Cap. XIII- You love me?

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- Loren Silver -
[1660s]

Após Lucy sair com James para resolver seja lá o que for, continuo ajudando-a com o preparativo de seus convites. Não se passa muito tempo até que eu escuto passos fortes pelos corredores da casa.

Me levanto e me escoro na porta e vejo James passar como um furacão, fico no patente e Lucy aparece, ela está com o semblante meio desesperado e completamente nervoso.

— Aconteceu alguma coisa? — Questiono com toda a calmaria do mundo.

— Apenas alguns problemas — Ela está estranha e sua voz está rígida demais, ela caminha até Severo e eu a sigo. Ela pega suas luvas e seu manto e os veste. — Vamos dar uma pausa. — Ainda a observo confusa com uma de minhas sobrancelhas arqueadas. — Descanse minha irmã — Ela passa as pontas dos dedos sobre meu rosto e logo sai rapidamente, como se não quisesse uma resposta.

Algo sério deve ter acontecido para James e Lucy sairem dessa forma agressiva. Tudo bem que minha irmã é um pouco, agressiva. E que James provavelmente deve ser um homem bruto. Mas acho que, o que quer que tenha acontecido, não me convém.

Pego minhas luvas e vou até o encontro de David. Quero encontrá-lo e fazer uma surpresa.

Vou até os estábulos e pego minha belga, Darling. Subo na égua e cavalgo até os portões de nossa casa, desço a colina e vou de encontro até a Floricultura Brook's. Quando chego, amarro Darling na parte de trás e entro na floricultura.

Vejo Paola, a mãe de David, cuidando de algumas margaridas.

— Boa tarde senhora Brooks. — Digo chamando a atenção dela para mim.

— Olá querida — Ela sorri gentilmente, revelando pequenas rugas nos olhos. — James está no quarto, tem total liberdade para ir lá — Ela diz para mim enquanto arruma o buquê.

— Obrigada, bom serviço para senhora. — Digo educadamente.

Vou até o fundo da loja onde se encontra a casa deles. Subo as escadas de madeira e percebo que o andar de cima está vazio, caminho até a porta de madeira que se encontra o quarto de David e noto que está entre aberta.

Quando termino de abri-lá, tudo está para o ar. Papéis estão jogados por todo o cômodo, a cômoda que antes estava cheia de retratos e bugigangas organizadas agora está vazia, e tudo aquilo que a completava está no chão destroçado.

David se encontra no canto do quarto de pé com as mãos sobre a cabeça. Seu cabelo estava totalmente bagunçado, sua roupa amassada e suas mãos cheia de sangue.

Ele se vira rapidamente e percebe minha presença, ele parece transtornado. Seus olhos verdes tão ardentes quanto fogo se encontram com os meus.

— O que está havendo aqui? — Ele vem agressivamente até mim e bate a porta que está logo atrás de mim, me encurralando entre seu corpo quente e a porta fechada.

— Não era para você estar aqui. Não agora. — Ele está suado e ofegante, me sinto assustada, ele está me dando medo.

Vou ter que perguntar novamente David? — Digo com a voz trêmula.

— Está com medo de mim? — Ele questiona.

— O que aconteceu aqui? — Repito.

— Apenas um deslize. — Noto uma carta em
sua mão, algo que se parece com o convite do casamento de Lucy, enviada inicialmente para membros da família.

Mas, por que?

Ele começa a enrolar um de meus cachos em seu dedo como se estivesse brincando comigo.

— David... precisamos conversar. — Pareço firme, mas minha voz ainda falha.

— Sim, precisamos. Minha doce menina — Seu olhar é fumegante. — Loren Silver. Filha da prata, do ouro, banhada em jóias logo ao nascer. — Ele acaricia meu rosto.

— O que a de errado com você!?

— Sabe, Loren, sei que sua mãe não me suporta. Eu também não suportaria.

— Ela não é minha mãe. — Minha voz sai frigida. — E eu não ligo para o que ela pensa, já lhe falei isso.

— Mas eu ligo. — Ele segura meu pulso com força ao lado da minha cabeça. — Eu me importo, porra.

— David, você precisa descansar. — Meu pulso começa a arder. — Me solta, você está me machucando — Sinto meus olhos lacrimejarem.

— Silêncio. Escute. — Ele coloca a sua mão em minha boca, consigo escutar meu coração disparado em alto e bom som. — Sabe o que é isso, Loren. Sinal de que você tem medo de mim, medo de seu próprio homem — Ele me parece estranhamente atraente assim. Estou delirando.

— Eu não tenho medo de você David Brooks. — Eu o empurro com toda força que encontro em mim, ele cai sobre a própria cama, mas ainda me observa.

— Não é o que me parece. — Sua voz é mansa e agonizante.

— Volto quando se recompor, eu não vou conversar com você, nesse estado em que se encontra agora. — Eu me viro para abrir a porta, porém escuto ele se levantar rapidamente. Sinto suas mãos em meus ombros, que me jogam em direção ao chão, ele tranca a porta e se vira para mim. — Qual é o seu problema!? — Digo enquanto tento me levantar.

— Nós vamos casar, ter belos filhos, e você vai me levar para dentro da vida de luxo que você tem.

— Do que você está falando David!? Me solta!! — Ele me puxa para cima e me coloca sobre sua cama.

— Eu te amo Loren, você sabe disso né? — Ele se coloca entre minhas pernas e começa a novamente mexer em meu cabelo. — Você me ama? — Seus olhos estão fixos nos meus. Ele me tem e vejo que isso é um verdadeiro problema.

— Eu te amo David, mas não posso ficar com você nesse estado.

— Acha que estou deplorável? — Ele questiona. Meu silêncio é sua resposta.

Sinto o ardor de sua mão tocar minha bochecha em um tapa extremamente forte. Minha cabeça é jogada para o lado, mas ela logo volta a observa-lo quando suas mãos encontram meu maxilar.

— Me ame de verdade, como eu sempre lhe implorei pra fazer.

Ele segura em minha nuca e cola os lábios nos meus. Sinto o calor de seu corpo no meu, sinto sua mão passeando pelo meu corpete e descendo entre minhas pernas.

Sou patética em ainda amar ele. Mas eu o amo, e ele me ama. E só isso me importa.

É só isso que importa.

[...]

𝑮𝒂𝒓𝒐𝒕𝒂 𝒊𝒎𝒐𝒓𝒕𝒂𝒍 Onde histórias criam vida. Descubra agora