CAPÍTULO 13 - O grito de socorro

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                  O grito de socorro

Enquanto na fazenda Terra Prometida as emoções afloravam, na delegacia de Palmas o desespero predominava.

Depois de muito procurar por sua filha Graziele recorreu as autoridades para abrir um boletim de ocorrência comunicando o desaparecimento da menina.

A delegada Ana Rosa, responsável pela caso lhe fazia diversas perguntas querendo saber a rotina da menina, indagava sobre seus parentes e amigos até que perguntou:

_E o pai dela?
_O pai dela?! - Grazi levou um susto com a pergunta, não se lembrava dele.
_Sim. Você já procurou o pai da Sofia para saber se não está com ele? - a delegada questionou.
_A Sofia não está com ele. - Graziele respondeu sem jeito.
_ E como você sabe? Você procurou o pai da menina para saber?

Desconcertada, sem saber como contar essa história Graziele falou:

_ Doutora, a Sofia não nunca conheceu o pai dela nem sabe quem ele é!
_ Por que ela não conheceu o pai? Qual o problema com o pai da menina? Ele não reconheceu a filha? 

Cabisbaixa e envergonhada Graziele respondeu:

_ Eu nunca contei para ela quem era seu pai. A Sofia é fruto de uma relação que deu errado.
_Tudo bem, mas e ele? Ele sabe da existência da filha? - a delegada insistia nos questionamentos.
_Não senhora. Ele nunca soube que eu estava grávida, eu não quis contar. Quando terminamos eu estava grávida e decidi que criaria minha filha sozinha, e assim eu fiz doutora. - surpresa a delegada arregalou os olhos.
_ Graziele, e quem te garante que o pai não sabe sobre ela? A partir disso nós temos uma nova linha de investigação.
_Não! Eu tenho certeza que ele não sabe! Eu não quero que ele sabia da Sofia! Por favor.
_Graziele, nesse caso você não tem querer. Estamos lidando com desaparecimento de uma criança, e se existe a possibilidade dela estar com o pai nesse momento eu sou obrigada a procurá-lo. - enfatizou.
_Não doutora, por favor. Eu tenho certeza que ela não está com ele! - falava aflita.
_ Qual o seu problema com o pai da menina? Porque escondeu a filha dele Graziele? Ele te batia? Te fez algum tipo violência ou ameaça?
_Não! Nunca!
_Então me ajuda a entender isso para que eu possa te ajudar! - disse nervosa.
_A senhora é mãe? - perguntou a delegada.
_Sim! Sou mãe de um casal de adolescentes e sou separada do pai deles desde quando ainda eram pequenos.
_Então eu tenho certeza que a senhora vai poder me entender...
_E eu quero entender... Explique-se.

Morrendo de vergonha Graziele começou dizendo:

_Eu tinha 19 anos quando conheci o pai da Sofia, eu era uma menina pobre, vendia doces na rua. Ele é um rapaz bonito, tinha uma boa vida, vaidoso, eu achava que ele me amava, mas tinha vergonha de quem eu era. - ela chorou.
_Calma Graziele... Continue por favor.
_Me perdi com ele, foi meu primeiro homem. Ele precisou se mudar de cidade por causa do trabalho, eu acho que se iludiu com dinheiro, com fama e escolheu essa vida e me deixou um mês e pouco depois da nossa primeira noite juntos.
_Mas ele sabia da gravidez?
_Não, nem eu sabia! Ele me confessou que tinha vergonha de mim, do que eu fazia para sobreviver e isso me machucou demais! Eu confiei nele! E na primeira oportunidade ele me deixou. - contava chorando envergonhada.
_Isso fez você se sentir usada e rejeitada... Entendo. - disse Ana Rosa.
_Mas não foi só isso! Eu era jovem, sofria violência doméstica, minha mãe agredia e explorava a mim e minhas irmãs. - ela chorava muito e deixou a delegada emocionada.
_Eu não tinha ninguém pra me orientar, ele era tudo que eu tinha! Daí do nada ele disse que não me queria mais depois de tanto dizer que me amava! Escolheu a vida de luxo e regalias e não pensou em como eu ficaria! Procurei por ele várias vezes, mas ele me rejeitava, dizia que não queria mais até que parou de me responder, me ignorou como se eu fosse uma menina qualquer, que ele havia achado por aí, sem valor nenhum! - desabafou.
_Eu senti ódio dele! Apesar de amá-lo eu queria sentir ódio! Era a única maneira de parar de sentir o amor que eu tinha por ele.
_E esconder a gravidez foi a forma que você achou de dar o troco ao que ele te fez?
_Não! Eu não queria dar o troco! Eu só queria ser feliz, criar a minha filha do melhor jeito possível!
_É isso seria longe do pai? - a delegada questionou.
_Sim! Doutora, quando ele era anônimo sentia vergonha de mim, não me quis porque eu era pobre. Ele se tornou uma figura pública, ficou rico e famoso. A senhora acha que ele ia querer falar para as pessoas que tinha uma filha de uma vendedora de rua?! - a delegada ficou curiosa.
_Eu não quis correr o risco de ser rejeitada novamente, ou pior, que ele rejeitasse a minha filha. Então eu fui embora para Araguaína, para bem longe dele. Eu criei a Sofia com pouco, mas ela tinha de tudo e era feliz. A mãe dele não gostava de mim porque eu era pobre e trabalhava na rua, como você acha que ela trataria minha filha?! Ela ia dizer que eu engravidei de propósito para prender o filho dela porque ele estava começando a fazer sucesso, estava ganhando dinheiro. Mas eu não precisava do dinheiro deles! Eu sempre trabalhei e fiz tudo pra minha filha! - ela chorava.

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