Deixado para trás

Capítulo 4

Kim Seokjin

Estou com o rosto afundado em papéis quando ouço batidas na minha porta, antes mesmo que possa responder a porta se abre. Revelando meu pai sorridente e cheio de empolgação para falar comigo. Fico em estado de alerta, já que nesses últimos dias passou mais tempo no tribunal do que no escritório.

- Oi pai! -dou um sorriso fraco.

- Fechei meu último caso. -comemora dando socos no ar e me causando um frio na barriga.- Pode ir para minha sala amanhã. -avisa sentando na poltrona em frente a minha mesa.

Como eu imaginava, o grande dia tinha chegado. A mudança iria acontecer, agora eu serei o chefe e não sei se estou pronto para isso. Tem tanta coisa dando errado ultimamente na minha vida que tenho medo de falhar de alguma forma. E por mais que todos me digam para parar com o trabalho na faculdade, gosto do que faço lá.

- Eba! -finjo uma animação inexistente no momento e volto a olhar para as provas dos meus alunos, preciso terminar isso até o fim do dia.- Amanhã eu juro que penso nisso.

- Sua emoção é tocante, meu Deus. -revira os olhos.- Bom, -bate na mesa querendo minha atenção.- lembre-se de todos os contratos, qualquer um de pertença aos Kang, Lee ou Chug são prioridade. Estão conosco desde sempre. -pontua como se eu não soubesse que são nossos clientes desde a época do meu avô.- Mantenha a calma a todo momento.

- Acho que está confundindo os filhos. -debocho me recostando na cadeira e dando a atenção que ele quer, quanto mais rápido falar, mais rápido vai embora.

- Engraçadinho. -arqueia a sobrancelha.- O que fez seu humor melhorar? -penso no meu par de bombons mais uma vez hoje, reviro os olhos.

Isso está começando a ficar irritante.

- Nada pai. -respiro fundo esperando que continue.

- Sei. -semicerra os olhos desconfiado.- Pare com as suas palestras porque com a quantidade de assessoria que prestamos, pode acabar não dando conta. -sutilmente quer mandar em mim.

A diferença entre meu pai e minha mãe, é que, enquanto ela grita pelos quatro cantos que tenho que largar meu emprego na faculdade. Meu pai aconselha, nada discretamente, que corte relações com o instituto aos poucos.

- Vou pensar sobre isso. -não discuto mais isso com eles, é perda de tempo. A maldita não frequenta as minhas aulas. Não tenho com o que me preocupar.

- Certo. -ri desacreditado.- Vai ter que arrumar um secretário novo. -um vinco se forma entre minhas sobrancelhas enquanto meu pai ajeita o palito querendo fazer suspense. - Se-won vai acompanhar de perto o método do Joon de trabalhar. Parece que ele está chegando no último período da faculdade e seu irmão quer dar mais responsabilidades a ele. -comenta doando os ombros.

- Ah não me diga. -ironizo agora sim ficando irritado. Meu irmão está passando dos limites da minha paciência com suas mentiras.- Mais alguma coisa pai? Porque dada essa informação eu preciso ter uma conversinha com o seu filho mais novo. -reclamo colocando as provas organizadas e alinhadas na mesa.

- Qual é o problema?

- Ora mais nenhum. -forço um sorriso me levantando pronto para matar Namjoon.- Coisa de irmão sabe. -finjo descaso dando os ombros para que não venha atrás.

Meu pai está mais confuso que antes vendo a minha determinação em sair da sala, mas só saio de fato quando ele me confirma que não tem muito mais que falar. Marchando pelo escritório vejo Ruby me seguindo com o olhar quando passo por ela e não falo nada. Antes que eu possa bater na porta, Se-won a abre e perde a cor ao me ver.