Capítulo 59 - As armadilhas da vida

306 20 198
                                    

Graziele entrou no quarto e se deparou com Henrique segurando o envelope em suas mãos. Imediatamente, ela sentiu um calafrio, um aperto no peito, pois sabia exatamente qual era o conteúdo daquele envelope: um segredo que escondia dele, por vergonha.

No envelope estava o dinheiro que ela havia pego emprestado com Cauã, e que não teve coragem de contar para Henrique. A vergonha de admitir pra ele, que não tinha condições pagar suas dívidas naquele momento, era mais forte que sua honestidade.

Encurralada por Henrique, que exigia uma explicação por ter encontrado o envelope em sua bolsa, Graziele gaguejou, sem conseguir formular uma frase completa.

O nervosismo a dominava por completo.

Pálida como um fantasma, ela tentou se defender:

_Henrique, você mexeu nas minhas coisas? ! - foi a única coisa que conseguiu articular, com a voz trêmula.

Henrique se levantou, encarando-a com uma expressão severa. Os olhos dele transmitiam uma mistura de decepção e raiva.

_Eu quero uma explicação! Agora, Graziele! - disse autoritário.

_Calma, eu vou explicar! - nervosa ela correu para trancar a porta do quarto para que ninguém pudesse ouví-los.

_Você pretendia ir embora com ele? Você está planejando isso pela minhas costas, Graziele?! E ainda querendo levar a minha filha?! - Henrique a questionava alterado, seu tom de voz demonstrava sua raiva e decepção.

A pergunta de Henrique soou como uma acusação, Graziele se sentiu acuada, como um animal encurralado, e desse jeito, ficava ainda mais nervosa.

_Não! Claro que não! - ela exclamou aflita.

_Que ideia maluca é essa, Henrique?! Eu nunca faria isso! - respondeu perplexa.

_Então você me explica, porque essa é a única coisa que eu consigo imaginar! - ele dizia nervoso.

_Eu vi quando Cauã te deu esse envelope hoje, e você escondeu no bolso do seu short. Eu não sou idiota, Graziele! - dizia furioso.

Nervosa, ela tentava se explicar:

_Sim! Ele me deu e eu guardei! Eu sei que você não é idiota! Calma, Henrique! Não precisa ser grosseiro assim! - falava aflita, acuada.

_Não estou sendo grosseiro com você! Você ainda não me viu ser grosseiro, Graziele! Nem queira ver! - ele sorriu num tom de ironia e "ameaça".

_Eu detesto ser enganado, ser passado para trás. Você não vai fazer isso comigo! - dizia alterado, furioso, mas não gritava com ela.

Tentando acalmá-lo, Graziele se aproximou:

_Não estou te enganando ou te passando para trás! Se acalme! Eu vou te contar... - Grazi se aproximou, mas ele deu um passo para trás, se esquivando dela.

De cara feia, Henrique se sentou na cama, cruzou os braços e disse:

_Estou esperando a sua explicação... Fala logo!

Morrendo de vergonha, Graziele iniciou dizendo:

_Como você pode pensar que eu planejava fugir com a Sofia?

_O que você quer que eu pense? Eu encontro dinheiro e duas passagens em nome de vocês. O que queria que eu pensasse, Graziele? - ele rebateu.

_Eu jamais faria algo assim, muito menos com você! Eu te amo! Eu quero ficar com você! - carinhosa ela se aproximou, tocando o rosto dele.

Mas Henrique não queria ser adulado, só queria a verdade. Ele tirou as mãos dela de seu rosto, falando:

_Como eu posso ter certeza?! Você tem o péssimo hábito de mentir pra mim, desde que te conheci.

Doce SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora