Capítulo 2

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Kim Seokjin

Muitos acreditam que para uma vida ser bem vivida, ela precisa ser repleta de emoções. Com altos e baixos, parecendo um medidor de frequência cardíaca, até bem pouco tempo eu concordava com isso, acreditava que era isso que nos mantinha vivos.

O que fez a minha opinião mudar?

Muito simples. Essa maré de azar sem fim que estou depois de ser trocado. Ou a forma irônica de como tudo na minha vida ao mesmo tempo que se enrola, está chegando bem onde queria que chegasse.

Eu queria assumir o escritório da família?

Sim, sem dúvida alguma, mas não estava me achando o melhor em nada ultimamente. E as responsabilidades não paravam de vir até mim.

Devia continuar dando aulas na faculdade onde a maldita ainda estudava seu último período?

Claramente não para toda a minha família, mas eu até gostava de dividir as minhas experiências. Mudar um pouco o olhar daqueles jovens que tinham sede de justiça como meu irmão. Afinal, o ideal é que todos tenham alguém em sua vida para ajudar a manter o equilíbrio da vida.

Hoje quando saí de casa, pronto para mais uma palestra sobre, como defender empresas multinacionais, o mundo quis me avisar que deveria ficar em casa. Em menos de vinte minutos que é o tempo que levo para a faculdade, milhares de catástrofes aconteceram.

Descobri que não grampeei meu roteiro, então eu tinha cerca de trinta e cinco folhas soltas pela minha pasta.

Todos os sinais estavam fechados, me causando um atraso de quase dez minutos. Com isso não pude parar para comprar o meu café, o mesmo que era mais um ritual do que um gosto em si.

A máquina que tínhamos na secretaria para batermos o ponto, não lia o meu crachá por nada nesse mundo. Me obrigando a avisar as recepcionistas minha chegada, eu já deveria estar em sala e ainda não tinha nem ido na sala dos professores.

O fim do mundo foi quando uma aluna perdida pelos corredores tombou comigo e acabou fazendo com que nossas coisas se espalhassem pelo chão. Tudo porque estava avoada prestando mais atenção nos corredores do que no caminho que, supostamente, estava fazendo.

Todo o meu roteiro, limpo e organizado, estava no chão. Junto com papéis de bala, um estojo surrado, um livro com uma capa questionável com um homem sarado quase pelado e um fone todo embolado.

Por alguns segundos odiei a jovem por jogar tudo que vê pela frente dentro da bolsa.

- Me desculpa! -choraminga nervosa e se abaixando na velocidade da luz para catar tudo. Respiro fundo e me abaixo para ajudar. A julgar pelo que carrega na bolsa, meu roteiro não estará seguro em suas mãos.- Eu fui ao banheiro, mas me distrai no celular por meio segundo e não acho o caminho de volta por nada... -A menina tagarelava sem parar nervosa e gesticulando cada vez que colocava, não jogava, uma coisa na bolsa.- Deus, eu só quero sair daqui. -fala sozinha, mas quando vai levantar as mãos para o céu, acabo levando uma bofetada.- ME DESCULPA! -grita com os olhos arregalados finalmente os colocando em mim, cobre a boca com a mão envergonhada.

O impacto foi fraco, mas sua unha me arranhou, alguma parte da minha bochecha, da mesma forma. Quase me desequilibrei e fui parar com a bunda no chão.

Nem um, tudo bem, eu tinha conseguido falar ainda, mas ela?

Ahh ela, já derrubou tudo, falou horrores, catou suas coisas e os nossos papéis?

Esses ela arrastou pelo chão enquanto os juntava, me fazendo tremer de raiva imaginando o quão sujo ficariam.

- Só pare! -peço bufando e fechando os olhos em busca de algo para me acalmar, meu dia estava péssimo e ela não tinha nada com isso.- Só não faça mais nada e nem fale. -digo assim que vejo sua boca abrindo novamente.

Deixado para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora