Meu coração errou o compasso dos meus batimentos quando tirei a venda e vi o rosto incrédulo de Dominic ali, parado na minha frente, tão surpreso quanto eu. O que eu estava fazendo? Como pude não perceber que se tratava dele?
Eu o empurrei instintivamente, mesmo sabendo que isso não mudaria nem o pouco o fato de que ele tocou no meu corpo daquele jeito tão faminto, não mudaria o meu batom vermelho manchado no canto dos lábios dele, e eu aposto que ele ainda podia sentir o gosto adocicado do gloss...
E pior de tudo, não mudaria em nada o fato de que eu gostei.
Não mudou minha excitação, os gemidos baixos e os arranhões nas costas dele ainda estariam lá. Isso era puramente desesperador, como eu pude fazer aquilo com o meu meio irmão?
Por um momento eu até esqueci daquela figura feminina atrás de nós, e eu sabia que Dom estava tão perdido quanto eu, eu escondi meu rosto entre as mãos, não conseguia encarar ele nos olhos, muito menos a outra garota lá, queimando de raiva, tudo parecia enevoado.
Deus... por que foi tão bom?
Eu daria tudo para que ele beijasse mal, não tivesse pegada, babasse até demais e também não soubesse o que fazer com a bendita língua. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Cada toque, respiração reverberando na minha pele, sua boca deliciosa... tudo aquilo soava tão meu.
- Dominic, quem é essa garota?! - berrou a outra, e só assim eu fui despertada dos meus pensamentos lascivos.
Eu a encarei nos olhos, ainda tentando evitar a figura de Dom ao meu lado, ela era uma garota de descendência asiática, pele branca como porcelana, os cabelos negros extremamente lisos caiam até sua cintura, ela tinha um rosto tão delicadamente doce que era difícil de distinguir que aquela voz carregada de ódio estava vindo dela.
A mulher caminhou com raiva, os olhos queimando com tanta antipatia que eu me encolhi contra o balcão da cozinha, por um momento pensei que ela fosse partir para cima de mim, mas sem dizer nada, com um movimento tão furtivo como uma sombra eu vi a postura dele parada na minha frente, ele estava me protegendo?
Ela observou essa movimentação extremamente incrédula, seu rosto todo corou e eu senti como se as paredes do cômodo estivessem se fechando em volta de nós.
Minhas mãos tremeram levemente e minha cabeça ainda estava extremamente confusa com o ritmo acelerado das coisas acontecendo, a moça gritou de novo e começou a estapear Dominic, que mal se mexia ou reagia, ele apenas bufou.
- Eu não acredito que você me trocou por essa vadia mediana! - gritou ela, batendo o pé, a mágoa mais do que evidente em sua voz.
- Pare. - ele ordenou, fixando seu olhar no dela.
Os lábios da moça tremeram ao ouvir a voz dele, grave e firme ressoando pela cozinha, eu senti a tensão do momento me dominar e não permiti soltar sequer um som.
- A-A única coisa que eu quero é a sua atenção! - exclamou ela, levantando a voz, se tornando mais embargada e explosiva - você estava ficando comigo! - ela fez uma pausa antes de apontar na minha direção - eu tenho tudo que ela não tem!
- Ayumi, fica quieta! - vociferou ele depois de um longo silêncio ensurdecedor, que fazia as paredes da enorme cozinha de repente ficarem claustrofóbicas. Eu nunca tinha visto ele levantar a voz desse jeito com ninguém, muito menos com uma mulher, e eu sabia que aquilo tudo não estava nos planos dele, pelo menos não desse jeito, não aqui, não sem ele estar no controle da situação.
Eu finalmente tomei coragem e mirei minhas íris no rosto dele, carregado de uma expressão misteriosa cheia de nuances ao seu entorno, era algo difícil de ler. Mas... mais uma vez eu me perdi no labirinto daqueles olhos esverdeados com um brilho frio.
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BLOODLINES: LIVRO UM.
RomanceDominic Van der Woodsen sempre foi sinônimo de problemas por onde passava, mas olhar para ele era como assistir um acidente de trânsito, uma curiosidade mórbida não te deixa afastar os olhos. Serena sempre soube disso e por esse mesmo motivo não sup...