Capítulo 3 | Preocupações indesejadas

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"Ele não tava chorando mas tentando conter as lágrimas."

"Ele não queria chorar."

"Como se tivesse medo que alguém visse que ele tinha vulnerabilidades."

"Eu me apercebi que o Scorpio não era tão intocável como eu pensava."

Acordo assustada com suor me escorrendo na testa, respiração acelerada e com uma dor de cabeça tão forte a ponto de minha cabeça parecer explodir a qualquer momento. Passo minha mão levemente na minha testa — eu não tinha febre — mas por alguma razão, eu estava suando frio e com meu corpo tremendo. Eu nunca tinha acordado daquela maneira e também não sabia como eu tinha chegado naquele ponto, mas eu desconfiava do motivo... esse motivo era a última coisa que eu esperaria que tirasse meu sonho e minha paz, mas pelo visto, minhas emoções foram mais fortes.
É incrível como, muitas vezes, pequenos acontecimentos ou situações na nossa vida que não esperávamos que acontecessem, nos abalem tanto; e no meu caso, a imagem de um certo alguém contendo as lágrimas me assombrou durante a noite e parecia me querer assombrar nos próximos tempos. Podem pensar que é bobeira e algo ridículo ter deixado algo e alguém que eu achava tão insignificante mexer tanto comigo e com meus sentimentos, mas o problema é que mexeu — e mexeu como jamais imaginei.

Me levanto tentando não cair, devido às tonturas e tremores; visto a primeira coisa que me aparece e vou andando até a carruagem; provavelmente, hoje seria o único dia que eu não viria correndo ou chateada com a Olívia por ela me ter acordado mas se soubesse que a falta dessas pequenas coisas seriam substituídas por a situação em que me encontrava, preferia mil Olívias me acordando.  Quando entro na carruagem, o motorista me lança um olhar curioso mas com um pingo de preocupação, e entendo o possível motivo da preocupação. Eu devia estar num estado digno de pena, com dor de cabeça e tremores, um estado deplorável pra uma princesa que deveria ser graciosa mas, como eu sempre digo, eu não era uma princesa comum.

- Está tudo bem, princesa? — perguntou o motorista.

- Sim. — não precisava de mais explicações — obrigad-

- Bom dia a todo mundo que sentiu saudades minhas. — Olívia vinha com sua habitual alegria e arrogância mas quando colocou seus olhos nos meus, esses sentimentos rapidamente esmoreceram. — Você aqui? Já?

- Sim Olívia, hoje acordei mais cedo — não sabia se poderia chamar ao que tinha acontecido: acordar — Nem sempre pode ser você.

- Algo estranho se passa, não existe pontualidade na sua vida — como sempre, muito amável — tá tudo bem?

- Sim, está — e o silêncio tomou conta de mim.

Olívia me olhou com desconfiança mas não questionou mais nada, era algo positivo nela, não insistir em um assunto quando a outra pessoa não queria falar. E não sei como, mas minha irmã parecia sentir quando eu estava estranha ou mal com alguma coisa e hoje era uma prova disso. Era óbvio que não contaria a ninguém o que eu tinha presenciado e visto, nem a Lila, pois isso colocaria muita coisa em risco — o meu esconderijo e a reputação do Scorpio — algo que sinceramente não me importava mas preferia não relatar a ninguém sobre o ocorrido.
Continuamos a viagem e quando estávamos chegando na escola da Olívia antes de ela descer, olhou por cima do ombro e olhando pra mim disse:

- Você está estranha.

E simplesmente fechou a porta da carruagem e foi embora. Eu não entendia esses comportamentos repentinos da minha irmã — seria preocupação ou apenas interesse? — eu não sabia e naquele momento, preferi não saber nem pensar naquilo.
Desci da carruagem e fui até Lila que já tava me esperando. Minha melhor amiga abriu os seus braços e me deu aquele abraço que quase me partiam os ossos mas reconfortantes, acontece que eu não retribui com a energia de sempre e por isso, mais uma vez naquela manhã, as perguntas surgiram.

I Hate You - Amora & Scorpio Onde histórias criam vida. Descubra agora