Give Me Rock And Roll.

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P.O.V Dominic...

Porra. Não conseguia tirar aquela garota da minha cabeça. Fiquei a noite toda rodando sem rumo naquela maldita cidade acabando com minha cartela de cigarros, aposto que ainda conseguiria visualizar a forma sensível e trêmula dela no meu colo, a forma que deixou para trás seu papel aborrecido de princesa intocável e abraçou a maravilha de ser liberta, selvagem. Serena tinha sempre uma forma de me tirar do sério e uma parte no fundo da minha mente me mandava ficar alerta, eu sabia muito bem do erro que estava cometendo.

Ela é minha irmã. Ou pelo menos é isso que todo mundo diz... mas eu nunca senti como se essa mulher infernal fosse simplesmente uma parente, nós não tínhamos o mesmo sangue, ela somente chegou com tudo na minha vida quando meu pai teve a grande ideia de assumir uma mulher grávida de um bebê fora do seu casamento. 

Como poderia simplesmente aceitar que tudo havia mudado de uma hora pra outra? A merda da minha genitora sumiu no mundo e eu sequer tive contato com essa vadia desde então, ela não teve interesse em me procurar, nem pra fingir que se importava e arrancar um bom dinheiro do senador Van der Woodsen. Eleonor, a mãe de Serena nunca fez distinção, e nos meses antes do nascimento do anticristo de saia, mesmo com a relutância, eu senti que podia ver nela uma figura materna. Mas aceitar uma separação, que sua mãe te abandonou e seu pai assumiu a filha de outro homem... foi no mínimo coisa demais para uma criança lidar. 

Então foi assim que começou nossa inimizade, porque ela era a herdeira que ele sempre sonhou, tudo era muito bom pra mim antes dessa loucura toda que se desenrolou em poucos meses, mas de repente parecia que eu não me encaixava mais naquele modelo de família perfeita que o Van der Woodsen sênior queria criar. 

E ainda tinha ela... 

A desgraçada que atormenta meus sonhos, me perturba quando estou acordado e deixa sua marca em mim mesmo quando está longe. Passar esses anos tentando não notar o quão gostosa ela estava se tornando era praticamente impossível, manter a máscara fria foi uma proteção por um tempo. No entanto, por que continuar me segurando? Se vão me colocar na cruz de ferro porque corrompi a Miss Perfeitinha deles, que coloquem, eu não poderia me importar menos. 

Joguei o cigarro para fora da janela e mirei o caminho já conhecido até o apartamento de Logan e Trevor, tínhamos uma reunião marcada sobre o festival de bandas underground de LA que faríamos parte, esses dois não seguiam a lógica universal de marcar qualquer coisa para depois do meio-dia, então apenas decidi enfrentar os Debi e Loide ignorando minha cara de zumbi morto de cansaço.

Algum tempo depois já estava dobrando o corredor do qual eu conhecia como a palma da mão, parando em frente a porta de madeira, não bati antes de entrar.

– Pelados ou não lá vou eu. – anunciei minha entrada triunfal, retirando minha jaqueta de couro e a jogando sobre o sofá marrom.

A casa tinha um toque inegavelmente deles, uma paleta de cores escura, puxada para o preto e marrom, com janelas expressivas que davam uma bela vista do nascer do sol tomando conta dos céus, algumas plantas nos cantos - alguns pés de maconha infiltrados entre as samambaias verde musgo – além, claro, dos pôsteres de bandas rock dos anos oitenta intercalado com quadros carregados de referências a filmes de horror clássicos. 

Adentrei a cozinha que seguia os mesmos tons da sala de estar, exceto pelo marfim das bancadas de mármore. Logan estava de pé, tomando uma xícara generosa de café preto cheiroso, enquanto Trevor estava calmamente comendo sua pilha de panquecas com mel e um chá de camomila.

BLOODLINES: LIVRO UM.Onde histórias criam vida. Descubra agora