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AYLA

Em instantes barulhos estrondosos começam a ecoar pela praça. Olho para os lados seriamente preocupada com as crianças no meio dessa muvuca.

Os pais presentes não perdem tempo em pegar suas crianças e tira-las dali o mais rápido possível.

Os guardas agem urgentemente escoltando a família real e eu de volta ao palácio com segurança.

Meus pais.

- Não espera - digo aos guardas que fizeram um círculo matendo eu e a família real no centro - meu pais! Onde estão?

Nenhum deles responde, nem mesmo Henry.

- Preciso que busque meus pais! - dou um empurrão no guarda a minha frente.

Seus olhos se encontram compassivamente com os meus.

- Temos que manter Vossa Alteza segura.

- Ayla... - Henry tenta falar mas eu o iterrompo.

- Ainda não sou alteza! - bravo e passo por debaixo do braço do guarda.

Ouço Henry gritar meu nome e o rei soltar um palavrão mas não ligo.

Já estávamos quase perto do Palácio que não fica muito londe da praça, mesmo assim faço questão de correr o mais rápido possível.

Chego na praça central e ainda tem muita fumaça e pessoas correndo desesperadas.

Não vejo meus pais.

Um choro infantil me chama atenção. Olho para todos os lados a procura e a cena de uma criança agarrada a uma estátua de cavalo chorando desesperadamente invade minha visão.

Corro rapidamente até ela e abaixo para  ficar na sua altura.

Era uma criança bem magrinha e assustada obviamente, sua chiquinha estava torta e seu rosto vermelhos de tanto chorar.

- Onde está sua mãe minha querida? - pergunto a ela mas não responde.

- Lady Ayla!

Me viro pronta para gritar com o guarda que me impeça de procurar meu pais.

Mas quem me gritou não foi um guarda e sim um lindo homem de pele e olhos escuros.

Não faço ideia de quem é.

Mas não vestia uma roupa de guarda e sim uma roupa de príncipe.

- Quem é você?

- Não é hora de bater papo, tenho que leva-la ao Palácio imediatamente.

- Não saio daqui até encontrar meu pais - a menininha agarra a minha mão e me lembro de sua presença - e achar os pais dela.

- Não seja tola! Seus pais foram escoltados para o Palácio e você ja devia estar lá!

- Quem é você para me chamar de tola?! - pergunto com real indignação.

Ele bufa e vem pisando firme até a minha direção.

Segura pelos meus braços e me arrasta grossamente na direção do Palácio.

- Ei! me solta seu selvagem!

Sei que não vou ter forças para lutar contra, então apenas me permito segurar forte na mão da menininha que ainda jazia comigo.

Do lado de dentro do Palácio estavam todos muito agitado, o rei estava mais furioso tentando descobrir o que havia acontecido.

- Achei sua princesa fujona - o selvagem solta finalmente meu braço e eu o lanço o pior dos meus olhares.

- Ayla - Henry vem correndo com urgência seguido de Tallia - está tudo bem? se machucou?

- Eu estou bem - respondo um pouco devagar concentrada na sua mão no meu rosto.

- Obrigada irmão - Tallia diz para o selvagem?

irmão?????

- Ir-mão??? - pergunto incrédula

- Ayla - Henry respira fundo - esse é o meu irmão, Alisson.

Olho para o selvagem e tudo começa a fazer sentido.

A roupa de príncipe, ele saber meu nome... só não entendo porque não fui apresentada a ele naquele instante.

Tudo que sei é que não fui com a sua cara e que de príncipe ele não tem nada!

Contorço minha cara azeda e faço uma reverência discreta entoando levemente o "alteza".

- Ah minha querida - a rainha da um discreto empurrão no príncipe Alisson que parece ter engolido um feio palavrão. Estranho - está tudo bem com você? - ela põe a mão em meu rosto do mesmo jeito delicado de Henry.

- Está sim majestade.

- Jules, Jules! - ela grita olhando para os lados - Jules... ah finalmente.

Uma garota que aparenta ser pelo menos da minha idade aparece correndo.

- Sim, majestade.

- Ayla, essa é a Jules Boyde e será sua dama de compania - Jules força um sorriso e reverencia - leve-a para o quarto e de a ela tudo que precisa. Começando por um banho relaxante,  depois de 5 dias no mar e uma recepção conturbada ela precisa.

Jules assente mas minha mão quente encostada a minúscula mão da menininha me lembra de sua presença novamente.

- Ah majestade, achei essa menininha perdida na praça e...

- Essa garota trouxe uma plebeia para dentro do Palácio?!

O rei que estava numa conversa séria com os guarda se aproxima furioso.

- Majestade... - a rainha tenta dizer algo mas ele a cala só com um levantar de mão.

- Você ficou maluca?!

meu rosto esquenta.

- Ela estava perdida e com medo! E devia apenas ter deixado ela lá?

Percebo que levantei demais a minha voz pois todos ao redor soltaram uma exclamação.

Ayla sua tola, você acabou de gritar com o rei!

- Tira. Essa. Criança. Daqui. Já - o rei trinca os dentes não tirando os olhos do meu que agora vacilam.

Os guardas tentam arranca-la de mim mas ela acaba lutando contra isso fazendo um escândalo.

Isso parte meu coração aos pedaços.

Acabo gritando junto com ela para os guardas pararem.

E fica uma guerra infinita entre eu, a menina e os guardas.

Tento recorrer a Henry mas ele apenas desvia o olhar.

Acho que ele não é como pensei...

Quando a menina está prestes a escapar das minhas mãos, uma voz se sobressai.

- Deixe-a comigo - Alisson se põe entre os guardas e agarra os ombros da menina - eu cuido dela.

Ele olha para mim e um misto de alívio e gratidão passa por meu corpo, espero ter chegado até meu olhos para que ele possa vê-lo.

Talvez ele não seja tão selvagem assim.

Ele segura gentilmente a mão da menininha e sinto alívio ao ver que ela se sente segura agora.

Essa é uma atitude que certamente esperaria de Henry.

Olho a procura dele e ele ja estava subindo as escadas com sua irmã atrás.

Nunca senti tanta decepção.

AYLA (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora