02 - Terra-838

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"Se você soubesse que existe um universo em que você é feliz, não gostaria de ir pra lá?"


POV Wanda Maximoff-616 (Feiticeira Escarlate)

Pisquei lentamente, tentando trazer clareza ao mundo ao meu redor, mas tudo ainda parecia distante, como se eu estivesse olhando através de um véu nebuloso. A sensação do corpo da minha oura versão era estranha e desconhecida, cada movimento parecia desajeitado e descoordenado. Acostumada ao peso do poder do Darkhold, agora desprovida dele, sentia-me pequena, frágil e vulnerável.

As lágrimas da outra Wanda ainda marcavam minhas bochechas, testemunhas silenciosas de seu desespero. Era avassalador experimentar as emoções de outra pessoa de forma tão íntima. A culpa me consumia enquanto encarava as consequências dos meus próprios atos. No entanto, era tarde demais para lamentações.

Olhei para os meninos, escondidos nas sombras, seus olhos cheios de medo e desconfiança. Estendi os braços, convidando-os a se aproximarem, enquanto meu coração martelava com medo do que poderia ser suas reações.

— Venham, meninos, está tudo bem. — Assegurei. — A mamãe está com vocês agora.

Ainda com lágrimas nos olhos, um a um eles se aproximaram e se aconchegaram em meus braços. Os abracei com firmeza, envolvendo-os em uma proteção contra a cena caótica que nos cercava.

Experimentando uma rara sensação de união familiar, um sorriso sincero se formou em meus lábios, transbordando de gratidão pela presença dos meus filhos. Beijei carinhosamente o topo de suas cabeças, transmitindo amor e conforto. Envoltos em um abraço caloroso, senti-me inundada por uma felicidade há muito tempo esquecida.

Enquanto estava abraçada aos meninos, notei um pequeno porta-retrato no chão, próximo a nós. O vidro estava quebrado, revelando uma imagem embaçada. Curiosa, me inclinei para pegá-lo, e à medida que me aproximava, minhas feições se iluminaram de surpresa.

Na fotografia, capturada em um dia natalino, vi uma cena linda. Era Wanda, com um sorriso radiante no rosto, envolvendo com ternura os gêmeos nos braços. Ao lado deles, havia uma mulher que reconheci imediatamente.

Natasha. — A imagem quebrada no porta-retrato não diminuía a intensidade das memórias que ressurgiram em mim. Com os olhos marejados, acariciei a imagem com cuidado, como se pudesse reconstruir as lembranças das quais não vivi daquele retrato.

Mamãe, aquela bruxa vai voltar? — Billy sussurrou tentando não transparecer seu medo.

— Não se preocupem, não vou deixar nada acontecer com vocês. — Abracei ainda mais meus filhos, unindo-me com carinho e proteção. — Eu prometo.

Ainda segurando o retrato com firmeza, sentindo as bordas ásperas e quebradas sob meus dedos trêmulos, me preocupei com os gêmeos, mesmo desejando prolongar nossa reunião pela madrugada. Já era madrugada e eles precisavam dormir, Tommy expressou medo enquanto eu pedia para eles irem para cama. Garantindo-lhes segurança e prometendo companhia após as tarefas de higiene, os meninos, seguiram para o banheiro sem demora. Enquanto isso concentrei-me em minha nova sala, decidida a arrumar a bagunça ao meu redor.

Ergui suavemente as mãos e, com meus poderes, fiz com que os objetos espalhados voltassem aos seus devidos lugares. Os livros se acomodaram nas prateleiras, os porta-retratos encontraram seus lugares e os móveis voltaram a se posicionar corretamente. Minha energia fluía de maneira suave e precisa, trazendo ordem e harmonia para o ambiente. Enquanto arrumava, notei um pedaço da escada que estava quebrado. Concentrei meus poderes naquele ponto específico, e a madeira quebrada começou a se fundir e se reestruturar. Gradualmente, a escada foi restaurada à sua forma original, como se o dano nunca tivesse ocorrido.

Emerge | Wantasha ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora