Capítulo 5

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P.O.V Mickey Milkovich

Eu esperei Mandy e voltamos para casa juntos, e embora ela estivesse fazendo questão de demonstrar o quanto estava puta comigo, eu tentei não ligar muito, só devolvendo os xingamentos do jeito que eu sempre fazia.

A verdade era que o encontro com aquele ruivo me deixou um pouco estranho. Eu nunca tinha visto ele de perto antes e aquela rápida conversa parecia esquisita.

- Mandy, o que você sabe sobre os Gallaghers? - Eu perguntei sem conseguir me conter.

- Por que essa pergunta do nada? - Ela perguntou, parecendo curiosa, mas não demorou muito para ela me encarar brava. - Está perguntando isso por causa do Lip? - Eu revirei os olhos.

- Também, mas não só por causa disso. - Eu decidi ser um pouco sincero com a minha irmã, só pra ter uma chance de receber uma resposta. - Tem outro Gallagher na nossa escola, Ian Gallagher, ele é estranho e me deixou meio puto, só isso.

- Porra, Mickey, será se você não consegue ficar dois dias sem fazer um novo inimigo? - Ela falou, me fazendo bufar.

- Vai responder a porra da pergunta ou não?!

- Eu não sei muito sobre eles, okay?! Sei o que você sabe, que eles são uma família pobre da zona sul, como nós, que são filhos de Frank Gallagher, uma das pessoas mais desprezíveis desse bairro.

- Muito útil, vadia. - Resmunguei com sarcasmo, mas ela me ignorou.

O caminho continuou num silêncio tenso e eu pude ver com o canto do olho que minha irmã estava me encarando com um olhar incerto nos olhos azuis dela.

- Desembucha, porra! - Eu exclamei, finalmente perdendo a minha paciência, que já não era muita.

- Tava pensando em ir numa festa hoje. - Eu revirei os olhos, porque é claro que ela Mandy iria querer ir numa festa. Desde que ela era pequena, ela raramente parava em casa, sempre se enfiando nos lugares mais improváveis, indo às várias festas tentando ser uma garota normal e esperando que em algum desses lugares, aparecesse um príncipe encantado que visse além das roupas curtas e baratas, da maquiagem de quinta e do significado do que era carregar o nome Milkovich da zona sul e a tirasse daqui num cavalo branco.

No fundo, talvez eu queria que isso acontecesse, queria que minha irmã tivesse um futuro melhor longe desse buraco de merda, mas por mais sonhos que ela tivesse, eu sabia que raramente esse tipo de cara aparecia e eu amava minha irmã demais pra arriscar que ela terminasse machucada.

- Ficar em casa um dia não te mataria. - Eu disse.

- Sair de casa um dia não te mataria. - Eu a encarei confuso.

- Como assim?

- Você poderia vir. - Eu não esperava ouvir isso, até porque ela raramente queria que eu acompanhasse ela em festas. Tinha um medo estúpido de que eu acabasse espantando um potencial candidato a príncipe encantado ou algo assim. - Sei que pensa que sou uma vadia que só vai pras festas quando quer encontrar alguém pra transar, mas essa festa é diferente.

- Ué, porra, diferente como?

- É só uma festinha na praça do bairro, vai ter fogueira, vai ter um trailer com comida, talvez uns baseado, bebidas e vai ter música ruim, mas não é como se alguém fosse ficar sóbrio tempo suficiente pra reclamar. - Ela disse, o que me tirou uma risada, mas mesmo assim, era estranho pra mim ir nesse tipo de lugar, porque não é como se eu fosse um fã de ficar num lugar cheio de arrombados irritantes e estúpidos.

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