava livre e bem explícito pra mim, assim eu podia cortar essas coisas e agir com ele mais livremente... Eu me sinto uma idiota por nunca ter notado isso.
— Valeu — Sorrio um pouco e volto a me focar no treino, vou continuar agindo normalmente com a Karu, é o melhor, eu gosto tanto da amizade dela.
Mesmo que agora não vá ser mais a mesma coisa.
O treino durou até umas oito da noite, tava super escuro quando deixamos o centro de treinamento e eu tô com as costas doloridas.
— Oi, Kakalinda — Karui chega de bom humor ao meu lado.
— Oi Karu — Sorrio levemente, tentando apagar da minha cabeça que ela gosta de mim, talvez o Mikitaka seja só um mentiroso idiota que estereótipa pessoas!
— Podia dormir lá em casa hoje — a ruiva empurra meu ombro, sorrindo meio animada — podíamos ver filmes e ai eu podia te convencer a ficar solteira de novo
Acabo rindo, que implicância!
— Não vai rolar, eu marquei com os meninos da Valhalla — Suspiro, eu tinha marcado com o Shuji, mas achei que ia ser meio mancada dizer isso — a gente vai ficar no mesmo quarto durante o campeonato, vai ter bastante tempo pra me fazer terminar com o meu namorado fumante e problemático.
Ela bagunça meus cabelos e eu corro pra saída, tinha uma moto me esperando.
— Olá, piloto de fuga — Digo sorrindo enquanto passo minha perna por cima da moto dele.
— Olá fugitiva — ele ri enquanto eu entrelaço meus dedos ao redor da cintura dele — Não precisa grudar tanto!
— Reclama e eu te corto no meio — Sorrio cinicamente e ele arranca com a moto.
A viagem na garupa do Hanma era o que dava pra chamar de emocionante, sério, quando você só vê ele andando não pensa que o Hanma dirige igual a um facínora! Sério, eu tive certeza que ia morrer em umas sete curvas! Toda vez que eu me manifestafa ele só gargalhava!
— Se você me bater a gente vai cair hein, dona Karina — depois disso eu tive certeza que quebramos a barreira do som antes de chegar na casa da avó dele.
Sim, a gente veio pra casa dele mesmo.
— Oi Senhora Hanma — Sorrio quando vejo a velhota na cozinha.
— Boa noite, querida — ela fala sorrindo, deixando um prato enorme de Guioza em cima da mesa, fazendo meu estômago roncar. — Não namoram nem a dois dias e o Shuji já te trouxe aqui, quanto você quer receber por estar endireitando o meu neto.
— Eu vou te internar — Hanma diz esfregando os olhos, pegando um óculos em cima da geladeira e colocando.
— Desde quando você usa isso? — isso é uma surpresa!
— Desde os onze anos, mas ele é teimoso e só usa em casa — a velha dedura o Shuji que fica com as bochechas coradinhas.
— Você ainda me ama usando essas armações horríveis? — ele perguntou brincando, as armações não eram horríveis, eram redondas e de tom dourado, combinava com ele.
— Eu não te amo nem sem elas — Assopro um beijo pra ele — Agora a gente pode sentar pra comer?
Faço biquinho enquanto a avó dele ri.
— Você me humilha na minha casa e ainda quer comer da minha comida? — Shuji põe a mão no peito, ultrajado e buscando apoio da vó que não vem, apenas ignorando ele — Eu mereço.
Ele puxa uma cadeira e sinaliza pra que eu me sente.
Confesso que eu sentei achando que ia tomar um tombão, ainda bem que ele não tá afim de matar no momento.— Shuji, eu contei que vou em um campeonato em outubro? — conto após comer mais um guioza, a Senhora Hanma já estava fazendo mais.
— Você vai estar de volta até o dia vinte e sete? — Ele tomba a cabeça, ele parecia meio chocado por eu ainda estar comendo.
— Saio do Japão no dia primeiro e só volto no primeiro de novembro — Levanto meus ombros.
— Você pode faltar tudo isso de aula só por causa de um campeonato tosco no raio que o parta? — ele cruza os braços, meio injuriado — Tô pensando em largar a fotografia, veia.
— Shuji, a sua câmera quebrou anteontem e você chorou — a velha denúncia ele, que ajeita os óculos.
— Agora eu vou tirar dinheiro do cu pra comprar uma nova — Ele ajeita os óculos. Eu tive uma ideia.
Terminamos de jantar, eu devo ter comido cinquenta daqueles pastéiszinhos deliciosos.
— Meu Deus, como você consegue — Hanma diz cutucando meu buchinho.
— Para caralho — Dou um tapa na mão dele, se eu risse iria explodir.
Eu não sei exatamente o que eu fiz, mas dei um perdido no Hanma pra combinar algo com a avó dele rapidinho.
— O que as duas estão fofocando aí? — ele nos assusta, aparecendo de repente na cozinha.
— Nada não — me viro pra ele — me leva pra casa logo que eu tô com sono
Apoio minha cabeça no peito dele, dando um gritinho quando Shuji me ergue facilmente.
— Quem disse que eu vou te deixar ir embora? — Ele pisca lentamente.
— Meu pai, que é policial — foi assim que eu acabei com a graça dele.
Fui levada pra casa bem rapidinho, acredita?
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Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma
Fanfiction" Vem cá, esquentadinha" "Eu te odeio, seu delinquente!"