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AYLA

Tento me concentrar na reforma que fizeram no meu quarto antigo, tento me concentrar no fio de cabelo que escapa do coque perfeitamente apertado da minha dama, tento me concentrar na água quente e reconfortante da minha banheira.

Mas minha mente sempre volta para garotinha aos berros, Henry não fazendo nada e Alisson fazendo alguma coisa...

- Tem alguma coisa pra comer? - pergunto a Jules que esfregava o meu braço.

- Irei providenciar senhorita.

Ela solta delicadamente o meu braço na água e sai em direção a porta.

Preciso saber se ela está bem.

Saio do banho com urgência e procuro um vestido decente para vestir ja que o que Jules estendeu na cama é para dormir e eu não sairia andando assim pelo palácio.

Escolho um vestido rosé simples que decido usar sem espartilho porque tomaria muito do meu tempo.

Meus cabelos estão molhados e eu não tenho tempo de seca-,lo, apenas passo a escova pelas madeixas e prendo na parte de cima com uma presilha de borboleta rosa.

Me olho no espelho.

E pensando bem se eu fosse de camisola pareceria mais decente.

Se mamãe me visse agora ela surtaria.

Eu literalmente estou parecendo uma mulher dos mares.

Saio pela porta a procura do príncipe.

Depois de mil corredores e trocentas escadas eu ja havia desestido e comecei a andar sem destino

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Depois de mil corredores e trocentas escadas eu ja havia desestido e comecei a andar sem destino.

Se eu ao menos tivesse visto algum criado que pudesse me ajudar, parece que todos resolveram se esconder em uma toca.

Avisto uma imensa porta dourada com detalhes em rubis.

Com imensa dificuldade eu abro e me encontro em uma biblioteca extremamente e excepcionalmente gigante.

O teto vai tão alto que parece um templo.

Mal posso ver as paredes já que todas são amarrotadas de livros, sem contar as estantes espalhadas por todo lado.

John Shire foi uma vez na biblioteca da minha casa e ficou de queixo caído, se ele estivesse aqui com certeza teria uma parada cardíaca.

Ando em meios as estantes passando meu dedo pelos livro que obviamente estão empoirado.

Para limpar isso deve ser uma merda.

Percebo que em meio a esse labirinto de estantes sempre se encontra uma mesa redonda com uma luminária aqui e ali.

Quando viro em um vão em meio as estantes esbarro em nada mais e nada menos que o príncipe que eu procurava.

- Alteza - digo mas dessa vez não reverêncio e só mantenho seus olhos nos meus.

- O que está fazendo aqui?

Grosso.

Alisson me olha de cima a baixo com um certo desprezo no olhar, seus olhos param no meu colo que sobe e desce cada vez mais rápido conforme me analisa.

Será que percebeu que estou sem espartilho?

Cruzo meus braços na frente do peito e seus olhos vagam de novo para meu rosto por uns segundos até reparar nos meus cabelos que já estão úmidos e se tornando ressacados por ter deixado secar naturalmente após longos dias no mar.

Coço a garganta tentando disfarçar o contrangimento.

- Estava procurando o senhor.

Ele fecha com força um livro que estava em sua mão e me olha

- Acredito que tenha confundido os príncipes - ele sai andando - o que é irônico já que somos bem diferentes em todos os aspectos.

Meio correndo, meio andando vou atrás dele.

- Todos mesmo - digo na intuição de sair num murmúrio mas soou mais alto do que eu esperava.

Ele para quase me fazendo dar com o nariz nas suas costas e me olha.

- O que quis dizer com isso?

- Quis dizer que você não é tão principesco quanto deveria.

Ele solta uma risada pelo nariz e me olha de cima abaixo.

- Olha quem fala - ele ergue um sorriso de lado voltando os olhos para meu corpo - não acho que princesas saiam por ai sem um espartilho por baixo, marca tudo - ele chega mais perto - pro seu governo é como se eu estivesse te vendo em um vestido transparente.

Minha boca automáticamente forma um "oh" e ponho meus braços em volta de mim.

- Você é nojento!!! - digo furiosa - o que pode saber sobre espartilhos?!

Ele se aproxima ainda mais de mim, pondo uma das mãos na prateleira acima da minha cabeça.

Se a iluminação da biblioteca não fosse tão ruim ele veria que virei um tomate agora. Meu peito sobe e desce na forma que seu hálito rossa o meu rosto.

- Fique sabendo que ja tirei muitos espartilhos Lady Ayla.

Um som grotesco de nojo sai da minha boca e eu estou prestes a empurra-lo em direção a estante da frente.

- Se vocês forem se beijar me avisem para eu sair, não quero ver isso.

Uma voz rouca me faz dar um pulo e Alisson se afasta lentamente com um sorriso no rosto.

Uma senhora de cabelos grisalhos e meio curvada com um vestido de veludo vermelho estava parada na nossa frente com uma bengala e uma cara de tédio.

- Oi Vovó - Diz Alisson.

Vovó???!!!

Ela o acerta na canela com sua bengala e ele geme de dor.

- O que eu ja disse sobre trazer garotas para a biblioteca no meu horário de leituras? - ela brange - e você é filha de quem?

- Simon e Nora Vicenza - digo meio relutante pensando se ela também me acertaria com a bengala na canela.

Ela olha de mim para Simom umas cinco vezes.

- Está namorando a noiva do seu irmão? - ela diz com uma tranquilidade estranha demais para mim.

Ao contrário de Alisson e eu que damos nosso sangue e suor para garantir o contrário.

Ela ri mediante ao nosso desespero.

Coço a garganta e aliso meu vestido enchugando minhas mãos suadas.

- Eu vim atrás dele para saber sobre a menina que eu resgatei da confusão na praça.

-Ah sim, eu ouvi sobre isso. Louvável sua atitude - ela me olha com intensos olhos verdes - não se preocupe, ela esta a salvo com sua família.

- Como sabe?

- Eu mesma a entreguei.

Ela lança um olhar a Alisson que me lança um olhar de confiança.

Eu não entendi o que aconteceu aqui e posso não ir com sua cara. Mas sei que confio nele.

Não sei como e porque.

Só sinto.

AYLA (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora