" Eu estava ficando na garagem da casa dos pai da Luísa, mas com a condição que ninguém me descobriria. Porque se os pais dela descobrissem, eles ligariam para o conselho e meu irmão e eu voltaríamos para o orfanato.
Passávamos o dia fora, tentando fazer nosso dinheiro render, de madrugada voltávamos com uma trouxinha e armávamos a nossa cama. Antes de amanhecer a gente pegava as nossas coisas, sem deixar vestígios e começava tudo de novo.
Não estávamos indo pra escola, mas eu queria que meu irmão continuasse os estudos. Então eu fiz aquilo que eu tive que fazer, e entreguei meu irmão para eles. Segui o carro de polícia que o levava, até o mesmo orfanato de antes.
Ele ficaria melhor lá do que comigo nas ruas, mas eu prometi a mim mesma que quando eu fizesse dezoito anos e conseguisse arranjar um lugar legal pra gente morar, eu o tiraria de lá pra viver comigo, como sua responsável.
Um dia eu fui ver ele na saída do colégio e o vi todo engomadinho com o uniforme, mas ele parecia triste. Parei atrás de uma árvore, esperei ele passar por mim pra chamar por ele. Assim que me viu, veio na minha direção muito bravo e começou a me bater.
- Você me enganou! Disse que cuidaria de mim! - Ele disse descontrolado.
- É exatamente isso que eu estou fazendo Gustavo! - Eu segurei os seus braços e o abracei forte pra não trazer atenção - Você não estava seguro comigo, eu tinha que fazer.
- Eu não quero mais saber de você. Você morreu pra mim. - Ele chorava contra o meu peito e eu comecei a me sentir mal pelo que fazia. Escorreguei na árvore, ficando sentada no chão, com ele no meu colo.
- Eu nunca vou te abandonar. Venho te ver todo dia depois da escola. Eu prometo.
- Não promete mais. - Ele dizia fungando e agarrado em mim.
- Me desculpa, você não iria se eu te pedisse. Eu te amo Gustavo, você é minha única família, só quero o melhor pra você.
- Você vai vir amanhã? - Ele disse olhando pra mim.
- Todos os dias depois das aulas, atrás da escola, mas não podemos demorar, se não o ônibus vai embora sem você.
- Eu tenho que ir, eles devem estar procurando por mim. - Ajudei ele a se levantar e o abracei apertado antes de me despedir dele.
Essa promessa eu cumpri e fui ver ele todos os dias depois da escola.
Certo dia eu estava no estacionamento de uma liquor store, com uns caras de uma gangue de outro bairro. Eles me chamaram uma vez pra queimar um, eu aceitei e me enturmei com eles. Ficamos amigos e eu saio com eles de vez em quando. Estávamos conversando e rindo de uma palhaçada que um deles fazia, quando eu vejo atravessar na rua um garoto magrela de cabeça raspada.
Ele me chama a atenção e um dos caras que estavam comigo da um empurrãozinho no meu ombro me tirando do devaneio.
- Você conhece chica? - Um dos caras ao meu lado me pergunta.
- Não, só tive essa impressão... - Paro de falar quando ele olha pra mim, arregala os olhos e da meia volta correndo pela calçada.
Uma coisa dentro de mim fica em alerta e eu me levanto num pulo. Saio correndo atrás dele, com os caras da gangue gritando algo atrás de mim. Eu consigo ver ele na minha frente e acelero na corrida. O cara fica olhando pra trás e esbarrando nas pessoas. Tropeça na muamba de um vendedor de rua. Com isso consigo alguns metros de vantagem, mas ele se levanta e continua correndo.
Ele chega numa avenida e vira na esquina de um prédio. Eu desvio de um esqueitista na calçada e me aproximo da esquina. Quando eu passo o desgraçado estava me esperando escondido na parede e me derruba, lançando o braço na altura do meu peito. Eu caio de costas no chão à poucos passos de onde ele me acertou e vejo quando ele vem na minha direção.
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Firebird - Nascida das Cinzas - Malila
FanfictionAdaptação Após ter seus pais mortos num incêndio criminoso, Marília vai em busca da sua sobrevivência e a de seu irmão. Ao longo do caminho, a vingança cresce dentro dela e sem alternativa, ela segue os passos de seu pai, para poder estar no páre...