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HENRY

Bato três vezes na porta e a voz do meu irmão mandando ir embora soa sem nem mesmo saber quem está do lado de fora.

Abro a porta e coloco a cabeça para dentro.

Ele estava deitado num sofá sem costas em frente a janela que dava para o jardim.

- Sem tempo para seu irmão favorito?

- Ah, não sabia que era você Tallia - ele fecha o livro e se senta.

Rimos juntos.

Faz muito tempo que não fazemos isso.

Lembro que éramos inseparáveis, vovó nunca deixou o fato dele ser um bastardo criar uma rivalidade entre nós.

Mamãe sempre tentou envenenar Tallia e eu contra ele por conta de seu ódio eterno em ter sido traída publicamente com a mãe de Alisson e após seu nascimento ter assumido ele como um príncipe da corte quando mamãe ainda estava grávida de mim.

Mamãe não aguentou ver o filho da amante ter sido apresentado como se fosse um herdeiro antes do seu.

É claro que Alisson ter sido apresentado como príncipe não o da direito ao trono, mesmo sendo mais velho, pois não é legítimo, isso foi apenas um capricho de meu pai pelo primogênito e favorito.

Ainda sim, minha mãe o despreza até hoje e desprezou sua mãe durante sua curta vida.

Eu o amo mas não confio nele e tenho fortes razões para isso.

Infelizmente a minha desconfiança nos afastou...

Sento ao seu lado e retiro uma garrafa de conhaque de dentro do meu blazer.

- Sabe que não precisa mais pegar bebida escondido né? Somos maior de idade.

- Eu sei, mas é mais divertido assim - Dou um gole direto do gargalo e passo para ele que faz o mesmo - e esse é da adega particular do rei.

Ele ri com aprovação.

- Soube que falou com Ayla hoje.

Ele abaixa a cabeça rindo e me olha.

- Por isso está aqui.

- Não posso visitar meu querido irmão em sua toca? - finjo indiferença e dou um gole

- Não se preocupa, vovó estava por perto - ele puxa a garrafa da minha mão - ainda bem, porque é inapropriado sua noiva andar por ai de cabelos molhados e vestido fino sem corpete feito uma selvagem.

- Como é?

- Você não percebeu? - ele solta um arquejo - irmão, você está mesmo rendido por essa Taylor Campbell.

Assinto com a cabeça olhando para minhas mãos.

- Olha - ele retorna me apontando a garrafa - eu sei que você teve uma história com a Taylor, o Palácio inteiro sabe. Mas você ficará noivo em breve, você ja era a vida toda mas em uma semana será real e oficial - ele põe a mão no meu ombro e me olha nos olhos - precisava esquecer essa loira e focar no seu futuro, Ayla é seu futuro. Não seja como papai.

Alisson está certo, eu não vou ser a cópia do rei.

Ao contrário das atitudes de mamãe com Alisson, Camilli, a mãe dele, sempre foi um amor comigo.

Lembro que me contava histórias de pirata.

Apesar de gostar muito de Camilli sempre achei asqueroso o que o rei fazia com minha mãe e como a desprezava.

Sempre deixou claro que o casamento deles não passava de mero acordo de benefícios e sempre fazia questão dizer que ela era uma inútil.

Não quero que Ayla se sinta assim nunca e não quero submeter Taylor a esse tipo de vida.

Dou um longo e doloroso gole no conhaque.

- Isso bebe mesmo - ele apoia os braços atrás no sofá - por que amanhã tem o baile de boas vindas a Ayla.

Jogo a cabeça pra trás soltando todos os palavrões que conheço.

- E também é a oportunidade perfeita para dar um recado a Taylor do que você quer.

Coloco o rosto entre as mãos e urro de raiva.

Não sei o que dói mais, dizer a Taylor para se afastar ou usar minha roupa de príncipe.

AYLA (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora