Capítulo 23

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  Para não nos molharmos, Heitor e eu tivemos que dividir o guarda chuva que o guarda emprestou para nós. A chuva estava forte e nenhum de nós queria se molhar, então começamos a andar atravessando a avenida da rua da empresa em que trabalhamos.
- Estou me molhando. - Alertou Heitor enquanto puxava o guarda chuva das minhas mãos para meu si mesmo bruscamente.
- Agora sou eu que estou me molhando. - Retruquei puxando o guarda chuva para mim, da mesma maneira que ele fez.
  Encaramos o rosto um do outro como se eu e ele estivéssemos dizendo através de contato visual  "então vai ser assim?"

  Minhas panturrilhas estavam sujas com a lama da chuva que batia em meus sapatos, as calças de Heitor assim como os meus sapatos estavam todos sujos e quanto mais andávamos mais lamas sujavam a nossa roupa.
- Se você quiser o guarda chuva só para você - disse irritado - primeiro me deixe em casa.
- Tudo bem! - Exclamei.
  Pelo menos assim, não terei que dividir mais esse guarda chuva com ele. Então, tudo bem.
Atravessamos a avenida que por sinal estava com um trânsito enorme e enquanto andávamos pela calçada da rua, havia uma poça de lama na nossa frente.
- Deixe-me segurar o guarda chuva - Não era uma pergunta. Ele puxou o guarda chuva de minhas mãos e concluiu: - Pronto. Agora assim está bem melhor. Você não tem habilidade nem para dividir um guarda chuva, não tenho ideia do que minha irmã estava pensando quando te contratou.
- Não é que eu não saiba dividir um guarda chuva, é que quando se trata de eu ter que dividir um guarda chuva com um homem petulante igual você, pra você nunca está bom e isso me irrita.
- E quando é que não está irritada?
- Quando não estou perto de você!
- Ah é mesmo?
- Sim, e pra sua informação a senhorita Luiza me contratou por conta das minhas habilidades, por meu esforço e dedicação.
   Estamos passando por uma calçada quando um garotinho de cabelos pretos que aparentava ter doze anos passa em uma alta velocidade com sua bicicletinha, ele estava todo molhado pedalando sem se importar de se molhar apenas feliz com a chuva. Ele passa pela poça de lama entre nós e com o impacto das rodas, a lama respinga em mim. Heitor me olha tentando segurar a risada que estava prestes a saltar de seus lábios e diz:
- Hoje não é o seu dia - ele prende uma risada que saiu aos poucos involuntariamente.

Seu engomadinho petulante.

A lama acaba respingando em mim que estava distraída com meus pensamentos.
Quando a lama respingou em mim sujando toda a minha roupa, parei e olhei para mim mesma, reparando na minha saia que agora está suja e na minha blusa - que por sinal era branca - que também estava suja de lama.

- E nem o seu! - chutei a poça com as minhas sapatilhas pretas fazendo com que a lama caísse sobre a roupa de Heitor.

Para o meu agrado a minha blusa branca não sujou muito e nem estava transparente, fazendo ficar visível alguma parte do meu corpo. Minha bolsa que estava carregando os cupcakes para minha irmãs também não foram molhados de lama.

Heitor paralisou por alguns segundos e perguntou logo em seguida:
- Você não fez isso, Alex? - Era uma pergunta porém soava como uma ameaça. Um sorriso brotou em seus lábios. - Não é mesmo?

Heitor olha para sua roupa que por minha culpa - e por culpa dele por me provocar - estar suja e uma risada sai de seus lábios. Como Luiza disse nós realmente parecemos duas crianças se implicando.
E de alguma forma esse sorriso não é um bom sinal, estamos parados, ele me olha tentando esconder a surpresa e a raiva que está sentindo. Não sei se ele estar com raiva, mas surpreso ele está. E antes que Heitor movesse um passo adiante eu saio correndo sem rumo a uma direção certa e sem me importar com a chuva. Eu já estava molhada por conta da lama, certo? Heitor saiu correndo atrás de mim, e pense em um homem rápido. Detalhe: ele estava correndo com o guarda chuva em mãos. Ele estava correndo segurando um guarda chuva!
Se ele me alcançar já era. Por favor, alguém me ajuda.

...

A chuva parou.
  Eu estava ofegante, expirando e inspirando várias vezes seguidas, meu coração estava acelerado, minhas pernas doíam e eu estava cansada. Corremos bastante, tanto eu quanto ele. Quando Heitor finalmente conseguiu me alcançar ele já estava cansado e eu também estava. Sentamos em um banco da praça qualquer para descansar da corrida,ou melhor, da maratona que nós fizemos.
- Você é bem veloz para alguém com pernas curtas - disse Heitor ainda um pouco ofegante botando o guarda chuva ao lado dele.
- Pensei que fosse morrer. - Digo botando a mão na testa.
- O que disse?
- Nada, não é nada.
Pensei alto demais.
- Vamos pra casa, já estar tarde - ele se levantou e pegou o guarda chuva.
- Tem razão, realmente já está tarde.
Eu nem dei conta do tempo.
- É melhor você tirar essa roupa, se não quiser ficar resfriada. - Alertou-me como se eu não soubesse.

cada um de nós foi para casa, hoje o dia foi exaustivo porém...divertido.
Levei os cupcakes para minhas irmãs e as entreguei. Elas amaram.

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