Capítulo 26

348 45 17
                                    

Um suspiro do mais velho chama a atenção dela e os olhares se cruzam com intensidade. Todos estranham a reação dele e seu filho se aproxima junto de Mioto para perto da mesa. O senhor tinha voltado a ler a carta e a cada palavra sua respiração fica presa em sua garganta e seus olhos ficavam cada vez mais marejados ao ponto da primeira lágrima escorrer no seu rosto.

Ele solta a carta e coloca uma mão em cima dos olhos.

- Papa, oque tem? - o filho dele vai para o seu lado e o segura. O homem abaixa a mão que ocultava a vista e vira a cabeça para Abicieli.

- Abicieli. - ele aponta com a mão na direção de Marília - tua sobrinha.

- Oquê?! - o tal Abicieli olha espantado para Marília.

- Filha da Ruth, minha neta... - ele se levanta e Marília assiste seus movimentos sem reação.

- Oque o senhor está dizendo? - ela pergunta olhando o homem se aproximar com os olhos marejados. Quando ele a alcança segura ela pelos ombros, indicando para que ela se levantasse.

- Eu procurei você e seu irmão por anos Marília, até perder as esperanças. Sou pai de Ruth, seu avô criança.

- Mas...

- Finalmente minha família está toda junta outra vez. - ele a pega de surpresa e a abraça.

- Como? minha mãe nunca me contou de vocês. - Ele se afasta sem soltar ela.

- Sua mãe negou as origens dela para proteger você e seus irmãos, mas manteve contato pelos anos. Espere, aonde está Gustavo?

- Ele está bem, em Nova York. Senhor, oque dizia a carta?

- Que B. Dung escondeu que tinha encontrado vocês.

- Como conhecia Dung?

- Eu o contratei para procurar vocês em Nova york, mas antes para outras coisas. Vamos deixar esses assuntos para depois. Oque importa agora é que você está aqui, em família.

- Papa... - o filho dele diz chamando a atenção de todos - mamãe precisa vê-la.

- É mesmo, ela vai ficar muito contente em te ver Marília. Venha, vou te levar para conhecer a sua avó.

Ele abraçou Marília de lado e levou ela para fora do escritório, pelos corredores, subiu uma escada e foram até uma suíte grande, maior do que a sala do apartamento dela em NY. O senhor chamou por uma mulher, que respondeu do lado de fora do quarto, lá da varanda. Todos caminham até lá e encontram uma senhora bem vestida com roupas leves, sentada a uma mesa, aonde escrevia com uma caneta em um pequeno caderno.

- Sim querido? - ela disse sem tirar os olhos do que fazia.

- Veja meu amor... - ela levantou a cabeça e estranhou a presença daquelas pessoas - essa é Marília, filha da nossa Ruth.

A mulher soltou a caneta perplexa e se levantou lentamente sem tirar os olhos da garota.

- Antony...

- Eu sei querida. - ela não esperou mais e se aproximou de Marília, levantando as mãos e tocando o rosto dela. Lágrimas começaram a surgir dos olhos cansados, mas ternos da senhora.

Ela envolve Marília com seus braços e inconscientemente a aperta para sentir que era real, que ela tinha sua neta que ela nunca conheceu em seus braços. Marília a abraçou de volta desarmada e se encolheu ao sentir o cheiro reconfortante da senhora e o carinho com que era abraçada. Fechou os olhos com força para evitar que sua emoção tomasse conta de si.

Firebird - Nascida das Cinzas - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora