AYLA (Livro 2)

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AYLA

bolinhos, bolinhos de chocolate, bolinhos de doce de leite, bolinhos de bolinhos, bolinhos coco, bolinhos de...

- Eu nunca vi alguém gostar tanto de bolinhos - Alisson me olha atônita - também nunva vi uma lady... na verdade qualquer pessoa conseguir colocar tantos na boca ao mesmo tempo.

- Foce fao fai fonta fa finguem!!!! -digo com a boca ainda cheia.

mamãe me mataria.

- O que???!!!

Engulo sentindo a garganta arranhar.

- Você não vai contar para ninguém -repito.

- Seu segredo está seguro comigo - ele diz rindo. Seu sorriso se desmancha ao ver minha tristeza em meio aos bolinhos espalhados pelo meu vestido.

Após a bela imagem que vi que está cravada na minha mente como ferro em brasa, eu só tive uma reação.

Correr.

Alisson veio atrás de mim e me levou para um cômodo que mais parecia uma sala de estar pequena, com dóis sofás, uma mesa de centro e uma versão pequena de um órgão.

Parecia uma saleta para crianças.

Comecei a surtar na frente de Alisson que não soube o que fazer, até eu começar a repetir a palavra "doce". Ele me trouxe todos os bolinhos que podia.

- Se me permite dizer - ele limpa a garganta - está graciosa com todos esses bolinhos espalhados pelo vestido tanto quanto estava sem espartilho.

Pela primeira vez consigo soltar uma quase ridada.

Olho em seus olhos e posso ver alívio.

Eu sou maluca? Como eu pude me deixar surtar na frente de um príncipe, como eu pude deixar ele me ver nesse estado? E por uma pessoa que conheci a 4 dias!

Eu preciso ne recompor, tenho que juntar o resto de dignidade que ainda tenho.

Me levanto rapidamente batendo a saia do meu vestido, deixando rastros de de bolinho pelo carpete.

- Tem que parar imediatamente de falar sobre o meu espartilho - tento me manter séria mas contém um toque de humor na minha voz - sou uma lady.

- Você não está bem uma lady nesse momento...

- Cala a boca e me traga Jules Boyde agora.

Espero algum tipo de retruca ou alfinetada nele mas no lugar disso apenas ganho um olhar de análise, uma testa franzida e um sorriso divertido, que foi três vezes pior.

Ele põe as mãos no bolso e sai, mas antes de sair, ainda segurando a porta para e me olha.

- Sobre aquilo...

- Não, não vamos falar sobre aquilo.

Ele assente e sai.

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HENRY

Saber que Ayla presenciou aquela cena me incomoda mais do que eu sequer pudesse imaginar.

Eu não sou desse feitio, sou um cavaleiro, um verdadeiro príncipe.

Acontece que essa garota desperta o pior em mim... eu até meio que gosto.

Não, pare já com isso.

Preciso encontrar Ayla.

Varro os olhos pelo Salão mas não consigo acha-la. Sei que não está nesse cômodo porque sua presença se destaca como a mais perfeita e vermelha maçã em meio a simples maçãs comuns.

Eu estava terminando tudo com Taylor, tudo mesmo.

Mas ela me interrompeu bem no meio do meu discurso enfiando a língua na minha boca.

E Deus! O Senhor sabe como eu tentei resistir.

Observo Alisson dizer algo a Jules que sai imediatamente. Vou ao seu encontro.

Se não o conhecece bem, diria que seus olhos faiscaram ao me ver.

- Onde ela está? - pergunto sem nenhuma cerimônia.

- Você é um completo idiota! - ele cospe as palavras com o maior desprezo que ja vi - eu lhe avisei que...

- Onde ela está Alisson? - bravejo.

Meu irmão continua sem me responder, ao invés disso, me desafia com o olhar.

Uma coisa que sempre fazíamos quando criança, essa era a forma de nos enfrentarmos ja que nunca nos enfretamos corpo a corpo, a não ser nossos treinamentos de espadas.

Alisson sempre teve mais resistência e bravura nisso por ter crescido sobre os conselhos de meu pai, entretanto eu sempre tive mais postura pelo cavalheirismo e honra que aprendi com minha mãe.

- O que está acontecendo aqui - minha mãe diz entre dentes sem tirar um forçado sorriso do rosto enquanto acena para as pessoas ao redor - estão todos olhando.

Percebo os olhares e cochichos e retiro a postura da defensiva.

- Só estávamos conversando mamãe.

- Então conversem em outro lugar - diz ela ja com dificuldade em manter seu sorriso forçado - e você - se direciona a Alisson - ajeite essa roupa - Alisson faz um grande esforço para não revirar os olhos e só suspira muito fundo - por mim, você nem apareceria aqui, sua presença é uma ofensa para todos nós.

Alisson apenas a olha com desprezo e indiferença, ja acostumado com suas duras palavras.

Apesar de todas as nossas indiferenças, eu não suporto ver minha mãe o tratando dessa forma.

- Deixe-nos mamãe - digo arrastando meu irmão para fora do salão.

Paramos em um corredor onde a música mal nos alcança.

- Diga logo.

- Ela está abalada com o que viu. Deixe-a em paz.

- Eu preciso e vou falar com ela.

- Eu sei que para você é difícil ouvir um não, mas precisa mesmo respeitar o espaço dos outros.

Penso em responder mas por cima de seu ombro vejo Ayla com um vestido completamente diferente e posso ter certeza de que isso vai ser um fato bastante discutível entre as damas.

Vou em sua direção, mas assim como Alisson que se pôs na minha frente, Jules também foi para frente de Ayla discretamente de cabeça baixa.

- Está tudo bem - sua voz de anjo ecoa pelo local - precisamos conversar.