Doce Segredo

CAPÍTULO 8 - Amar e perdoar

Amar e perdoar

Existe um ditado popular que diz que
"a decepção não mata, nos ensina a viver..."
Eu particularmente acredito, mas ouso a acrescentar que antes de nos ensinar a viver, a decepção nos humilha, maltrata e nos arrasta para águas muito profundas, e é na luta para voltar a superfície que ela nos ensina a viver e nos mostra o quanto somos fortes, ou não.

Esse era o momento que Graziele estava vivendo. Mesmo decepcionada com Henrique, Grazi sabia que ele a amava, afinal, a gente sabe quando é de verdade, quando os sentimentos são recíprocos, quando há amor, e ela sentia isso.

Quando eu digo que "a decepção antes de nos ensinar ela nos humilha e nos maltrata", me refiro as atitudes como as que Graziele teve logo na primeira semana depois do término.
Mesmo depois de falar tudo aquilo para Henrique num momento de raiva, ela tentou voltar atrás com medo de perdê-lo de fato.
Ainda arrasada e inconformada Grazi mandou várias mensagens dizendo que o amava, que não poderia viver sem ele e pedia pra voltar.

No início Henrique respondia as mensagens dizendo que não tinha mais jeito, que estava longe e que precisavam seguir em frente, e rejeição fazia Graziele se sentir ainda mais humilhada e desprezada.

A cada mensagem que recebia Henrique balançava , ele estava feliz vivendo seu sonho, mas sentia muito a falta de Graziele.
Acontece que ele sabia que não tinha como dar certo, e mesmo com o coração doendo dizia "não" para ela.

A insistência de Graziele deixou seu ex-namorado sem argumentos, Henrique não sabia mais como explicá-la que não ia voltar, então parou de responder as mensagens da moça.

E foi aí que a decepção levou Graziele "as águas profundas"...

Aquela havia sido a sua primeira decepção amorosa, ela estava sofrendo demais com término!
Grazi quase não dormia, passava as noites chorando, se alimentava mal e em uma semana perdeu cerca de quatro quilos.

Angélica era uma mãe relapsa, mas mesmo assim notou que algo estava diferente com sua filha. Intrigada a mulher não disse nada, mas passou a observá-la.

Numa manhã de segunda-feira enquanto suas irmãs estavam na escola Graziele enrolava seus docinhos na cozinha e sua Tia chegou:

_Bom dia Ziele! - era como a Tia Mariléia a chamava.
_Aí Tia Léia! Que susto! - sorriu.
_Perdão Ziele! Eu chamei, ninguém atendeu, o portão estava aberto e eu entrei.
_Aí tia... Me desculpe, não ouvir a senhora chamar.
_Onde está sua mãe Ziele?
_São dez horas da manhã de segunda-feira tia Léia. Onde a senhora acha que ela está? Dormindo né! Chegou do forró às quatro da manhã.
_Ah Ziele, já não sei mais o que fazer com a minha irmã. - lamentou triste e desanimada.
_ Hoje fui no postinho de saúde para buscar meus comprimidos de diabetes e uma conhecida que trabalha lá me entregou os remédios de Angélica. Ela está tomando as medicações minha filha? - perguntou preocupada.
_Não tia! As caixas ainda estão fechadas dentro do armário, do mesmo jeito que estavam quando a senhora as trouxe da última vez.
_Ai Ziele... Que tristeza na minha vida! Por que minha irmã se entregou dessa maneira? Porque a Angélica insiste em não se tratar?
_Eu não sei tia. Procurei por um psicólogo no posto de saúde, eles têm esse tipo de tratamento para pacientes com a mesma doença da mamãe, mas ela não aceita, não quer se tratar! E o pior de tudo, continua trazendo homens para dormir aqui e do nosso quarto escutamos tudo.
_Minha filha, eu quero internar sua mãe, ela não está bem. Eu vejo o que vocês passam com Angélica nessa casa e fico com vontade denunciá-la para o conselho tutelar, mas não tenho coragem por causa de vocês! Grazi, eu sei que você não gosta quando falo isso, mas o seu pai é um homem tão bom, porque não vão morar com ele minha filha?
_Tia, eu não posso abandonar a minha mãe! Ela tem muitos defeitos, eu sei! Mas acredito que em algum momento ela pode mudar. Nós duas sabemos o tamanho do problema que ela enfrenta e porque chegou a esse ponto. Não posso abandonar minha mãe!
_ Angélica tem filhas maravilhosas, pena que minha irmã não consegue mais enxergar isso! - sorriu carinhosa.