Reconciliation

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P.O.V Serena.

Que idiota, eu o detesto.

Eu repetia várias vezes na minha mente, tentando me convencer disso. Mesmo alguém na estação espacial conseguiria ver a carranca persistente no meu rosto. Não sabia denominar o que estava sentindo, apenas era como se meu coração começasse a se contorcer enquanto imagens dele e Leah me apunhalaram profundamente; o nó no meu estômago era por causa da bebida ou dessa irritação que me possuía?

Por que isso me irrita tanto? Por que parece que estou queimando em brasas? Minha testa estava dolorida depois de tanto tempo franzindo o cenho, e nesse momento um incômodo persistia, se espreitando pelas paredes daquele quarto. Uma sensação gélida de que algo faltava ali, pra mim era impossível associar aquele lugar como o cantinho de Dominic, não se assemelhava nada com ele. Não tinha seu calor, a presença intoxicante, nem me fazia sentir segura, e cada segundo a mais ali estava me sugando.

Ouvia o soar do relógio, o barulho distante da festa acontecendo no quintal, passos no corredor e risadas alheias. Procurava por um som específico, mas não encontrava. Onde ele…? Ah, quer saber? Esquece!

Precisava de um escape daquilo que me consumia; talvez drogas? Era uma possibilidade, mas não tinha coragem o suficiente pra isso agora, então pensei em algo tão bom quanto, que me faria esquecer de tudo. Quando não se pode usar alucinógenos, recorremos aos livros, e é por isso que as garotas quebradas são leitoras e não viciadas.

Saquei meu celular de minha bolsinha preta, o desbloqueei rapidamente e abri minha estante virtual, os dígitos percorrendo pelas inúmeras obras duvidosas, que eram as minhas favoritas. Eu não era bem o perfil de pessoa que todo mundo acha que gosta de ler, e por muito tempo da minha vida também nunca fora uma questão. Não até que eu conhecesse o subgênero que abriu meus olhos.

Dark Romance.

Garotos mascarados, stalkers, mafiosos, todo tipo de livro já havia passado pelos meus olhos, eles tinham um apelo em mim difícil de explicar. Talvez fosse o frio na barriga de imaginar alguém se escondendo nas sombras, um homem que contrariasse as expectativas e deixaria o mundo se incendiar por mim.

Reabri um que era diferente dos outros, me fez entrar nesse mundo podre e submerso em tabus: Haunted, de uma autora quase desconhecida que com certeza tinha tantos problemas psicológicos quanto eu.

Contava sobre um garoto que era tão apaixonado pela filha do delegado da cidade, que mesmo depois de ser brutalmente assassinado, voltou como um morto vivo em busca de vingança e de reivindicar o que era dele por direito. Mordisquei os lábios, ah o capítulo cinco… ele me despertava lembranças.

Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, ouvi batidas na porta, travei na hora, engolindo em seco. Não podia ser ele.

– Me deixe entrar.

Suspirei revirando os olhos, não queria vê-lo nem pintado de ouro, então apenas continuei em silêncio, levando minha leitura adiante.

Abre essa porta agora, Serena. – esbravejou, sua voz metálica e perfurante.

Um arrepio cruzou minhas costas beijando minha nuca em um choque térmico, qual era a dele?

– Não está mais trancada.

Assim que disse isso, ele abriu a porta num empurrão só, meus lábios tremeram levemente, mas não quis mostrar que estava afetada, seus showzinhos de raiva não iriam me tirar do sério.

Continuei encarando o celular, mas agora sem conseguir absorver nenhuma palavra escrita, minha mente vagava para inúmeros lugares em busca de fugir daquele olhar trovejante, mas não conseguia desviar.

BLOODLINES: LIVRO UM.Onde histórias criam vida. Descubra agora