11 - Entre Caos e Tumultos

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Você quebra as regras e se torna um herói. Eu quebro e me torno a inimiga. Não me parece justo..."


POV Wanda Maximoff

Os murmúrios do público do lado de fora do tribunal eram audíveis. Algumas pessoas chamavam-me de assassina, o que apenas aumentava minha ansiedade e desconforto diante da situação. Naquele momento tenso, apesar de estar cercada por centenas de pessoas e ter algumas delas ao meu favor, sentia-me terrivelmente sozinha. Um vazio se instalou em meu peito, como se eu não pertencesse àquele lugar, e de fato, não pertencia.

Olhei para Natasha ao meu lado, sentindo-me nervosa e impotente. Por impulso, tentei segurar sua mão em busca de apoio, mas ela a retirou com firmeza, mantendo a expressão séria. No fundo, ela queria estar ao meu lado, apoiando-me, mas ao mesmo tempo, havia uma tensão profunda entre nós devido às circunstâncias complexas que nos cercavam. Natasha se sentia acuada e em uma posição extremamente delicada. Ela sabia que estava apoiando a mulher que havia feito tantas coisas questionáveis, a mulher que havia roubado a vida de outra pessoa e causado a morte de alguns membros importantes do seu universo.

Desviando de Natasha, percebi que Tony nos observava com apreensão do outro lado da sala. Ao lado de Tony, estava Christine Palmer, que havia se posicionado a favor de mim, o que foi crucial para o processo.

— Wanda Maximoff, em vista das circunstâncias únicas que envolvem o seu caso, foi decidido que você terá permissão para viver em sociedade, no entanto, você está sujeita a certas precauções e restrições em relação aos seus poderes e sua presença. — Mordo olhou para mim suspirando. — Primeiro, ficara proibida de utilizar seus poderes sem permissão ou supervisão direta. Isso significa que qualquer uso de suas habilidades deve ser autorizado e monitorado.

Mordo continuou com um olhar firme.

— Segundo, um dispositivo de rastreamento será implantado em você para monitorar sua localização em tempo real. Isso garantirá que saibamos exatamente onde você está em todos os momentos. Descumprir esse monitoramento não será tolerado.

Enquanto Mordo explicava a segunda restrição, um silencioso robô de metal cromado aproximou-se de mim. Seus dedos mecânicos seguraram meu pulso com firmeza, e um pequeno dispositivo de monitoramento, com uma luzinha piscante no centro, foi implantado em minha pele. A luzinha verde emitia um brilho suave, indicando que o dispositivo estava funcionando. Senti um arrepio quando o aparelho se prendeu a mim, como se uma parte da minha liberdade estivesse sendo retirada naquele momento. Engoli em seco, forçando-me a aceitar a dura realidade das restrições que estavam sendo impostas sobre mim.

— Terceiro, você está sob toque de recolher. Você deve permanecer em sua residência ou em uma localização designada durante as horas especificadas. Isso é necessário para garantir sua presença onde for necessário e evitar que saia sem autorização. — Mordo olhou nos meus olhos com seriedade. — Essas restrições são essenciais para garantir a segurança daqueles ao seu redor e para evitar o uso irresponsável de seus poderes. Qualquer violação dessas precauções resultará em ações adicionais dos Illuminates. Certifique-se de entender a gravidade da situação e cumprir rigorosamente essas medidas. — Mordo deu as costas para todos presentes e saiu apressadamente, deixando algumas pessoas chamando por ele.

Eu senti um nó na garganta com a gravidade das palavras de Mordo. Estava sendo concedida uma segunda chance, mas era uma segunda chance com uma corda apertada em volta do meu pescoço.

Após o término do julgamento e a dispersão das pessoas, seguimos Tony, que mencionou que a entrada do tribunal estava lotada de pessoas protestando contra a decisão de me deixarem livre. Saímos do tribunal, enfrentando o tumulto do lado de fora. O carro de Stark avançava lentamente pela multidão, com Happy no volante, e o barulho ensurdecedor das vozes daqueles que protestavam contra a decisão dos Illuminates preenchia o ambiente.

Eu estava inquieta, olhando para fora da janela e vendo as pessoas gritando meu nome e lançando palavras de raiva em minha direção. A hostilidade da multidão me fez tremer de medo, e meu coração acelerou. Ao meu lado, Natasha notou imediatamente meu estado. Era raro me ver tão assustada, e aquilo a preocupava profundamente. Sem pensar duas vezes, ela segurou minha mão em busca de conforto. Para surpresa de ambas, eu não esperava aquele gesto e me assustei, meus olhos se encontrando com os dela.

Tony, que estava no banco da frente, observava silenciosamente a cena pelo retrovisor. Ele percebeu a expressão séria de Natasha e o gesto de apoio que ela ofereceu a mim. 

Ciente de que Tony estava observando, Natasha tentou agir com naturalidade. Se aproximou de mim e sussurrou suavemente: Vai ficar tudo bem meu amor. Ja estamos indo embora.

A palavra "amor" me fez piscar algumas vezes em surpresa. Eu não estava acostumada com demonstrações de carinho vindas de Natasha.

Natasha aproximou-se lentamente, seus lábios quase roçando nos meus. Senti uma corrente elétrica percorrer meu corpo, quando os lábios de Natasha tocaram os meus. Foi um beijo breve, mas meu coração disparou, e experimentei uma sensação de calor que me envolveu por completo.

Eu desejava prolongar aquele momento, mas a presença de Happy no banco da frente a fez interromper o beijo.

— Bem, pelo menos o trânsito está mais emocionante hoje, não é mesmo? — Happy, o motorista de confiança de Tony, soltou uma risada discreta e comentou, tentando aliviar a tensão que pairava no carro.

Sua tentativa de aliviar a tensão arrancou um leve sorriso de Natasha, mesmo que sua expressão ainda estivesse tensa.Eu, por outro lado, senti meu rosto esquentar ligeiramente com o gesto inesperado de Natasha, enquanto Tony apenas soltou um suspiro. Ele parecia intrigado com a interação entre Natasha e Eu.

O carro de Tony Stark continuou avançando pela multidão, afastando-se daquele tumulto. Chegamos em casa, e Natasha e eu não trocamos nenhuma outra palavra durante o trajeto, exceto para discutir onde estavam as coisas que precisávamos colocar nas malas. Depois de arrumarmos tudo, agradecemos o trabalho da babá e voltamos para o carro. Os gêmeos não paravam de perguntar onde estávamos indo, onde estávamos antes e por que demoramos tanto. Ambas trocávamos olhares, e Tony era quem respondia às incessantes perguntas dos meninos enquanto o carro avançava em direção ao complexo dos Vingadores. O clima no veículo ainda estava tenso, e a curiosidade dos gêmeos apenas acrescentava mais uma camada de complexidade a uma situação já carregada de caos.

Emerge | Wantasha ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora