°○Feridas○°

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É, o tempo passou. Jimin, agora um gato adulto, é dono de uma exuberante galeria de arte no centro da cidade.

Seu primeiro ursinho de pelúcia, Pocotó, virou apenas uma lembrança carinhosa que fica exposta na prateleira sobre a cama de casal. Jimin o pega vez ou outra para limpá-lo. Nada mais. A primeira mamadeira e chupeta que ganhou estão guardadas em uma linda caixinha de madeira que o próprio produziu. Há anos que não precisa delas.

Por outro lado, Hae-Sung, com seus quase 16 anos, ainda é apenas um filhote aos olhos da ciência. À noite, faz o uso da chupeta como um calmamente para ter sonolência. Assim como seu pai fazia uns anos atrás, toma leite na mamadeira quando está estressado ou ansioso. Por vezes, Jimin o amamenta.

Não é um ato mal visto. Afinal, a idade certa para o desmame em Híbridos felinos é 15 anos. Portanto, Jimin não se importa.

É um garoto bem calmo. Não é fã de festas ou saídas as escondidas durante a noite. Gosta de ficar em casa, no aconchego dos braços dos pais. Lê bastante e pinta como seu pai gato. Adora inventar histórias e escrevê-las em um caderninho que tem apego emocional desde que o ganhou, em seu aniversário de 9 anos. Sem contar que é louco por plantas.

Ah, não podemos esquecer de Jungkook. Se livrou do antigo trabalho e do chefe maluco. Namjoon E Seokjin o contrataram como administrador geral da clínica em que atendem. Tem mais tempo para o marido e acompanha de perto as conquistas do filho. Nunca esteve tão feliz.

○●○●○●○●

É uma manhã chuvosa de sábado. O dia perfeito para ficar de preguiça na cama. Entretanto, Hae-Sung acorda atordoado, coçando as orelhas que pinicam. Parecem várias formiguinhas mordendo aquela pele sensível. Os dedos se sujam de sangue e pus. Não é uma sensação agradável. Uma dor aguda se alastra pelos nervos internos dos ouvidos, o causando agonia.

Faz quase duas semanas que sofre desse mal. É uma bactéria chamada Hibrides Practores. É algo natural que ocorre algum tempo antes do primeiro cio de qualquer Híbrido que possua orelhas animais. Pode causar feridas nos ouvidos, febre alta e coceira na pele. Segundo os cientistas, se ela aparecer, significa que o sistema imunológico do Híbrido está excelente e o corpo pronto para iniciar os ciclos. O que era para ser algo bom, virou uma tremenda dor de cabeça para Hae-Sung.

— Amor, ele já está acordado! — Jimin anuncia ao marido, adentrando o quarto do filho, segurando o que Hae chama de “a caixa da tortura”.

— Trouxe a mamadeira. Bom dia, meu pequeno! — Deseja a Sun (novo apelido adquirido), correndo em parar as patinhas agitadas.

— Pai, eu não quero. Machuca! — Implora, sendo deitado no meio das pernas de Jungkook.

— Sabe que é para você melhorar, bebê! — O entrega a mamadeira morna. Jimin senta perto do filhote, embebedando algodões com o “líquido do diabo”. Hae choraminga, parando de sugar o leite — Vamos fazer com carinho, filho. Sabe disso!

— Mas dói, pai!

— Sabemos, amor. Também já passei por isso! — Jimin afaga os fios negros do filho. Entrega um algodão molhado a Jungkook e avisa que podem começar. A ardência surge como brasa. O remédio lembra a Hae-Sung lava de vulcão. É terrível. Não segura o choro. Larga a mamadeira, querendo mexer o pescoço. — Calma, meu bem. Já estamos acabando!

— Machuca. Machuca, pai! — Sai meio falhado. Engasga nas próprias lágrimas e soluços, agitando as pernas.

— Pronto, pronto. Acabou! — Jungkook beija-o na testa coberta por mechas sedosas.

— Quero que isso acabe logo. Não aguento mais! — Seca os pequenos lumes tristes com o dorso das mãos.

— Quando seu primeiro cio vier, elas irão embora! — Jimin o informa, cheirando a bochecha molhada. Sun se esgueira nos lençóis e se enfia sob a blusa de Jimin, caçando o mamilo. Ele levanta o tecido, deixando o caminho mais livre. — Filho, faz três dias que você só mama. Estamos preocupados! — Aconchega o corpo menor no colo, sentindo a sucção vagarosa.

— Você precisa comer algo, Sun. Só leite não vai te sustentar! — Hae os ignora, pondo um pano no rosto. — Vou te dar o banho. Pai Ji prepara seu café da manhã, ok? — Hae esperneia, sendo retirado do colo de Jimin. — Bebê, você precisa pôr comida no estômago! — O arruma nos braços, afagando-lhe as costas.

— Quer aquele cereal de chocolate que você tanto gosta? — Jimin tenta, cheio de esperanças. Levanta rapidamente, baixando a blusa.

— Pode ser. — O casal arfa em alívio.

— Esperarei vocês na cozinha! — Deixa um selinho no marido e um cheiro na bochecha de Hae antes de sair.

— Chuveiro ou banheira? — Jungkook indaga, adentrando o banheiro e sentando o filho na bancada da pia.

— Posso na banheira? — Sonolento, aponta o objeto citado.

— Claro, minha vida. Um banho bem quentinho para relaxar! — Liga a torneira da banheira. Despe Sun e cobre seu corpinho febril com a toalha. — Enquanto enche, vou separar sua roupa. O que quer usar? — Joga espuma de banho na água.

— Aquele pijama de porquinho! — Coça as orelhas inflamadas. Jeon logo nota e intervém. Limpa as pequenas patas ensaguentadas com lenços.

— Tudo bem. Não mexa nas orelhinhas! — Beija a testa quente e se dirige ao quarto. Separa o pijama desejado pelo filho e um par de meias rosas, para combinar. Ouve o menino lhe chamar. — Estou indo, meu amor! — Retorna à suíte, desligando a torneira. Devagar, submerge o corpo de Sun na água morna. O garoto ronrona, se derretendo nas mãos do pai. — A água está boa, bebê?

— Ótima… — Meio lesado, sorri. Jungkook o banha lentamente, sempre tomando cuidado com as orelhas felpudas que estão feridas. O deixa lavando as intimidades, enquanto procura o creme hidratante para a irritação na pele.

— Filho, tenho que passar o creme depois, certo? — Lê o rótulo do pote, fechando o armário sob a pia.

— Tá bom, pai. Está esfriando. — Resmunga, retendo-se em si próprio. Jeon o pega pelas axilas e põe de pé no tapete. O enrola na toalha, pegando-lhe no colo em seguida.

Hae-Sung é seco e vestido devidamente depois de uma sessão de massagem com o creme de cheiro agradável. Grudado no pai que nem um besourinho, é levado à cozinha nos braços.

[…]

Em seu quarto, Hae assiste a um filme. É a única coisa que pode fazer sem sentir um grande incômodo. Seus pais estão pela casa. Porém, ocasionalmente, dão uma passada no quarto para ver como está.

— Ei, Sun. Você tem visita! — Jimin, sorrindo, o informa, dando espaço para Tayler e Daiki entrarem.

— Dindos! — Exclama contente, abrindo os braços. Os rapazes sentam na cama e o aconchegam em um caloroso abraçar.

— Como nosso bebê se sente? — Daiki é quem pergunta, beijando os cabelos do afilhado.

— Mal, Susu está mal. — Manha o tom, crescendo um biquinho choroso.

— Que maldade! — Tayler comenta, acariciando o rosto avermelhado pela febre. O casal deita com o menino, um em cada lado. — O que está assistindo?

— Eu nem sei mais. Só coloquei um filme aleatório. — Boceja.

— Que tal dar um cochilo? Seus pais nos contaram o que anda passando! — O japonês lhe faz cafuné, induzindo ele a fechar os olhos.

— Mas e vocês? — Mais um bocejo

— Iremos jantar aqui. Então, quando acordar, estaremos lhe esperando! — Tayler pousa a palma na barriga do gatinho, alisando o local. Lentamente, os pequenos lumes se acalmam. Hae se entrega a um profundo sono, sentindo-se tranquilo.

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Domando a Ferinha (2ª Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora