𝐕𝐈𝐋𝐀̃ ∫ draken

━━━ 𝔠𝔥𝔞𝔭𝔱𝔢𝔯 𝔢𝔦𝔤𝔥𝔱

Por Mia:

Ainda naquela noite fria do final de agosto tive a impressão que estava ficando louca de vez.

Só a loucura podia explicar o que aconteceu ali, explicar porque eu estava vendo coisas onde não existia. Keiji ficaria triste se descobrisse o que eu vi naquela noite, e não queria que estragasse o que tínhamos, por isso apenas fiquei em silêncio e o deixei aproveitar o momento assim como eu aproveitei. Apesar das semelhanças que ambos tinham era fácil diferenciá-los, Keiji era mais alto que Draken e sorria muito, sem contar que era mais magro e não tinha tantos músculos aparentes quanto o da tatuagem, por isso resumi o que eu passei por loucura.

Estava fumando na varanda do apartamento de Keiji e ele estava deitado na cama, ainda pelado e se recuperando do orgasmo recente, enquanto eu estava completamente vestida e na varanda fumando para tentar não me estressar. Joguei a bituca no chão da rua já que ele morava no primeiro andar, era fácil acertar a rua e não um carro estacionado, suspirei e me virei pronta para ir embora, mas a voz gentil de Keiji me chamou.

— Mia. — Ele disse me chamando a atenção para si e eu parei no caminho que andava até a saída. — Por que nunca passa a noite?

— Não gosto de dormir fora de casa. — Respondi e boa parte era verdade, mas havia o fato que eu não me deitava com alguém que não amasse. — Você entende, né?

— Na verdade não...você não gosta de mim, é isso? — Ele falou e eu soltei um suspiro já sabendo onde isso daria, pelo visto vou ter que arrumar outra forma de negar meus sentimentos mais profundos, ou outro alguém. — Eu entendo se for isso, mas achei que com o tempo você se abriria mais e confiasse em mim...mas ainda é a mesma de meses atrás.

— Não espere que eu mude, Keiji, é o meu jeito. — Falei o encarando e soltei um suspiro  cansado, Keiji apenas sorriu em minha direção e esperou eu terminar. — Vai ser melhor se terminarmos o que temos por aqui, você está se apegando, não está?

— E você me culpa por isso? É inevitável não se apaixonar por você, Mia, mesmo que eu tentasse uma hora aconteceria. — Keiji soltou um suspiro e  apenas sorriu em minha direção, numa tentativa falha de me fazer confessar um amor por ele, mas não foi isso que eu fiz.

— Foi bom enquanto durou. — O olhei uma última vez antes de sair apressadamente sem querer alargar ainda mais a conversa. Não fiquei chateada com ele, mas sim por acabar o que tínhamos e talvez por não reagir tão triste quanto eu queria...às vezes acho que nunca poderei expressar meus sentimentos devidamente e isso me atormenta desde que percebi isso.

Mesmo que eu queira falar o que sinto, expressar meus sentimentos e ser extrovertida ao ponto de manter amizades e relacionamentos por longos anos, eu simplesmente não consigo. As pessoas me olham nas ruas e eu vejo elas corarem quando eu passo, até mesmo se sentirem envergonhadas quando ouvem minha voz, mas elas não desejam ser minhas amigas, nem mesmo me amarem, elas amam a imagem que eu tenho.