Capítulo 53 - " A essência da menina"

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A festa de Natal na casa da família Reis transcorria em meio a risos e conversas animadas, mas um certo burburinho corria no ar. Todos comentavam pelos cantos sobre a cena de Sofia com a avó.

Henrique, após a conversa com sua tia Marlene, ainda se encontrava confuso e indeciso. A proposta de ir para Araguaína com Sofia o deixava em dúvida, dividido entre a responsabilidade com a educação da filha e seus próprios desejos.

Ele se questionava, se fazer as vontades da menina seria a coisa certa. Assim, Sofia não ficaria mal acostumada? A menina poderia entender que toda vez que fizesse uma cena parecida, conseguiria o que queria?

Isso o deixava com dúvidas de como agir. Ao mesmo tempo, Henrique sentia pena de Sofia, por vê-la triste, pelos cantos. Além, disso sua vontade de ver Graziele também era grande, e influenciava muito na sua escolha.

Enquanto isso, Maria, notando a ausência da menina, se aproximou de Henrique com um sorriso gentil.

_Onde está a Sofia, meu filho? - perguntou ela, com um tom de preocupação na voz.

Envergonhado, Henrique respondeu:

_Ela está no quarto, mãe. Eu gostaria de pedir desculpas pelo comportamento dela durante a ceia. Se a Sofia falou com a senhora de forma inadequada, a culpa é minha. Ela só repetiu o que eu venho fazendo há alguns dias. Me desculpa, mãe? Peço por ela, e por mim. Prometo que não acontecerá novamente.

Maria, compreensiva e experiente, colocou a mão sobre o ombro do filho e disse:

_Não se preocupe, meu filho. Todos nós já passamos por fases assim quando éramos jovens. O importante é que você reconheça seus erros e tome medidas para corrigi-los. Eu confio em você para educar sua filha da maneira correta. Eu sei qual foi a educação que nós te demos. - ela sorria carinhosa, acariciando a barba dele.

_Agora sobre a Sofia... As crianças estão abrindo os presentes. Ela não vem para abrir os dela? - Maria perguntou.

_Deixa ela quietinha, mãe. A Sofia não está bem.

_Eu sei. Renata me disse que conversou com ela mais cedo, que a Sofia chorou dizendo que está assim por causa da mãe. - disse Maria.

Henrique não gostou do tom que ela usou. Todas as vezes que sua mãe falava de Graziele, ele se armava, porque sabia que Maria sempre a atacava.

_A Sofia não está assim por causa da mãe. Ela está assim, porque está com saudades da mãe. É bem diferente. - ele disse com firmeza.

_A Sofia foi criada por eles, mãe. Hoje ela está aqui, no meio de pessoas diferentes, desconhecidas para ela. A Sofia é só uma criança! É normal que se sinta deslocada, chateada e com saudade deles, e da mãe.

_É claro que é normal, meu filho. Mas acontece, que nós também somos a família da Sofia. - Maria argumentava.

_E com o tempo ela vai se acostumar com isso, mãe. Não se preocupe! Dê um tempo para ela, por favor. - ele pedia calmamente.

Minutos depois, Sofia surge cabisbaixa, aproximando-se de Henrique. Sentado à mesa ao lado do irmão, e demais familiares, ele tomava uma cerveja quando ela chegou:

_Papai, a gente pode ir embora?

Henrique, surpreso, questionou:

_Embora, filha, por quê? Ainda é cedo. - ele olhava o relógio.

Com um olhar triste, Sofia respondeu:

_Eu quero ir para casa dormir, tô cansada. - ela esfregava os olhos.

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