Capítulo 7

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Thais Ribeiro

Ainda não parecia real. De verdade, ainda não consigo acreditar que finalmente tinha voltado a ter um emprego, relativamente, digno do meu currículo. Claro que todo e qualquer emprego honesto é digno, mas devemos sempre almejar o nosso crescimento, certo?

Acho que foi por essa felicidade toda que quase não consegui dormir cedo ontem, ou que me fez acordar duas horas antes do normal. Simplesmente porque eu parecia uma criança na véspera de natal. Eufórica.

Passei horas escolhendo uma roupa que eu julgasse perfeita. Fala sério, depois que saí do escritório, me lembrei da moça que esteve na cafeteria com meu novo chefe no outro dia. Tem também a secretária, Ruby. As duas estavam lindas, com roupas elegantes, saltos, maquiagem, fez com que me sentisse um patinho feio naquele uniforme da cafeteria. Ok que esse não era o visual que usava quando estava estabilizada na Austrália, mas fala sério. Aquelas duas juntas, não quero me sentir o patinho feio para sempre perto delas.

Então, aqui estou eu. Encarando mais uma vez a recepção do edifício, na minha melhor e mais confortável roupa de trabalho. Respiro fundo antes de caminhar calmamente para o elevador, mentalizando tudo que possa ser positivo nesse mundo.

- Bom dia. -digo reconhecendo a moça dentro do elevador, era a mesma da cafeteria.

- Igualmente. -respondeu sem tirar muito os olhos do celular. Apertei o andar de destino, fico meio travada sobre o que fazer. Ainda não tenho certeza se trabalharemos juntas, mas eu precisava, desesperadamente, fazer amigas.- Tênis legal. -elogia rindo e finalmente me encara, sou analisada por um tempo, quando seus olhos brilham, imagino que tenha me reconhecido.- Vou ter que aderir ao seu estilo daqui a um tempo. É isso ou meus pés não vão aguentar. -

Confusa e com os olhos arregalados. Não sei se levo isso como uma ofensa ou um elogio de verdade. Porque amo muito meu conjuntinho social e o cropped para acreditar que estou feia neles. A calça não é nem justa nem solta, o que não me deixa muito gorda. Tem no máximo três dedos da minha barriga para fora muito e o blazer, bom, estava frio no metrô.

- Obrigada, eu acho. -balanço a cabeça querendo não parecer grossa, mas sem que eu controle meus olhos estão semicerrados.

- Vou te levar comigo às compras. -determina apontado com o celular para mim. Eu quero fazer amigas, mas da onde ela está tirando tanta intimidade assim, meu deus.- Eu dei graças a deus quando a Ruby disse que o Seokjin considerou te contratar. -um vinco enorme se forma na minha testa.

Ela fez um nó no meu cérebro.

Tudo bem que fui simpática na cafeteria e acreditava que fosse próxima do Bigboss reizinho. Agora, se no bom dia quer me levar às compras, não quero nem imaginar o que vai acontecer depois da primeira cerveja.

Deus mantenha os loucos longe de mim.

- Eu acho que não estou acompanhando a sua linha de raciocínio. -digo com um leve desespero e minha risada contagia ela.

- Júlia Araújo, advogada Civil dos Kim 's e cunhada do Seokjin. -estende a mão para que possa apertar.

- Cunhada... -gaguejo.

- Uhu, fui eu quem analisou o seu currículo. -acrescenta sorrindo, quando trêmula seguro a sua mão.

Graças a essa mulher eu tenho um emprego decente. Foda-se a sua loucura, posso ir as compras, qualquer lugar que ela quiser. Deus a mantenha perto de mim, esqueça o que disse. Estava com essa sensação esquisita de gratidão pelo que ela fez, fala sério, olhou meu currículo e julgou que seria capaz de estar ali. Que merecia a vaga.

Deixado para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora