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AYLA

3 dias antes.

Do jeito que eu pisava fundo andando de um lado para o outro no quarto dos meus pais, eu provavelmente faria um buraco no chão.

Minha mãe estava sentada na beira da cama só esperando seu momento de falar após o meu surto.

Papai estava em frente ao espelho escovando a manga de sua roupa sem nem prestar atenção ao meu atual surto.

- Dá pra acreditar mamãe? Ele ama outra! - minha mãe revira os olhos e cruza os braços.

- Ele é um príncipe Ayla - meu pai diz indiferente sem tirar os olhos do espelho - você acha mesmo que ele ia se guardar para você por todos esses anos? Homens não funcionam assim.

- Pai não está ajudando! - Bravejo

Minha mãe finalmente tem uma reação depois de 30 minutos, infelizmente a reação dela foi me dar um tapa na cara.

- Se recomponha Ayla Vicenza! - O choque do tapa me deixou atônita sem saber muito bem como encarar essa agressão - seu pai tem razão, não me surpreende Henry ter tido outros amores... é um príncipe! é um homem! - ela suspira profundamente - entretanto você está aqui para cumprir o seu papel e seu papel é...

- Casar-me com Henry - digo cabisbaixa - eu sei.

- Ser a melhor princesa e futuramente ser a melhor rainha que esse reino ja viu em gerações - minha estufa o peito automaticamente me dando mais confiança para levantar a cabeça - ESSE - ela passa a mão pelo meu cabelo - é o seu dever!

Mamãe tem razão, a maior vantagem dessa união é me juntar a corte da Escócia e a melhor honra que nossa família ja recebeu. Casar-me com Henry é apenas um detalhe.

Meu dever nunca foi ser sua esposa e sim sua princesa. Entendo isso agora.

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No baile.

Henry está deslumbrante como sempre na sua roupa de príncipe.

Tento manter minha confiança nas alturas mas não consigo disfarçar o incômodo ao ve-lo vim na minha direção.

Já não o vejo mais com os mesmo olhos depois que descobri que ele nunca me viu como eu imaginava.

- Querida Ayla - lhe dou minha mão e ele deposita um intenso beijo que me da inúmeros arrepios que decido ignorar.

- Vossa alteza - sorrio gentilmente fingindo normalidade.

Ele enruga a testa diante tal formalidade que tínhamos combinado não ter.

- Me concede a primeira dança?

A primeira dança.

Mamãe vem me preparando para isso desde que embarcamos, confesso que também estava ansiosa.

Sempre fui muito boa em qualquer tipo de dança, modéstia a parte, mas quando pensava em dançar com Henry uma pequena ansiedade se apossava de mim. Uma ansiedade boa.

Agora estou completamente sem ânimo para essa valsa, sabendo que é com outra que ele desejaria estar.

Mesmo assim estendo a minha mão e ele me guia até ao centro do salão.

Todos os pares de olhos estão sobre nós nesse momento, acompanhados de sorrisos e suspiros, apenas um, apenas um demonstra genuíno ódio e desprezo e a julgar pela feição pesada e odiosa, cabelos louros e perfeitos. Acredito que seja ela.

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Depois da valsa, tentei evitar ao máximo Henry e ficar ao lado da minha família.

Uma vez ou outra, a rainha me apresentava a alguém e eu tinha que acordar meu lado confiante e extrovertido mas estava achando tudo aquilo um porre.

- Isso está um porre - me sobresalto com uma voz atrás de mim. Me viro e vejo Alisson com um sorriso no rosto, trajando uma roupa vermelha que acentuava sua pele escura

- Não esperava que viesse - digo olhando para o salão que começava a de agitar com o novo som de uma balada - muito bom te ver sem ser naquela tenebrosa luz da biblioteca.

- É um prazer te ver de espartilho - Eu devia me ofender e repreende-lo, mas ja entendi que esse é seu humor então apenas aceito a piada e solto uma risada disfarçada. - se eu não te conhecesse, diria que isso é uma risada.

- Tecnicamente você não me conhec... - ao me virar para Alisson consigo ver por cima de seu ombro Henry seguindo ela para um lugar reservado.

- Algum problema? - volto meus olhos para Alisson que tinha o cenho franzido.

- Ja volto.

Saio sem dar explicações e vou na direção por onde vi-os ir. Percebo que entrei em um corredor com uma pequena escada.

Decidir subi-la foi a pior escolha que fiz, pois a imagem que vi me enojara pelo resto do mês.

Ela parecia pressina-lo contra a parede, com as mãos por dentro de sua roupa, ele segurava sua coxa, aparentemente muito forte a julgar a marca de seus dedos pela pele clara que ja estava exposta.

Eu simplesmente travei e não consegui sair dali.

Eles ainda não haviam me visto mas o palavrão que Alisson soltou atrás de mim me delatou.

Merda.




AYLA (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora