03 - Penhasco

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"Eu fiz o que tinha que fazer."


POV Wanda Maximoff

Diante de Natasha, percebi que, mesmo distante de mim. Mesmo sem estar ao meu lado, ela era a pessoa que mais admirava em qualquer universo. Natasha Romanoff sempre seria a heroína que as crianças desejam ter nas lancheiras, nas capas dos cadernos e nos pôsteres das paredes.

Houve um tempo em que eu desejava ser como Natasha, mas percebi que nosso destino nos levou por caminhos diferentes.

Uma sensação de ameaça começou a surgir, e a necessidade de me proteger se fez presente. Desesperada e movida pelo medo, concentrei meus poderes em manipular o consciente de Natasha, envolvendo-a em um transe em que sua mente foi levada para um sono tranquilo e profundo. Coloquei delicadamente Natasha no sofá, posicionando-a confortavelmente para que pudesse descansar dormindo profundamente.

Não vou deixar mais ninguém tomar o que é meu. — Murmurei. — Me desculpe, mas nem você poderá me impedir.

Mesmo ciente de que o Strange, capaz de perceber claramente que eu não pertencia a este universo, estava morto, eu ainda precisava ser cautelosa. Natasha poderia não ser a única próxima a perceber isso.

Assim, concentrei-me em meu próximo objetivo. Ao retornar ao edifício onde, horas atrás, a batalha caótica havia ocorrido, me deparei com a devastação que minha explosão de poder havia causado. Robôs Ultron inoperantes jaziam no chão, estátuas e estruturas estavam em ruínas, e uma atmosfera de destruição permeava o local. Os corpos que eu havia deixado não estavam mais presentes, mas vestígios de seus sangue estavam por toda parte.

Enquanto observava a cena, meu foco foi rapidamente desviado quando Mordo se aproximou, vindo em minha direção.

— Você é qual? — Mordo olhou intensamente para mim. — A verdadeira ou apenas uma sombra distorcida?

Lágrimas encheram meus olhos enquanto eu olhava em volta para a devastação ao meu redor, evitando o contato direto com os olhos de Mordo.

— Eu não sei. — Com a voz embargada, respondi — Não sei como posso reparar tudo o que ela fez aqui. Eu não estava no controle.

Enquanto as lágrimas escorriam por meu rosto, olhei para Mordo, esperando encontrar compreensão ou talvez até mesmo uma oportunidade de me redimir diante dele e dos Illuminati.

— Onde está Natasha? Ela me disse que estava vindo encontrar você.

— Eu não a vi. — Balancei a cabeça — Assim que recuperei o controle sobre minha consciência, deixei os meninos dormindo e vim direto para cá. Não tive a chance de encontrá-la.

— Por enquanto, não há muito o que podemos fazer. — Ele olhou ao redor, avaliando a situação e o estado de destruição à sua volta. — Você terá que ser forte, pois as consequências do que a Feiticeira fez aqui recairão sobre você. — Mordo voltou a olhar para mim.

— Eu preciso voltar. Os meus filhos podem acordar, e eu não quero deixá-los sozinhos por muito tempo. — Disse.

Mordo assentiu com a cabeça, demonstrando compreensão. Ele colocou uma mão no meu ombro, transmitindo apoio.

— Cuidado, Wanda. Você precisa manter sua mente forte. A Feiticeira pode voltar e tentar influenciá-la novamente. Mantenha-se vigilante e não deixe que ela tome controle.

— Estou ciente disso. — Respondi com determinação. — Minha prioridade agora é proteger meus filhos e encontrar uma maneira de reparar o que foi feito.

Enquanto me preparava para partir, senti uma mistura de ansiedade e esperança. Sabia que Mordo, de alguma forma, achou que eu era a Wanda daquele universo. E isso me deixava um passo à frente de qualquer um que poderia questionar.

Voei de volta para casa, ao entrar pela porta do quarto, meu coração se encheu de alívio ao ver que os meninos ainda estavam dormindo tranquilamente. E na sala meus olhos se voltaram para o sofá, onde Natasha ainda descansava. Me aproximei suavemente e observei, notando os detalhes de sua aparência. Natasha vestia roupas pretas que ressaltavam suas curvas marcantes. Seus cabelos começavam com uma raiz ruiva intensa, que gradualmente se transformava em um tom alaranjado e, finalmente, se espalhava em mechas ruivas novamente. Mesmo em seu sono, Natasha emanava força e beleza.

Enquanto me aconchegava no sofá ao lado, uma súbita sensação de tontura me envolveu. Meu corpo parecia pesar mais, como se estivesse sendo arrastado para baixo por uma força invisível. Confusa e desorientada, levei a mão à testa, sentindo uma pressão pulsante atrás de meus olhos. Uma sensação úmida e metálica escorreu por minhas narinas. Com horror, vi minhas mãos manchadas de vermelho quando percebi que meu nariz estava sangrando. A onda de pânico e confusão me envolveu enquanto eu tentava entender o que estava acontecendo.

Instantaneamente, minha mente voltou para os eventos tumultuados do dia: a troca de corpos com a Wanda, os poderes usados contra os iluminates e os feitiços complexos que haviam sido lançados. Uma suspeita surgiu em minha mente turva enquanto eu lutava para me concentrar: eu tinha usado meus poderes além dos limites, exaurindo minhas reservas de energia e deixando-me exausta e vulnerável.

Com um esforço tremendo, tentei me levantar do sofá, mas minhas pernas pareciam feitas de gelatina, incapazes de suportar meu peso. Fechei os olhos, buscando desesperadamente clareza em meio à confusão. O sangue continuava a escorrer, uma lembrança constante de minha nova fraqueza.

Respirando fundo, forcei-me a aceitar a realidade de minha condição. Precisava descansar, recarregar minhas energias, sem lutar mais. Permiti-me afundar de volta no sofá, entregando-me à escuridão que se aproximava.

Horas depois, despertei com os primeiros raios de sol vindos pela janela da sala, banhando o ambiente em uma suave luminosidade matinal. Estiquei meus braços em um bocejo sonolento, meus olhos se ajustando lentamente à claridade. Meu olhar vagou pela sala, buscando a figura de Natasha, que ainda repousava tranquilamente.

Enquanto observava, um zumbido insistente chamou minha atenção para o bolso de Natasha, de onde emanava uma vibração constante. Curiosa, estendi a mão e retirei o celular do seu bolso, notando o nome Stark piscando na tela. Uma pontada de surpresa e especulação me atingiu. A simples menção de meu nome despertou uma série de memórias em mim.

Desligando a chamada, notei uma quantidade significativa de notificações não lidas:

26 mensagens.
08 chamadas perdidas.

Uma sensação de apreensão tomou conta, pois eu sabia o motivo por trás dessas tentativas incessantes de contato.

Por enquanto, eu fico com isso — murmurei para mim mesma, guardando o celular em minha cintura.

Percebi que a casa estava estranhamente quieta, um indicativo de que os meninos ainda estavam dormindo. Com um sorriso bobo, subi as escadas silenciosamente em direção ao quarto dos meninos. Abri a porta com cuidado e encontrei Billy e Tommy dormindo tranquilamente em suas camas.

Aproximando-me dos meninos, acariciei suavemente seus cabelos.

 — Eu senti tanta falta disso. — Uma lágrima solitária escapou de meus olhos. — Tudo que perdi é meu novamente.

Depois de verificar o bem-estar dos gêmeos, deixei o quarto e retornei à cozinha. Sem recorrer aos meus poderes, comecei a preparar uma refeição especial para meus filhos. Preparei ovos mexidos, bacon crocante, torradas frescas e suco de laranja. O aroma delicioso da comida logo se espalhou pela casa. Arrumei a mesa com cuidado, colocando os pratos, talheres e copos para os meninos e para mim.

Quando tudo estava pronto, chamei os meninos para a mesa. Eles desceram sonolentos, mas felizes ao ver a mesa arrumada. Com sorrisos nos rostos, elogiaram a comida enquanto saboreavam cada pedaço.

Emerge | Wantasha ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora