Capítulo 16

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Kim Seokjin

Acordo sentindo um vazio na cama, me espreguiço repassando o que aconteceu horas atrás. O quarto está escuro, só não estou no completo breu porque vejo a luz da sala ligada. Olho em volta e noto que o roupão sumiu, imagino que Thais tenha ido comer alguma coisa e levanto para ir até ela.

Estou quase chegando no fim do corredor quando ouço sua voz falando com alguém. Meus pés se enraízam no chão e meu corpo todo gela. De repente um filme volta em minha mente, as conversinhas escondidas. As risadinhas. Os segredos e as desculpas esfarrapadas. Agora tudo que mais quero é ter forças para sair das sombras e parar de espiar a conversas alheias, mas não consigo. Parte de mim tem medo que Thais faça o mesmo que ela, ainda que não tenha me dado nenhum sinal.

- Está tudo bem comigo não precisa se preocupar Se won. -ri para o meu desespero. Quando foi que eles se aproximaram? Não acredito que Júlia teve a capacidade de apostar que eu demoraria a beijar Thais e jogá-la para cima de outro.- Onde vou morar? -suspiria.- Ainda não sei, mas arrumei um lugar por essa noite pelo menos. -espio ela sentada no sofá abraçando as pernas. Isso não pode estar acontecendo de novo- Não te interessa onde é garoto! Tem uma cama e um teto, só isso que você precisa saber! -Ela também me dava foras no início...

Meu coração está agitado, sinto minhas mãos suarem. Penso que Thais não é como Isis, mas as dúvidas estão aqui. Se formando em meus pensamentos e querendo estragar lembranças que acabei de criar. Respiro fundo, quero ir até ela e me mostrar presente. Que me note, mas permaneço parado na entrada da sala. Como uma estátua que não se mexe há séculos.

- Quer que eu guarde segredo? -sinto a minha ferida recente queimar e não quero mais ouvir essa maldita conversa, mas antes que possa sair dali e vestir a máscara da indiferença, Thais me nota e sorri como se estivesse diante do seu bem mais precioso. O tipo de olhar que meu pai dá a minha mãe.- Claro, eu guardo segredo. -morde os lábios e me chama com o indicador. Penso que estou velho demais para toda essa sedução em forma de gente. São só três anos, mas ela ainda vai me causar um infarto.- Prometo não contar pro Reizinho que você está namorando com a Ruby. Nem que criamos um grupo para juntar vocês dois porque são muito lerdos para agirem sozinhos.

Solto todo ar que prendi até agora por conta de toda a minha insegurança. Abro um sorriso relaxado e caminho em sua direção, acho que posso conviver com ela escondendo esse segredo. Sento ao seu lado no sofá e puxo sua perna para cima de mim, a forçando vir para o meu colo. Mal sentou e o contato das nossas intimidades me fez despertar novamente. Fecho os olhos e respiro fundo, não quero colocá-la em uma situação constrangedora.

- Preciso ir. Obrigada por se preocupar, mas estou bem. -responde olhando nos meus olhos enquanto acaricia o meu rosto com a ponta dos dedos.- Também estou segura. -se despede e larga o telefone de lado.- Tive que me segurar para não gritar, parecia uma assombração ali parado. -gargalho porque sei que devia ser verdade.

- Uma assombração maravilhosa. -debocho dando uma piscadinha.

- E egocêntrica! -revira os olhos como punição, minha mão vai direto para sua bunda pronta para apertá-la.- Se bem que -lambe os lábios remexendo o quadril.- Com toda essa glória à mostra, posso conviver com isso.

- Gostou né, coube direitinho. -balança a cabeça se enroscando no meu pescoço. Quando se debruça em mim vejo o roupão cair um pouco, me lembrando do seu corpo maravilhoso.- Porque tem a minha letra tatuada em você?

- Lembra que quando esteve na Austrália -repete enquanto seus dedos brincam com a linha do meu ombro.- e foi em um restaurante requintado de frutos do mar. -sim, o favorito da Isis, mas não digo nada, só concordo silenciosamente.- Eu estava lá, com meu ex-namorado e digamos que ele não era muito gentil comigo. -sinto uma irritação crescer em mim. Nunca vi motivos para homens serem idiotas com mulheres, menos ainda a que escolhem para ficar ao seu lado.- Bom, você estava na mesa ao lado da nossa vendo os despropósitos que ele falava.

Perco um certo tempo tentando me lembrar, quando uma breve memória surge em minha cabeça. De um casal. O cara passou mais da metade do tempo no celular, do que olhando para a mulher ao seu lado. Algo que para mim já estava errado, por mais que ame tocar Thais, nunca sentaria ao seu lado em um encontro.

Prefiro sentar à sua frente para ter a melhor visão dos seus olhos.

- Algo sobre você estar empolgada e ele se preocupando de você não comer demais? -vejo seus olhos se entristecendo e fugirem dos meus. Seguro seu queixo fazendo com que volte a me olhar.- Sabia que eu adoro cozinhar?

- Percebi! -ri segurando meu rosto com carinho e deixando um beijo suave em meus lábios.- Eu ia conhecer meus sogros e ele estava mais preocupado com as minhas roupas e o celular. -retoma a conversa.- Sem contar que não gosto de frutos do mar. -confessa me fazendo ter certeza que namorava um completo idiota.- Enfim, -suspira- olhei por lado e você estava ali. Encarando a gente curioso, acho que viu tudo. Até quando me levantei chorando. -se abraça e encolhe o corpo já sentada em meu colo.- Depois de um tempo uma garçonete me procurou no banheiro e entregou uma das rosas decorativas do restaurante com um bilhete. Seu bilhete, guardo eles até hoje dentro de um caderno. -diz olhando para as malas ainda deixadas na entrada do apartamento.

- Sabe -suspiro, lembro vagamente da situação, mas agora pensando melhor, sei que as escrevi.- Essas palavras eram para mim. -digo abrindo o roupão, deslizando pelo seu corpo e voltando a admirar sua tatuagem na costela esquerda.- Fui naquele restaurante, na verdade toda a viagem foi para provar a mim mesmo que precisava esquecer e seguir em frente.

- O que você queria esquecer? -envolve meu pescoço e a abraço por dentro do pano fofo que a cobria pela metade agora.

- Eu fui noivo Thais. -seus olhos crescem espantada.- Ela me largou no dia do casamento, no altar. -respiro fundo pensando em tudo que vivi naquele momento.- Escolheu o não e foi embora com o amante, ali, para quem quisesse ver.

- Uma filha da puta! -esbraveja remexendo indignada.

- Olha a boca, porra! -bato em sua bunda repreendendo.- Já me basta o Namjoon.

- Falou o Reizinho que falou oito palavrões noite passada.-franzi o cenho, ela tinha contado?- O que? Foi um momento marcante, achei que o maior xingamento que sairia da sua boca seria Sei lá Carambolas!

- Eu não sou tão patético assim. -aperto sua coxa com a outra mão.- E não precisamos de outro boca suja na família. -me refiro a meu irmão e, secretamente, ao meu pai. Namjoon teve que aprender com alguém.

- Tudo bem, babaca soa melhor para o seu ouvidinho, Reizinho? -debocha revirando os olhos.

- Seus gemidos soam melhor -agarro sua cintura beijando seu pescoço.

- Aposto que eu inteira sou melhor! -arqueia as costas esmagando seus peitos em mim me deixando com água na boca.- Vou curar o que ela machucou. -diz saindo do meu colo e se ajoelhando na minha frente.

Não quero acreditar no que vai fazer. Mesmo que esteja com a maior cara de safada, mordendo os lábios e massageando meu pau. Se ela soubesse o quanto esperei por esse momento. Foram tantas fantasias. No banho. Enquanto estivesse sentado em minha cadeira no escritório em alguma ligação. E a maior de todas, a fantasia da vingança. Quando sua língua quente toca minha pele rosno excitado.

- Tem que avisar essas coisas ou vou infartar! -brinco observando sua língua passear por toda minha extensão e agarrando os cabelos em sua nuca.

Essa mulher sabe o poder que tem sob mim. Não é possível.

Deixado para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora