Calopsita!

370 36 5
                                    


— Aqui vamos nós — esfrego uma mão na outra — Sabe como se joga Kisaki?

— Sei ué, você fala duas verdades e uma mentira e a gente tem que adivinhar qual é — ele tomba a cabeça, bebendo mais um pouco de sua garrafa que só ele tava bebendo — acertei?

Confirmo com a cabeça ao mesmo tempo que o Hanma, por nenhuma razão, eu roubo o cigarro que estava entre os lábios dele, ponho entre os meus e sem tragar nada eu devolvo... Acho que só tô me divertindo com o fato de provocar ele com beijos indiretos também. Eu percebi que ele demorou um pouco mais pra afastar a boca do cigarro depois que eu devolvi.

— Agora vamos começar — Estalo meus dedos — eu tenho recorde de chute mais alto do meu clube, tenho uma calopsita e eu já dormi uma noite no zoológico.

— O da calopsita é obviamente a mentira — Hanma murmura, soltando fumaça entre os lábios.

— Eu acho que é o do zoológico — Kisaki ajeita os óculos.

Faço uns instantes de suspense balançando as mãos.

— Os dois erraram! — Dou uma risada ao ver as caras deles — eu tenho o segundo chute mais alto do clube, o da Karui é mais alto, um metro e noventa, o meu é só um e setenta.

— Você tem uma calopsita? — os dois garotos perguntaram ao mesmo instante, esse é o mais chocante?

— Sim, o nome dela é Shuji — Cruzo meus braços.

— Tá falando sério? — Hanma quase segura o meu rosto.

— Não, o nome dela é pimentinha — Sorrio sacana.

– sua personalidade tá infectando ela, seu idiota — Kisaki fala com a voz meio mole já, ambos trocam singelos dedos do meio.

— Sua vez, Hanma — Empurro o ombro do grandão.

— Tá bom — ele joga a cabeça pra trás e leva uns instantes — eu queria jogar futebol quando entrei no colégio, já beijei uma professora e eu odeio cigarro de menta.

— Eu já sei a resposta! — Tombo a cabeça pro lado, entramos na escola na mesma época!

— essa é mais pro Kisaki mesmo — ele apoia a cabeça em cima da minha.

— A da professora é mentira — Ele diz tirando os óculos após um momento, ele realmente pareceu ter pensado muito nessa.

— Errou — Hanma e eu falamos ao mesmo tempo.

— Ele beijou uma professora no fundamental, a avó dele deu uns tapas nele na frente do colégio — Digo com a risada frouxa, me lembrando desse dia muito bem.

— então qual é a mentira? — ele se vira pro Hanma, estava mesmo curioso.

— O futebol — Hanma pousa a mão dele na minha perna, dou um tapa e ele afasta.

— E você sabia? — agora Kisaki se vira pra mim.

— Óbvio, a gente entrou por bolsa de esportes na escola — Levanto meus ombros — o Shuji entrou como rebatedor do time de beisebol... Ele era muito bom.

— Você jogava beisebol? — ele tá descobrindo isso só agora?

— Sim, eu queria jogar aquela porcaria pro resto da vida — Hanma boceja, fazendo o peso dele cair mais ainda sobre mim.

— Inclusive... — agora era minha vez de questionar — você não joga mais nada... Como mantém a bolsa?

— Fotografia... — ele levanta os ombros, se escorando em mim até eu puxar ele e deitar sua cabeça no meu colo — me inscrevo em tudo que é concurso por aí... Os prêmios são bons e a escola ganha uma publicidade com essas coisas.

Acho que esse é o tipo de coisa que o Hanma nunca diria no seu juízo perfeito, mas ele estava bêbado e quase dormindo.

— Fotos? — eu e Kisaki nos entreolhamos — eu nunca te vi tirando foto nenhuma.

— Eu não gosto de gente, não tiro foto de pessoas — ele se aconchega encostando seu rosto na minha barriga. — tiro de paisagens e animais... Disseram que eu sou bom... Sei lá

Com isso ele acaba dormindo, e eu estava sorrindo mesmo com as bochechas fervendo por ele estar assim em mim, eu podia sentir a respiração dele contra a minha pele. E eu não esperava que o Hanma fosse um bêbado bebe dorme.

— Vocês deixaram de ser amigos quando, Karina? — Kisaki parecia bem menos bêbado de repente.

— A gente nunca foi bem amigo, ele me perturbava e eu brigava com ele... Era um ciclo vicioso — meus dedos distraidamente faziam carinho nos cabelos dele.

— Entendi... Mas ele sempre falava de você como se fosse uma amiga ou alguém bem próxima — ele segurava seu queixo enquanto falava.

— Eu não odeio o Hanma, se você conhece esse cara de verdade é difícil de odiar — Sorrio um pouco — mas... Teve um momento que eu comecei a sentir muita raiva dele... Eu nem lembro direito quando

Comecei a pensar sobre isso, talvez quando ele colou chiclete no meu cabelo?
Eu não sei, mas eu me lembro bem da Karui falando muito mal dele.

Ficamos bem por uma hora ali em baixo até Hanma acordar totalmente recuperado.

— Você é mesmo um monstro — Digo quando ele levanta super  bem e me estende a mão.

— É zumbi — ele sorri e eu seguro sua mão pra levantar.

Mas se eu soubesse onde a gente ia parar, eu teria ficado bem em baixo da ponte.

O lugar da Valhalla era um fliperama xexelento, caindo aos pedaços cheii de adolescentes sem nada pra fazer.

Mas eu me diverti quando comecei a ignorar os garotos que eram como urubus me olhando e observei a mudança do Kisaki e do Hanma, Kisaki ficava super sério e Hanma parecia três vezes mais desequilibrado.

— Querem ir jogar videogame lá em casa? — Hanma pergunta quando finalmente podemos ir embora.

— Você só não quer apanhar da sua vó quando chegar em casa, pau de vira tripa — Digo de braços cruzados.

— Isso é verdade — Kisaki concorda comigo enquanto pega sua moto. — E eu tenho mais o que fazer hoje ainda... Então... Tô indo.

Ele meteu o pé muito rápido depois de dar tchau.

— tchutchuca — esse apelido ainda é horrível e nunca vai soar bem — podia me dar um beijinho de despedida né?

Ele sorri folgado e se inclina na minha direção.

— Claro que não — Viro meu rosto.

— Chatinha, esquentadinha, lindinha, gatinha — ele sorri ainda com o rosto perto do meu, ele me da um beijinho no rosto — Não sabe como me dá ódio quando eu lembro que demos mais beijos indiretos do que diretos

Ele Sussurra com uma voz muito mais rouca e provocante que o normal perto demais do meu ouvido, foi um reflexo que eu dei uma joelhada na barriga dele e fugi, sentindo minhas bochechas ardendo de vergonha enquanto o vento gelado batia no meu rosto, ele falando daquele jeito me dava uma sensação de falta de ar e ao mesmo tempo a necessidade de agarrar ele e beijá-lo até ficar sem ar de verdade!




Eu nunca vou dizer que te amo - Shuji Hanma Onde histórias criam vida. Descubra agora