19 - O Traidor

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POV Natasha Romanoff

O amanhecer chegou silencioso em Paris. O fraco brilho da luz do sol penetrava as cortinas do quarto de hotel, lançando sombras suaves nas paredes. Acordei lentamente, cuidando para não fazer nenhum som que pudesse despertar Wanda ou Yelena. Ao sair da cama, observei as duas dormindo tranquilamente, suas respirações ritmadas e serenas. Um raro momento de paz.

Depois de me vestir rapidamente, saí do quarto com passos leves. Eu precisava de um momento para pensar, um momento longe das tensões que pairavam sobre nós.

Desci as escadas e saí do hotel, sentindo a brisa fresca da manhã em meu rosto. A cidade ainda despertava, e as ruas estavam relativamente calmas. Coloquei os fones de ouvido e comecei a correr pelas ruas estreitas de Paris, aproveitando o momento para organizar meus pensamentos. No entanto, minha corrida não era apenas um momento de alívio; eu tinha um encontro marcado com um informante que havia me mandado uma mensagem na noite anterior, anonimamente.

A localização era discreta: uma pequena cafeteria escondida em uma viela. Entrei, o sino na porta tilintando suavemente para anunciar minha chegada. Sentei-me em uma mesa no fundo, observando os poucos clientes matinais enquanto esperava.

Logo, um homem de meia-idade com um sobretudo cinza entrou na cafeteria. Ele olhou ao redor antes de seus olhos encontrarem os meus. Ele se aproximou e sentou-se à minha frente, sem perder tempo com apresentações desnecessárias.

— Natasha Romanoff, certo? — Ele perguntou em um sussurro.

— Sim. — Respondi, mantendo minha voz baixa.

— Tenho algo que pode mudar o rumo da sua missão. Há um traidor entre vocês. — Ele colocou um envelope sobre a mesa. — Isso contém dados sobre o paradeiro dos equipamentos que procuram. Eles não estão em Paris, essa missão é uma emboscada.

Minhas sobrancelhas se arquearam em surpresa.

— Emboscada? — Perguntei, tentando manter a calma.

— Sim. — Ele sussurrou, olhando ao redor nervosamente. — Eles estão esperando que vocês se aproximem para atacá-las. Precisam sair de Paris imediatamente.

Abri o envelope e comecei a examinar os documentos. Era muito para processar de uma vez, mas a gravidade da situação era clara. Precisávamos agir rápido e com cautela.

— Por que está me dizendo isso? — Perguntei, estreitando os olhos. — O que você ganha avisando-nos sobre a emboscada?

Ele hesitou por um momento, o nervosismo evidente em seu olhar.

— Tenho meus motivos. — Disse finalmente. — Vamos apenas dizer que não gosto de traições e tenho um interesse pessoal em garantir que vocês sobrevivam a isso.

— Interesse pessoal? — Perguntei, cética. — Isso não é suficiente. Preciso de mais detalhes.

— Há coisas que você não entende, Romanoff. — Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Há mais em jogo aqui do que você imagina. Mas se você quer um motivo, digamos que tenho contas a acertar com certas pessoas envolvidas.

— E o que você quer em troca? — Pressionei, sabendo que nada vem de graça.

Ele me olhou nos olhos, a intensidade de sua expressão revelando a seriedade de suas palavras.

— Quero que vocês destruam essa operação. Acabem com isso de uma vez por todas.

Eu não confiava completamente nele, mas não podia ignorar a urgência e a sinceridade em suas palavras. Se havia uma traição em nosso grupo e uma emboscada nos esperando, precisávamos agir.

— As coisas estão prestes a ficar muito mais perigosas.

Antes que eu pudesse responder, um som agudo de tiro cortou o ar. O informante foi atingido e caiu para trás, seus olhos se arregalando em choque. Instintivamente, joguei a mesa à nossa frente, usando-a como cobertura contra a rajada de balas que se seguiu. O café se transformou em um caos, com clientes gritando e se escondendo.

Mantendo-me abaixada, rastejei para trás do balcão, sentindo o impacto das balas que atingiam a madeira ao meu redor. O tiroteio parou por um momento, e ouvi passos pesados se aproximando. Com o coração acelerado, preparei-me para o combate corpo a corpo.

Quando a silhueta do atirador apareceu ao lado do balcão, eu ataquei. Consegui desarmá-lo e iniciamos uma luta. Cada movimento era calculado, cada golpe tinha que ser preciso. Finalmente, consegui derrubá-lo, mas ele pegou uma faca que estava no chão e a cravou na minha perna antes de fugir.

A dor era intensa, mas eu me forcei a levantar e mancar até o informante.

Ele estava morto.

Engoli em seco, sentindo a urgência da situação se intensificar ainda mais. Segurando a ferida na perna, sabia que precisava voltar ao hotel e avisar Wanda e Yelena. A situação estava fora de controle, e agora, mais do que nunca, precisávamos estar unidas para sobreviver.

Consegui parar um táxi na rua, a expressão do motorista se contorcendo em preocupação ao ver meu estado.

— Hôtel Mer bleue, rápido. — Disse, minha voz firme apesar da dor.

Enquanto o táxi corria pelas ruas de Paris, peguei meu telefone e liguei para Tony. Ele atendeu após o primeiro toque.

— Natasha?

— Tony, precisamos de um avião o mais rápido possível. É uma emboscada. Precisamos sair de Paris imediatamente.

— Vou providenciar um jato para vocês. Encontre no aeroporto em uma hora.

— Estou com uma faca fincada na perna, preciso de um médico também. — Desliguei e pressionei minha perna, tentando conter o sangramento.

O táxi parou em frente ao hotel e eu saí mancando, ignorando o olhar curioso do recepcionista. Subi rapidamente as escadas e entrei no quarto. Wanda e Yelena ainda dormiam, mas isso não duraria muito.

— Wanda, Yelena, acordem! — Disse, minha voz carregada de urgência.

Elas se levantaram de imediato, olhos arregalados ao ver meu estado.

— O que aconteceu? — Perguntou Wanda, sua voz cheia de preocupação.

— Não temos tempo para explicar agora. Precisamos sair de Paris imediatamente. A missão é uma emboscada. Vamos, temos que ir para o aeroporto agora.

Enquanto elas se preparavam rapidamente, minha mente estava focada em um único objetivo: sobreviver e proteger a todos.

No entanto, enquanto tentava manter a calma, comecei a sentir a perda de sangue afetando minha visão. Tudo ao meu redor começou a girar, e as vozes das minhas companheiras pareciam distantes e abafadas. Antes que eu pudesse reagir, vi Wanda se aproximando rapidamente, sua expressão de pânico nítida.

Ela segurou meu rosto, os olhos dela examinando cada detalhe meu em busca de sinais de piora.

— Natasha, você está bem? — Perguntou ela, a preocupação evidente na voz.

Tentei responder, mas minha visão ficou turva e minhas pernas cederam. O mundo ao meu redor escureceu, e eu desmaiei.

Acordei com um sobressalto, meu corpo todo dolorido e a perna latejando intensamente. Olhei ao redor, tentando me situar, e percebi que estava dentro de um avião. O som constante dos motores e a sensação de movimento confirmaram que estávamos em voo. Minha perna estava enfaixada, o curativo feito com precisão e cuidado.

Virei a cabeça lentamente e vi Wanda sentada ao meu lado, segurando o envelope que o informante havia me dado. Ela estava concentrada, examinando os documentos com uma expressão de preocupação misturada com alívio ao me ver acordar.

— Você está bem? — Perguntou ela, a preocupação em seus olhos claros.

— Estou... um pouco tonta, mas vou sobreviver. — Respondi, minha voz saindo um pouco rouca. — O que aconteceu?

— Depois que você desmaiou, Yelena e eu fizemos o possível para te estabilizar e sair do hotel sem chamar atenção. Tony providenciou o avião e um médico a bordo. Ele cuidou da sua perna. — Explicou Wanda, mantendo a voz calma, mas não conseguindo esconder o tremor leve.

— Obrigada. — Murmurei, sentindo uma onda de gratidão e cansaço ao mesmo tempo. — E o envelope?

— Estou lendo. — Disse ela, segurando os papéis. — Parece que nosso informante estava dizendo a verdade. Há detalhes sobre a emboscada e informações sobre um traidor no nosso meio.

— Isso é grave. — Respondi, tentando processar tudo. — Precisamos descobrir quem é esse traidor e desmantelar essa operação. Mas antes de tudo, precisamos garantir que estamos seguras.

— Sim, Tony está nos levando de volta, ai podemos nos reorganizar e planejar nossos próximos passos. — Disse Wanda.

— E quanto a Yelena? — Perguntei, olhando ao redor.

— Ela está na cabine do piloto, garantindo que tudo esteja sob controle. — Respondeu Wanda, tentando sorrir para me tranquilizar.

Respirei fundo, sentindo a tensão começar a diminuir um pouco. Estávamos longe de Paris, e pelo menos por enquanto, em segurança.

— Precisamos ser cuidadosas. — Murmurei, fechando os olhos por um momento. — Não sabemos em quem podemos confiar.

— Eu sei. — Disse Wanda. — Vamos descobrir quem está por trás disso.

Assim que chegamos à sede dos Vingadores, relatei o incidente em detalhes a Tony. Entreguei a ele o envelope contendo os documentos sobre a emboscada e o traidor, garantindo que nossa conversa fosse realizada em um local privado, longe de olhares e ouvidos curiosos.

Tony pegou o envelope e o examinou cuidadosamente, seu rosto sério e concentrado demonstrando que ele estava levando a situação a sério.

— Vou investigar isso imediatamente — ele declarou, com a voz firme. — Se houver um traidor entre nós, precisamos descobrir quem é e detê-lo antes que cause mais danos.

Concordei com um aceno de cabeça, sentindo-me aliviada por ter o apoio de Tony. Sabia que ele não pouparia esforços para resolver o problema e proteger a equipe.


POV Wanda Maximoff 

— Mamãe! — Exclamam eles em uníssono, seus braços se envolvendo em torno de mim em um abraço caloroso.

Meu coração se enche de alegria ao vê-los, e por um momento, esqueço todas as preocupações que me assombravam.

— Meus Meninos — Digo, me abaixando para ficar na altura deles.

— Mamãe, podemos ir à quadra de futebol? Victor disse que ele e você nos levariam para um jogo!

Olhei para Victor, que acenou animadamente com a mão.

— Claro que sim! Vamos nos divertir juntos.

— Meninos, eu prometi, mas acredito que a mãe de vocês está cansada da viagem, vamos outra hora. — diz Victor, aproximando-se mais.

— Está tudo bem. — digo, sorrindo para eles. — Não se preocupem comigo. Vamos nos divertir agora. Quem está pronto para marcar alguns gols?

Os meninos olham para mim com um misto de alívio e empolgação, ansiosos para começar um jogo. E eu precisava disso, longe de tudo e perto dos meus filhos.

— Por que voltou tão rápido de Paris, Wanda? — perguntou Victor, com um olhar curioso enquanto íamos pegar a bola para a quadra.

— Houve alguns contratempos — respondi, tentando manter um tom leve. — Mas não se preocupe.

Victor assentiu, colocando a mão em meu ombro.

— Bem, estou feliz por tê-la de volta conosco.

— Obrigada. — Um sorriso de gratidão se espalhou pelo meu rosto.

— Você viu Pietro por ai? — Perguntei.

— Apenas sei que eles sairam, desculpe.

— Tudo bem.

O resto do dia foi preenchido com risadas contagiantes, corridas desajeitadas e muitos gols roubados. Entre brincadeiras animadas e momentos de descontração, nos divertimos como há muito tempo não tínhamos feito.

Em alguns momentos do jogo, eu e Victor nos encarávamos rindo, compartilhando uma conexão especial que só nós entendíamos. No entanto, havia momentos em que sua abordagem se tornava um tanto invasiva, quando ele me segurava pela cintura para me impedir de pegar a bola, isso me deixava desconfortável.

— Wanda, se eu soubesse que sua presença traria tanto sol, teria implorado para você voltar mais cedo de Paris.

Enquanto Victor soltava sua cantada, meus olhos capturaram uma cena nos bastidores: Natasha observava tudo com um semblante de raiva, os punhos cerrados e os lábios apertados. Seu olhar parecia transmitir uma mistura de frustração e desaprovação, deixando claro que ela não estava satisfeita com a situação.


POV Natasha Romanoff

— Aposto que o traidor é o Victor. — Falei com meu olhar se fixando na cena na quadra. — Ele sempre parece tão ávido por informações e oportunidades. E agora, tão próximo de Wanda... parece conveniente demais.

Yelena arqueou uma sobrancelha, soltando uma risada divertida.

— Natasha, sempre suspeitando do pior em todos nós. Mas quem sabe? Talvez ele só queira ser o queridinho da Wanda. Você não acha?

— Não é sobre ser queridinho, Yelena — respondi, minha voz assumindo um tom mais sério. — É sobre segurança e confiança. E se Victor está tentando se infiltrar em nossa confiança enquanto colocamos em risco a segurança de todos?

Yelena apenas deu de ombros, sem parecer muito preocupada.

— Relaxe, Natasha. Acho que você está pegando pesado demais.

Respirei fundo, tentando controlar minha irritação, mas a sensação de desconfiança ainda pairava em minha mente. Eu não conseguia simplesmente ignorar minhas suspeitas, especialmente quando a segurança da equipe estava em jogo.

Observei enquanto todos saíam da quadra, aproveitando o momento para seguir Wanda sem dizer uma palavra para Yelena, que perguntou para onde eu ia e foi ignorada. Mancando, vi Wanda sair do quarto dos meninos, dando-lhes instruções para tomarem banho direito e lavarem atrás das orelhas. Quando ela fechou a porta, não perdi tempo.

— Temos um traidor entre nós, e a primeira coisa que você faz quando volta é socializar com um suspeito? — disse, minha voz carregada de frustração e desconfiança.

Wanda me olhou chocada, seus olhos se arregalando com minha acusação.

— Natasha, eu fui brincar com os nossos filhos — disse ela, sua voz soando surpresa e um pouco magoada. — Isso não tem nada a ver com o que está acontecendo.

— Eu sei que você estava com os meninos, Wanda. Mas você não acha que deveríamos estar mais atentas do que nunca, especialmente depois do que descobrimos? — respondi, mantendo minha voz firme, mas tentando conter a intensidade da minha expressão.

— Natasha, eu juro que estou tentando. Mas parece que cada vez que encontro um momento de paz, você transforma tudo em um inferno com suas acusações e julgamentos. Por que não podemos passar um único dia sem brigar? Me diz.

— Se você quer paz, então saia da sede.

Wanda concordou com a cabeça em resposta às minhas palavras, e antes que pudesse continuar.

— O que? — Yelena interrompeu.

Yelena puxou meu braço, lançando-me um olhar de reprovação.

— Pare de ser louca, Natasha. Você está deixando o ciúmes falar mais alto — disse ela com firmeza.

Eu neguei com veemência, sacudindo a cabeça.

— Não é ciúmes, Yelena. Eu só estou preocupada com a segurança de todos nós. — respondi, tentando fazer com que ela entendesse.

— Natasha, não é assim que as coisas funcionam. — disse ela com firmeza. Em seguida, soltou meu braço e virou-se para Wanda. — Você não vai sair daqui, a sede é o lugar mais seguro para você. Ela esta louca.

Wanda concordou com a cabeça em silêncio e então se virou, indo em direção ao quarto sem olhar para trás.




Nota: Descupa a demora estou em semanas de provas e trabalhos na faculdade...

Emerge | Wantasha ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora